quarta-feira, 30 de maio de 2007

Hugo Chavez, o novo caudilho... com uma velha receita na mão .


Um dos meus irmãos mora em Zurique, ou seja, a alguns milhares de quilómetros de mim físicamente, distância física esta dificil de ser administrada. É que tenho uma grande admiração por ele e o texto que aqui abaixo reproduzo, escrito por ele, é uma pequena demonstração do que me faz ter a tal admiração. Mas olhem que é mesmo uma pequena amostra. Ele é muito mais do que isso.

Obrigado por autorizares aqui deixar colocar a tua "crónica" dando um pouco mais de luz à Lanterna.

Zé Paulo


"Hugo Chavez, o novo caudilho... com uma velha receita na mão ."


Pena, porque acreditei que ele iria fazer uma verdadeira reforma sócio-política, baseado numa terceira via, mas acabou desapontando ao se deixar contagiar pela sede do poder e arrogância política.
A turma do clube dos inocentes e incautos sempre dirá que as revoluções tem que ser radicais, como se a História não comprovasse o contrário. Estatizar algumas empresas vitais para a Nação sim, um país inteiro não! Combater os excessos de violência e radicalismo sim, oprimir e negar a voz à oposição não!
Sem dúvida que o governo dele também está fazendo projetos voltados para a grande camada socialmente desfavorecida do país e há décadas esperando por melhor e justo tempo. Claro que isso também é muito menos divulgado pela média internacional do que os chutes e pontapés na democracia que ele tem dado. (Alfabetização, melhorando o serviço de saúde básico, bolsa de alimentação nas escolas...) E não só, ele até ofereceu gaz muito mais barato para o aquecimento da população pobre do Brooklin nos USA, assim como ofereceu mais dinheiro que uma empresa estrangeira havia oferecido para a compra de uma cooperativa na Argentina. ( Em troca a cooperativa continua cumprindo o seu estatuto de cooperativismo, negando a venda para privados e toda a sua produção anual será enviada para "el pueblo de Venezuela".) No entanto o que a minha amiga venezuelana, Angela, que regressou agora de uma temporada na Venezuela me contou me cheira a queijo que passou da validade. Algumas chefias das novas empresas, células de apoio nos bairros, líderes de projeto, etc, são dadas não de acordo com a capacidade profissional e instrução e sim pelo grau de fidelidade partidária. Os projetos culturais só recebem apoio do estado se forem dentro da linha governamental, e o que não for, é estampado ou denunciado de "reacionário". Os órgãos de segurança do estado assumem cada vez mais poder, e com eles uma brutalidade legal que impede o cidadão de reclamar em qualquer lugar. Quase todos os dias existe alguma "manifestação" de apoio ao governo sem polícia dando cacetada, mas se a manifestação for de alguma forma crítica, aparece logo o exército para reprimir e encarcerar.Quando uma amiga venezuelana me contou agora o que viu por lá nos três meses que lá passou - sendo ela quem é, uma agente social por profissão, engajada até na Suíça - percebi que já havia visto isso em outros cantos e tempos da nossa História.
Confesso que não gostei, e decepcionados começamos a nos perguntar porque será que a América do Sul, entra década, sai década, não se liberta do velho "vira o disco e toca o mesmo"? E uma elite política, seja qual for a sua tendência política tenta comprovar de forma ilegal que os sul americanos "só aprendem e vão em frente" se estiverem sob o jugo de uma mão de ferro. ("O Chile economicamente deu um pulo com Pinochet...", "A Educação em Cuba...." ) Enquanto que todos sabem que o problema maior a se combater na América do Sul, e em outros continentes em desenvolvimento, é a corrupção e a impunidade geral, que não vão terminar com a criação de um estado autoritário.
Hugo Chávez hoje é só mais um caudilho disfarçado de "socialista" e " pai dos pobres". Infelizmente essa laia de políticos populistas - que também poderíamos chamar de toupeiras, por levarem "en nombre del pueblo", "Deus" e outros pseudo princípios as instituições democráticas para o buraco - tem tido a tendência em aumentar no mundo político atual. Na América do Sul disfarçam-se sob o manto de um pseudo-esquerdismo, e na Europa pela direita pseudo-social, no médio Oriente como portadores da voz Divina. No entanto, quem não é inocente e já viveu as injustiças e corrupções que surgem com as ditaduras, onde a Liberdade para denunciar os abusos se enterra na masmorras. Sabe que no fundo a diferença entre esses ditadores e outros famosos e assumidos como Fidel e Pinochet, é a mesma diferença que existe entre um PC e um Mac. (*) Dois sistemas de processamento diferentes e em estágios de evolução destintos mas que alcançam o mesmo objetivo. Neste caso... a ditadura populista e o poder eterno, cujo o preço será dizimar a Liberdade de pensamento e expressão para reinar. "Afaste de mim esse cálice..." , prefiro a sede com liberdade, do que empanturrado e amordaçado, tangido nos mais elementares dos nossos direitos humanos.

