quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Série "Moçambique – O meu Setembro de 1974"


Última Parte



Ao acordarmos, já no dia 11 de Setembro, o Dr. Arouca já conversava com o grupo, e parecia que todos estavam mais calmos. Ele veio ao nosso encontro e disse para a Mãe que podíamos ir ter com o motorista a Maxixe e partirmos para Lourenço Marques.


A esposa, antes de nos deixar nas barcas, foi nos mostrar algumas das próximas e belas praias da região.


Fizemos um lanche reforçado já em Maxixe, e partimos logo em seguida para a estrada. Trocamos informações com o nosso já mais amigo do que motorista. Lembro-me que a Mãe ficou um tanto admirada pelo mesmo conhecer, por nome, dizia ele, o advogado Dr. Arouca.

A viagem prosseguiu sem mais sobressaltos, até que ao entrarmos em LM, já ao Pôr do Sol, nos defrontamos com uma barreira do Exército português. Pediram-nos para sair, e em quanto um nos fazia perguntas, outros revistavam o VW... quando menos esperava, uma rajada de tiros vindo de uma metralhadora G3! Quando me vi, já estava dentro do carro, abaixado entre o encosto do motorista e do banco de trás. Ao espreitar entre os dois bancos para o vidro da frente do carro, percebi algumas penas voando, e ouvi a voz da minha Mãe a chamar a atenção do responsável por aquele grupo de militares, pela atitude irresponsável daquele soldado!

Em uma revoada de um grupo de pombos, um alferes, que devia estar a festejar alguma frustração, lembrou-se, como se tivesse aos “tiros aos pombos”, de matar o que são o símbolo da Paz!

6 comentários:

Anônimo disse...

Obrigado mano por me teres transportado para uma época tão marcante da nossa adolescência.

Tó Maria

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Foi mesmo uma boa viagem...a de hoje! rsrsrsr...

Abração.

ZP

Anônimo disse...

ZP, esta série que vim ler sempre que tive um tempo livre é das 'coisas' mais interessantes que já li.
Um beijo e obrigada,
IO

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Que bom que usaste o teu tempo para leres esse Setembro e que de alguma forma gostaste.
Beijo.
ZP

Anônimo disse...

é pq não passaste numa barreira da Frelimo !
se tivesses
decerto ficavas como a pomba ficou nessa foto !

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Anônimo,
Um dia conto aqui quando fomos visitados, e muito bem tratados, por um grupo de guerrilheiros da Frelimo em uma fazenda da família.
Não quero aqui dizer que não houveram crimes de guerra por partes destes contra cívis, como houveram, e muitos, e creio que em maior números, do exército português, também contra a populção cívil nativa / rural. Uma guerra de guerilha suja, imunda, como sempre, de ambos os lados.

Zé Paulo