Antonio Maria G.Lemos

(*) "...é a mesma diferença que existe entre um PC e um Mac." É uma expressão que li uma vez num artigo e tomei a liberdade de usar, em que o seu autor, (que infelizmente não sei mais o nome), fez um paralelo idêntico entre os radicais muçulmanos e judeus, que bloqueiam um caminho baseado em compromisso mútuo, por não lhes interessar a paz no médio oriente.

domingo, 27 de maio de 2007

Paisagem




Há certas coisas que não se consegue explicar, mas quando decidi, com a concordância do meu parceiro de estrada, parar o carro no acostamento na viagem de retorno a Curitiba, ainda na região do Sudoeste do Paraná para fotografar esta paisagem, voltei ao meu passado que foi muito longe daqui e baixou uma vontade muito forte de ouvir a Janis Joplin, uma das minhas musas dos blues de todos os tempos. Em homenagem a esta paisagem e a ela, a Música da Semana será "delas".

sexta-feira, 25 de maio de 2007

O inverno chegou


Em um país classificado como tropical, mas também continental, poucos se lembram que também faz frio no Brasil. Estou por uns dias no sudoeste do estado do Paraná, ao sul do país, e ontem passei na frente deste "relvado" onde a imagem era uma. Hoje, branco gelo, da geada que queimava a relva que ontem era verde. O inverno chegou por este lado.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Qual é a minha nacionalidade?


Nunca havia participado, nem mesmo acompanhado, de um grupo denominado Moçambiqueonline, mas recentemente um amigo me havia indicado devido a alguns temas interessantes que por lá apareciam. Nas últimas semanas, por questões até mais pessoais, decidi ficar mais de leitor do que participante direto.
Ontem, acabei por escrever umas linhas para o site, que pelo o que percebi e infelizmente tenho que concordar, é aquele um espaço “moderado”, ou seja, existe ali um moderador que se reserva no direito de ali colocar o que acha interessante ou não, dentro dos seus critérios de avaliação. Pelo o que deu para perceber, não foi considerado o tema que coloquei como interessante para o debate, mas ainda assim não acho tão desprezivel e por isso aqui coloco.
Abordava a seguinte questão, não exactamente nas mesmas palavras pois não gravei o texto ao escrever diretamente naquela página, sem planejar e nem mesmo passar por uma correcção ortográfica :

Qual é a minha nacionalidade?

Nasci em 1960 na então Lourenço Marques, atual Maputo, vivi alguns anos na Beira e os dois últimos em Vila Pery (Chimoio). Os meus pais eram a favor da independência de Moçambique, mas quando do 7 de Setembro de 1974, não falo do Acordo de Lusaka e sim da tentativa de um grupo de “reacionários”, ao tomarem a Rádio Clube de LM, de desestruturar os objetivos do tal acordo, criaram uma convulsão social, com conseqüências ainda mais graves em Outubro daquele mesmo ano, que a minha Mãe (infelizmente o meu Pai já era falecido no 25 de Abril e no 25 de Junho) decidiu naquele momento que deveríamos sair de Moçambique e vir para o Brasil. Acreditava ela que agora, definitivamente, o Samora Machel e o seu “novo” partido político não fugiriam de uma instalação de uma nova e pesada ditadura, agora de esquerda, embora estivéssemos saindo ainda de uma ditadura, mesmo que de direita. Já ela previa (ou sabia?) que ditaduras são ditaduras, nem mais ou menos más, e eu, na cauda da sua decisão, nos meus 14 para 15 anos de idade, saí da terra que me viu nascer. Nunca fui a Portugal, nem mesmo como turista a vida ainda me deu essa oportunidade. Pergunto então, ou deixo para “debate” ou se debaterem, a seguinte questão, sem levar em consideração bilhetes de identidade ou legalidades subjetivas; Era eu um colonialista? Que nacionalidade devo eu ser ou acreditar ser, ou mesmo deixar o coração achar que sou? Simplesmente nasci na hora errada no lugar certo? E agora? Terráqueo fico, aos olhos dos moçambicanos devidamente identificados por um bilhete de identidade?!

domingo, 20 de maio de 2007

Timor: Paz e mais algo!

O Prémio Nobel da Paz (1996) Ramos-Horta assumiu hoje a presidência de Timor Leste. Que ele consiga unir aquele pequeno território para que atinjam a Paz que aquele povo há tanto tempo merece. Só com ela poderão dar outros passos para o crescimento sócio-econômico.
Mas que nunca se esqueça da essência da sua luta que o fez merecer um Prémio Nobel.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Precoce? Até quando?



Se não alimentarmos a infância dos nossos filhos, não necessáriamente com grandes fantasias, esta anedota em pouco tempo deixará de ser anedota, não só na questão da sexualidade.

De qualquer forma como anedota, achei piada quando a minha filha me contou e é como tal que aqui a coloco.
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O pai pergunta para o Joãozinho:

- Joãozinho, voce sabe como se faz um bebezinho?
- Pai, não! Não fala, não quero saber, não diga nada que não quero ouvir!... Diz o Joãozinho com tom angustiado e de choro, o que deixa o pai preocupado e que logo pergunta;
- O que houve, meu filho? Porque voce está assim? O que está te preocupando?
- É o seguinte, pai: é que aos sete anos de idade, fiquei sabendo que não havia Coelhinho da Páscoa, aos oito fiquei sabendo que não havia a Fada Madrinha, aos nove voce me contou que o Pai Natal (Papai Noel) era mentira. Agora só falta que aos meus dez anos de idade voce me diga que sexo não existe! Se for assim, a vida não faz mais sentido para mim.


Tenho uma amiga que me tem na lista de pessoas do que vai enviando do que de melhor vai encontrando na internet, seja no site Youtube ou em outros, que de alguma forma o material se mostre qualitativamente acima da média, seja nas artes, no humor cotidiano, e até no cotidiano "menos" atraente.

Desta vez, a minha amiga Isabel Salbany enviou algo que não segurei-me em dividir com os que por aqui passam. É que as imagens além de visualmente bonitas, de um casal de dançarinos em plena sintonia, são de um estalo de luva branca para muitos de nós que nos acomodamos a um sofá com o pé dentro de uma bacia com água quente por causa de uma ex-unha encravada.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Ditados populares...popularizados... (Série 1 - Brasil)




  • Pau que nasce torto…mija fora da privada.

  • Macaco que muito pula… tem problema psicológico, pensa que é um cangurú.

  • Quando um não quer… o outro insiste!

  • Alface não pensa, logo não existe.


domingo, 13 de maio de 2007

Bento XVI no Brasil



Imagem: estadao.com.br

Bento XVI terminou as suas atividades públicas na sua viagem ao Brasil na missa de abertura da 5ª. Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e do Caribe em um evento onde se esperavam 500 mil pessoas no estacionamento da Basílica do Santuário de Nossa Senhora de Aparecida (a 167 km da cidade de São Paulo), e onde acabaram por comparecer cerca de 150 mil pessoas.
Como não poderia ser diferente, tirando a frustração de visitantes a Aparecida, a vinda do Papa Bento XVI movimentou milhares de católicos brasileiros por onde o mesmo passou, junto aos vindos de outras regiões do país e estrangeros de países sul-americanos, e outros tantos ligados às telas de televisões. Muitos até passaram a ter uma maior simpatia pelo então visto como carrancudo Ratzinger. Bento XVI mostrou-se sempre afável, com discursos acolhedores, no papel de um verdadeiro Santo Papa, embora ao meu ver com alguns gestos robotizados e desencontrados com as palavras de momento.
Forte o seu discurso, foi quando pediu correção dos empresários em um dos primeiros eventos no Brasil, e quando também disse: "A ambição desmedida de riqueza e de poder leva à corrupção pessoal e alheia; não existem motivos para fazer prevalecer as próprias aspirações humanas, sejam elas econômicas ou políticas, com a fraude e o engano." Forte é o seu discurso quando pede para que a Igreja se mantenha mais na evangelização da Fé e longe de ideologias políticas e econômicas, mostrando o lado do cardeal Ratzinger que tanto combateu os sacerdotes ligados à Teologia da Libertação.
Se hoje, com gestos mais ou menos robotizados, simpatizo mais com o papa Bento XVI do que com o cardeal Ratzinger, a minha Igreja Católica continua me mostrando algumas incoerências que não são fortes o suficiente para deixarem de me fazer Crer em Deus e Jesus Crucificado.

sábado, 12 de maio de 2007

Lamento

Lamento, Mãe,
Que eu não seja tão forte
Para que calado fique
Ao entender haver injustiças!
Lamento, Mãe,
Que na minha fraqueza
Por não compartilhá-las
"Estruturas" possam estremecer!
Lamento, Mãe,
Por ter entendido
Os valores morais
Que me deixaste!
Lamento, Mãe,
A falta do teu colo!
Lamento, Mãe...




  • O Dia das Mães é festejado no Brasil no segundo Domingo de Maio, este ano, amanhã.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Terrorismo na blogosfera e não só...

Pioneiros da Net propõem código de conduta para blogues
Inês David Bastos
Arquivo DN-Paulo Spranger (imagem)


Deve a blogosfera auto-regulamentar-se? O americano Jimmy Wales, co-fundador da Wikipédia, e o irlandês Tim O'Reilly, criador da frase Web 2.0, defendem que sim. Os dois gurus da Net acabam de lançar uma proposta de criação de um código de conduta para blogues, composto por sete regras, que está a suscitar uma acesa discussão nos EUA. O objectivo, diz O´Reilly no seu site radar.oreilly.com, é tentar levar para a blogosfera o conceito de "civismo imposto" e pôr termo às "ofensas e comentários abusivos".Os especialistas começam por aconselhar que os blogues tenham uma legenda deste tipo: "Isto é um fórum aberto, não sujeito a censura, mas se a discussão chegar ao ponto de insultos, os comentários são apagados". Esta é, aliás, uma das sete regras propostas. não aceitar comentários abusivos, como sejam ameaças, difamações, violações dos direitos de autor, da privacidade ou de confidencialidade. O'Reilly e Wales propõem ainda que os donos de blogues não permitam comentários anónimos, ignorem ataques, só denunciem ou censurem pessoas depois de falarem com elas e que nunca escrevam o que não seriam capazes de dizer pessoalmente. "Não há qualquer razão para tolerarmos conversas na blogosfera que não tolerávamos na nossa sala de jantar", defende O´Reilly. Criar regras "é espartilhar"A tentativa de criar regras para a blogosfera não é nova. E acaba sempre por esbarrar nos que se opõem à auto-regulação deste tipo de páginas. "A blogosfera pressupõe área de liberdade plena, é essa a sua atracção, criar códigos de conduta é espartilhar", reagiu ao DN Carlos Abreu Amorim, do blogue Blasfémias. António Granado, do Ponto Media, concorda. "Cada blogue deve ter a sua própria maneira de se relacionar com o leitor. A credibilidade constrói-se ao longo do tempo. Para mim, não faz sentido banir comentários anónimos, por exemplo".

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No caso do Lanterna Acesa, por questões preventivas, adotei o critério de "Comentários Moderados" levando não só em conta a crónica acima, mas principalmente para fechar a porta a duas pessoas não bem vindas a este espaço, nem mesmo com os melhores e mais bem (aparentes) educados comentários. Estas duas pessoas a quem me refiro, a qual não precisarei "soletrar" os nomes, sabem bem a quem me refiro e poderão fazer sim os comentários no seu site. E claro, também sabem porque não são bem vindas. Afinal é só lerem a crónica acima.

Outras pessoas não tenham alguma sensação de restrições ou preocupações em comentar, estando ou não em sintonia ao que aqui se vai dizendo. E peço desculpas pela etapa da "Moderação dos Comentários", mas há quem nos obrigue ao uso de tal ferramentas.

Em 12/05/07, no site do Estadão, saíu a crónica "Código de civilidade: estadão.com.br adota normas em blogs" devido ao mesmo tema abordado acima. Infelizmente só ali é abordada a questão que afeta o seu ambiente, dos blogues hospedados no seu site, mas já não é mau. Mas há que olhar para os grupos que deveriam ser criados para a boa convivência entre as pessoas, mesmo que conscientes, todos, que as diferenças estarão sempre presentes, e que a elas deveriam estar atreladas o respeito e a honestidade.

domingo, 6 de maio de 2007

Mengo!

O Flamengo acaba de conquistar o título Carioca de 2007 em cima do rival Botafogo. Esportivamente, como torcedor, a primeira conquista do ano!
Dá-lhe Mengoooooooo!!!

A decisão ficou nos pénaltis. Ainda bem que faz parte do time uma peça que se chama de goleiro, e que a competência em defender dois deles estava no nosso Bruno.


Primeiro tempo - Fla 0 X 0 Fogo

Segundo tempo

  • 07 minutos - Fla 1 X 0 Fogo
  • 12 minutos - Fla 1 X 1 Fogo
  • 15 minutos - Fla 1 X 2 Fogo (não há mais unhas)
  • 29 minutos - Fla 2 X 2 Fogo

Pénaltis - Fla 4 X 2 Fogo (sem problema, as unhas cresecem de novo)

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Liberdade de Imprensa



3 de Maio é dedicado à Liberdade de Imprensa. Lembrei-me de também aqui homenagear a Imprensa, uma das maiores ferramentas das democracias do mundo, nas suas manutenções ou na luta pela busca das mesmas, neste caso em especial a luso-moçambicana transcrevendo duas crónicas das décadas de 50 e 60 do jornalista Gouvêa Lemos (1924-1972).
Não custa relembrar os mais desmemorizados a censura da ditadura "salazarista / caetanista" em que se vivia neste período. Isto justifica, inclusive, edições particulares por conta e risco do(s) jornalista(s) que tinham uma coluna vertebral que não se envergava.


OS BEATIFICOS CRETINOS
[In: Notícias da Tarde, Lourenço Marques, ano VI, nº. 1:694, 13 de Dezembro de 1957, p. 1 e 5]

Passei dois anos fora e verifico hoje, contristado, que não melhoramos nada. Continuam a medrar os miseráveis sujeitos, que não se aguentando em terreno livre, por estupidez, por ignorância ou por inaptidão, se escondem entre o capim e, rastejantes, nos mordem as canelas, com o veneno de certas acusações.
Já de pequeno me vem este asco por tais espécies de subfauna, que sempre nos rodeiam e espiam. Embirrava, profundamente, na escola, com os maricas, useiros e vezeiros na queixinha à senhora professora...
E afinal quando nos corrigiremos - melhor quando se corrigirão esses crápulas do vício de ver inimigos em todos quantos não entendem bem ou porque têm idéias e cultura ou mais desassombro, mais valentia moral ou ainda - simplesmente - são menos servis, menos sabujos, menos oportunistas, menos cínicos, menos inferiores na escala dos valores humanos?
Continuamos na mesma tristíssima situação, que permite às lagartas comerem à mesa do banquete e chegamos até ao ponto de um infeliz despeitado qualquer distilar o pus dos seus despeitos infectados, guardando um covarde anonimato, característico de tais exemplares, para se vingar de colegas de Imprensa - ou ex-colegas - indo acusá-lo nas colunas de um semanário da Metrópole, conhecido pela sua coragem e galhardia. Neste ponto devemos lamentar que um vulto da envergadura do Prof. Jacinto Ferreira, que tanto admiro, tenha consentido no desaire, que põe em cheque o seu Debate, já que a garrafada saiu sem nome do mésinheiro responsável. Devo declarar que não me enraivece nada não saber quem é o indivíduo. O que posso garantir, sem medo de errar, é que o fulano deve estar bem - na vida prática. Deve singrar. Não tenho nada com a história, pessoalmente, mas entendo que todos os que escrevem em jornais temos obrigações de solidariedade, uns com os outros - e o dever de colaborarmos na manutenção da higiene moral e social do meio em que vivemos


O MELO DO "NOTÍCIAS"
-- COMO SÓI DIZER-SE
Nas suas "Folhas Perversas" do último Domingo, Guilherme Judas de Melo, o Melo do "Notícias", como sói dizer-se - como sói dizer o Melo - atendeu a encomenda de se meter com o ‘Notícias da Beira’. Forçado ele foi, com certeza, pois não contando a coragem nem o desassombro entre os seus trunfos e sabendo ele bem o vespeiro em que bulia, só por um sombrio pavor que alguns lhe conhecem faria o que fez. Foi pegar de mau jeito numa página de Poesia organizada por uma colaboradora deste jornal em homenagem a Fernando Pessoa e numa discutível impropriedade das ilustrações escolhidas para os poemas farejou traições ao Poeta e traições à Pátria, pretendendo, em vão, mais do que colocar a senhora em situação crítica, atingir os ‘dirigentes e responsáveis" deste jornal, "que por ele responderão’, como não se esquece de ameaçar.
Antes de mais, o que torna especialmente descarada esta atitude é o facto de vir falar das responsabilidades que terão os dirigentes doutro jornal, quem, precisamente nunca foi capaz de as assumir no seu. Conhecido pelos seus antigos ou actuais colegas e subordinados por uma proverbial incapacidade para chefiar, dirigir e orientar, chefe de Redacção desrespeitado ou secretário-geral irrespeitável, atreve-se o Melo - eu conheci-o - a oferecer autoridade e a exportar disciplina...
‘Notícias da Beira’, cuja posição perante os problemas fundamentais da actualidade portuguesa e da realidade ultramarina é bem conhecida e resulta claramente duma firme orientação superior - que até a mim transcende, quanto mais a ele - não requer nem consente observações dum invertebrado escriba fugidio como o Guilherme de Melo. Primeiro, o sujeito descobre um soldado, possivelmente desertor, num estafado campista, descontraído, estendido na plataforma rochosa duma qualquer montanha, visivelmente gozando o ‘prazer de não cumprir um dever’.
Depois, avulta a ligeireza com que se apossa, em sôfrego exclusivo, do espírito de Fernando Pessoa, que manipula por receita, metendo entre balas ‘a sua mensagem única e bem clara’, para nos afirmar que o ‘menino de sua mãe’ nunca poderia ser um ‘negro, asqueroso, imagem perfeita do bandoleiro a monte, arrancado aos pântanos de um Vietname". Aqui ficamos em dúvida sobre a ordem de razões em que o Melo se funda para considerar bandoleiro um negro, certamente americano, que se bate no Vietname.
Mas ele lá explicará isso a quem deve. Por outro lado, verificamos que tem da Pesia uma idéia tão ampla e da liberdade criadora do Poeta um conceito tão aberto, que, autor de versos e ganhador de prémios literários, assim lhe compreenderemos fácilmente a obra pífia de poetinha pseudo-lírico. Preocupado com os ‘poetastros que por aí pululem convencidos que ‘isto’ de se fazer poemas à Fernando Pessoa não custa nada’- e ele sabe o que custa -, o Melo tenta pôr-se de fora, quando, nisso mesmo que diz, poetastro ele é, poetastro se confirma. Ora, de que tenta, afinal, acusar-nos o Melo? De temos albergado em página deste jornal o ‘mais revoltante e indigno achincalhamento do que por este nosso Ultramar toda uma juventude generosa e magnifica tem vivido, desde há sete anos feitos, em sacrifício e holocausto", achicalhamento que seria constituído pelas tais ilustrações que ele reprova e a nossa colaboradora escolheu para 2 poemas de Pessoa. Uma delas, então, ele acha especialmente revoltante, porque se trata dum homem de cor, a figurar o ‘menino de sua mãe’. E diz que ‘aquela coisa ali arremessada como um escarro para aquela página’ não pode servir, sequer, para ‘englobar na mensagem belíssima e humaníssima que o poeta contém os nossos irmãos negros’. Porquê, não explica. E talvez não possa faze-lo, porque ninguém lhe garante que tenha sido negro aquele corpo queimado pelo fogo da guerra, que ‘jaz morto e apodrece’, e, de certo, tinha mãe. Mas faz-nos pensar em que o Guilherme de Melo de ‘As Raízes do Ódio", se não anda a preparar-se para alguma sessão pública de auto-crítica, ocupa-se com fervor em construir a sua retratação. Sobre as raízes do ódio, no seu romance, dizia o João Tembe (que não poderia ser o filho da sua mãe da ilustração revoltante) : ‘Mas também não posso esquecer que essas raízes, foram a violência e a injustiça, foram a destruição e a morte que as plantaram. Elas não germinaram espontâneamente no coração de cada um de nós. Alguém nos atirou a semente do ódio para o coração, alguém fez germinar essas raízes. Ah! Não senhor doutor, elas não germinaram espontâneamente nos nossos corações. Como impedir agora que a planta se desenvolva livremente e que a árvore frutifique? Como? Como senhor doutor?’ e respondia-lhe o doutor Santana (esse podia ilustrar o poema, que era alvo e louro) : ‘Compreendo-te, João Tembe,. Compreendo tudo o que sentes, tudo o que pretendes demonstrar. Sei tudo isso. Ao mesmo tempo que sinto que uma nova África começa a surgir. E nós estamos em África. (...) E é por essa África nova que todos nós - eu tanto como tu ou o António Manuel, repito-o - precisamos de lutar. Mas lutar com amor e confiança entre os três. Só assim valerá a pena Deus nos ter dado esta maravilha rara de vivermos a nossa existência precisamente na altura em que a Humanidade assiste a essa aut6entica viragem histórica: a surgir dessa nova África!’
Pois disto escrevia o Melo entre 1960 e 1962, já depois de terem começado a contar-se os tais sete anos feitos, e publicava há uns 3 anitos, quando começou a ir conviver com os soldados ao Norte, como diz, onde combatem, como confessa, o ‘João Bazenga ou Fabião Souquiço’, ao lado dos ‘Zés Marias e dos Augustos e dos Antónios’. Quando seria, pois, sincero, o Guilherme de Melo? Então, cantando as rubras manhãs duma África nova? Ou agora, arrancando, a pedido, um ‘apartheid’ poético da ‘Mensagem’ de Pessoa? Eu digo-vos, porque estou certo disso, que ele não foi sincero então nem é sincero agora.
Então, ria-se a escarnecia de todos os conflitos que lhe deram tema ao romance; agora ele ri e escarnece da guerra no Norte. Sim,: agora, ele ri e escarnece dos dramas e das dores, dos sacrifícios e dos feitos que trata nas suas crónicas de campanha, com farto chorrilho de lugares-comuns e ‘hinos alevanttados ao jovem Soldado que morre pela Pátria nos planos longínquos’.
Fazendo dessa guerra a sua coutada jornalística, nela se escuda contra sustos profissionais e riscos de desemprego, ao mesmo tempo que colhe farto material para as suas graçolas e historietas de humor negro, exactamente criadas a partir do que mais respeito deve merecer a todos nós. Enquanto isso, no noticiário e até na escolha de fotografias de actividades militares, ele trata a guerra do Norte à luz dos seus problemas sentimentais. Não foi sincero nunca, por que havia de ser agora? Reagindo a esta acusação, que não temo fazer, porque não temo provar, ele há-de erguer a voz com tremidos hipócritas e dará soquinhos na mesa para afirmar que o ataco por ele defender os sagrados interesses da Nação, as heróicas Forças Armadas, a permanência de Portugal em África. Com que moral e de que ponto de vista o fará? Com base na sua prosa oficial domingueira ou nos chilreios sarcásticos com que, entre amigos, a contradiz?
Quase no fim das suas ‘Folhas’ de anteontem, o Guilherme tem um laivo daquele remorso que levou o Iscariotes à forca e escreve: E dir-me-ão, ainda, que é muito feio armar-se em denunciante e menino queixinhas’. Que tolice. Ninguém vai dizer que está a armar--se, pois toda a gente sabe que é. Denunciante, no pior sentido. Que se vinga, com intrigas odiendas e queixas sinistras, das suas frustrações. Que à falta de ascendente moral sobre os seus inferiores hierárquicos, os castiga com falsas denúncias. Fecha com chave de ouro, o Melo do ‘Notícias’, erguendo de súbitos seus ais sentidos ‘por pensar que, numa altura em que tanto bradamos pela necessidade, cada vez maior, de uma crescente liberdade para a Imprensa a troco de uma, naturalmente, também cada vez maior responsabilidade, demos assim tão triste conta de nós, com brincalhotices deste jaez que a ninguém aproveitam nem dignificam’. E já prevê, como quem pede: ‘E, depois - aqui dél-rei!...’
Aqui, está a ser coerente. Bem sabe ele que o seu próprio caso de jornalista é um fenômeno só possível em certas condições especiais. Ele sabe que não resistirá à água corrente da tal liberdade responsável. Ele sabe que é uma flor do pântano.
Por Gouvêa Lemos
Edição particular para oferta - 09/12/68

Fala Guebuza!

Foto: http://www.bbc.co.uk


"Meu Moçambique", que nos seus primeiros anos de independência teve como ministro do Interior um mau Guebuza, o intelecto dos campos de reeducação, hoje o atual Presidente de Moçambique, que aqui de longe não posso afirmar que ele vinha sendo tão mau na função atual, até que se mostrou extremamente inativo como cunhado no caso da explosão do Paiol Mahlazine, e que agora quer, ao que parece, reviver um dos lados mais negativos no processo pós-independência do grande Moçambique.
Falo da criação de grupos privados armados, com a capa de uma organização de sigla pomposa e longa, a «CNGVPM», Conselho Nacional dos Grupos de Vigilância Pública de Moçambique.
Os objetivos desta organização, ou associação, como estão chamando, seriam os de “apoiar actividades de prevenção e combate ao roubo, tráfego de drogas, armas de fogo e falsificação de documentos com envolvimento participativo dos cidadãos”. Terão estes homens, de uma organização cívil, o poder de prender cidadãos, e até de matar, já que terão o direito de uso de armas de fogo.
Não conheço suficientemente a legislação moçambicana para afirmar que isto não está dentro da lei, mas a lógica me diz que isto não pode estar dentro da lei. A lógica, ainda mais para um país que recém saíu de uma guerra cívil, me reforça ainda mais que o Guebuza não está nem mesmo bem para apoiar, incentivar tal associação, até mesmo de não vir logo a campo e acabar de vez com este surto.
Dizem os estatutos da tal associação que será criado um uniforme para a tal guarda, mas que também haverão os que trabalharão à paisana. Ai, ai, ai...Só falta criarem as figuras do “queixinhas” de novo, e criar-se novamente o clima de terror, do medo do vizinho que não gosta do teu filho e que pode criar um facto virtual para darem cabo da tua vida pessoal. Sabor de ranso! Sabor de coisa estragada!
Quero acreditar que o surto seja da mídia moçambicana, que está ouvindo coisas e escrevendo o que não deve, e por tabela eu tenha acabado por tomar um susto ao ler esta nova explosiva notícia, e que a democratização de Moçambique não corre qualquer tipo de risco por decisões incompetentes de um ex-mau-ministro do Interior.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

1 de Maio

Fonte: http://www.geocities.com

1 de Maio, em grande parte do Mundo se festeja o Dia do Trabalhador, pelos trabalhadores, e o Dia do Trabalho pelos empresários, sendo feriado na maior parte destes países.
Tudo bem que um não vive sem o outro, mas não devemos esquecer que esta data comemorativa foi criada a partir da iniciativa da Internacional Socialista (1889), em Paris, de adotar esta data para lutar pela diminuição da carga horária dos trabalhadores pelo mundo, devido a uma manifestação de trabalhadores em 1886 em Chicago, USA, quando estes lutavam pela diminuição da carga horária para oito horas / dia. Esta manifestação acabou por se transformar em outras manifestações nos dias seguintes, onde houve a interferência da polícia, acabando por haver mortes e feridos tanto do lado dos manifestantes como da própria polícia, o que ficou conhecido como Revolta de Haymarket.
Depois do 25 de Abril de 1974, em Portugal se festeja o Dia do Trabalhador também a 1 de Maio. Até então se festejava o Dia do Trabalho neste mesmo dia.
Em tempo, os Estados Unidos da América é um dos países que não se festeja o Dia do Trabalhador.