domingo, 12 de abril de 2009

Mudança de endereço

A Lanterna, embora não mais no ritmo de muito tempo atrás, voltou a ser Acesa, agora em novo endereço.

Visite-a aqui!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Gandhi



Não conheço a autoria do "clip", mas as vozes da argentina Mercedes Sosa e da brasileira Beth Carvalho nos passando a "alma" de Gandhi" me fizeram voltar momentaneamente a acender a Lanterna.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Paz através da música...

A música "Stand by me" interpretada / tocada por vários músicos de rua, ou desconhecidos de muitos de nós, de várias partes do planeta, em um projeto intitulado "Paz através da Música".
Fantástico, como divino é o projeto em que está inserido este clip que fará parte de um DVD a ser lançado neste ano de 2009.
Vale a pena visitar todos os cantinhos do site do projeto.

http://www.playingforchange.com/



sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Guantánamo

Fonte da foto: Água Lisa

A decisão de transferir de endereço os presos políticos / terroristas, ou suspeitos de actos terroristas, o qual colocam na mídia como o “fechamento de Guantánamo”, não me deixa em estado de euforia.
Já a decisão de Obama em proibir (e não era?) a tortura em interrogatórios de suspeitos de terrorismo e fazer com que a agência de inteligência siga as regras de interrogatório do manual do campo do Exército, seguindo as leis internacionais, essa sim é uma decisão que me deixa convencido de boas intenções de Barack Obama.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Obama, um agente de mudança ou o sonho da mudança?

Fonte: cnet news

Não me vejo dentro do grupo, definido pelos otimistas “obamistas”, como o dos decepcionados, dos negativistas, antes mesmo da posse do Obama. Mas também não me vejo, e nem vejo motivo para me ver, no grupo dos que querem ver as mudanças do mundo sobre os ombros de um homem.
Se entre o democrata Barack Obama e o republicano John McCain a minha preferência para assumir a presidência da maior potencia do Planeta foi sempre por Obama, nunca tive a expectativa que se coloca no mesmo de ser ele um Gandhi do Séc. XXI e nem mesmo uma nova liderança que venha a mudar, o quanto se necessita, os conflitos e as mentes mundiais. Vejo que ele terá mesmo dificuldades para mudar os problemas internos do seu país e no que o seu país está envolvido além fronteiras. No domingo retrasado, em entrevista à TV ABC, Obama já adiantou: "Quero ser realista aqui: não vamos poder fazer tudo o que falamos durante a campanha no ritmo que esperávamos" Mostra aqui na sua declaração, neste aspecto, que não foge a um político padrão, ao usar um expediente normal da grande maioria dos políticos em campanha. Promete-se para ganhar, e depois ajusta-se os compromissos assumidos.
A população mundial está tão ávida por mudanças, tão assustada com a era Bush, que chegam a colocar a responsabilidade do fim da mesma pela chegada de Obama, quando na verdade o Bush já estava enterrado, ao ponto do próprio candidato republicano não querer vincular a sua campanha ao então Presidente americano.
A grande mudança, nos Estados Unidos, aconteceu de facto quando se viu aquela sociedade votar em um mulato, que agora “orgulhosamente” querem racistamente definir o mesmo como negro. É tão negro como branco, e preconceituosamente tremem em dizer que o mesmo é mulato. Como tudo, nos Estados Unidos, há que ser “hollyoodiano”, e para dar mais impacto ao show, há que dizer que está assumindo a presidência um afro-americano e não um afro-europeu-americano (ficou feio este nome!), ou melhor e simplesmente, que assumiu um homem culto, inteligente, capaz.de governar um país complexo como os Estados Unidos. E os ávidos pelos sonhos pelo mundo sentam-se na platéia e aplaudem o show americano, mesmo que Obama fique mudo perante o que estamos assistindo em Gaza, com a desculpa que podia atrapalhar a diplomacia americana, mesmo que Obama não mostre nada substancial em relação a mudanças, que pretenda implementar, na política em relação ao que os americanos classificam do “Eixo do Mal”, onde o Estado de Israel é o bonzinho.
Não, não sou um pessimista. Acho mesmo que ganhou o melhor candidato, mas tenho a nítida sensação que não encontramos um ser de outro mundo, nem mesmo um mágico.
Já ficarei feliz que a eleição de um não “ariano” represente de facto um avanço na sociedade americana. Depois, vamos tentando comer pela beira do prato para não nos queimarmos.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Cesare Battisti

Fonte da imagem: Panorama.it

O Brasil tem um histórico de dar exílio a tudo que é perfil de político que tem que sair do seu país. A legislação deste país faz com que assim seja o comportamento jurídico, um tanto independente das lideranças políticas que estão em Brasília.

Foi assim com o anarco-sindicalista portugês Edgar Rodrigues, que para fugir do regime do Estado Novo português exilou-se no Brasil em 1951, quando este país era governado pelo então nacionalista Getúlio Vargas; aconteceu com Marcelo Caetano, ditador português após a Revolução de 25 de Abril de 1974, aqui exilado de 1974 a 1980 (ano da sua morte), quando ainda tínhamos por aqui um governo militar representado pelos então generais Ernesto Geisel e João Figueiredo, respectivamente; foi assim com o ditador paraguaio Alfredo Stroessner, exilado de 1989 a 2006 (ano da sua morte), quando aqui tínhamos, em 1989, um recente empossado regime democrático com o então presidente civil José Sarney, mas que até 2006 outros governos passaram por Brasília, como Collor e Fernando Henrique. Estes são só três exemplos entre outros tantos.

Hoje passamos pelo polemico caso do exílio dado pelo governo brasileiro ao ex-terrorista italiano Cesare Battisti, onde se quer caracterizar a decisão como sendo política.

Tirando a gafe do Tarso Genro, Ministro da Justiça, que teve a sabedoria de avisar antecipadamente o Embaixador italiano em Brasília da decisão do Ministério da Justiça brasileiro em dar a condição de exilado político ao Cesare Battisti, mas que não fez o mesmo com o seu colega Celso Amorim, Ministro das Relações Exteriores, esta configurado por todos os grandes juristas brasileiros, independente se mais à direita, ou se mais à esquerda, que a decisão está totalmente baseada na legislação nacional. Os questionamentos contra a decisão que vêm de fora, e os que se ouvem aqui dentro são em cima de ponderações que gostariam que se colocassem, ou políticas ou humanas.

E se um Ministro tomasse decisões políticas e subjetivas não passaria a estar acima das leis? Não passaríamos a ter um sentimento de estarmos a viver dentro de uma ditadura? Vamos agora culpar o PT do Lula e do Tarso por cumprirem a lei ?

Pergunto se a Itália teve a mesma reação diplomática, até um certo ponto compreensível, com a França quando em 1991 este seu parceiro europeu negou o pedido de extradição feito pela Itália deste ex-terrorista? E quando só em 2004 vem a ser preso em território francês, acaba por ser solto por pressão de intelectuais franceses, e acaba por fugir para o Brasil por perceber que o então presidente francês Jacques Chirac começa a entrar na onda de ceder ao pedido de extradição italiano?... Não soube de ameaças diplomáticas italianas contra a França, nem em 1991, nem em 2004, além de um descontentamento natural por não terem alinhado com uma decisão da Itália, e dizem que da grande maioria dos italianos.

Entendo a frustração que a Itália possa estar passando pela decisão que o Brasil tomou, mas os italianos devem muito respeito ao Brasil pela representatividade que este país tem quanto à História do seu país, ainda que o outro lado da moeda também seja verdadeiro, e precisam separar decisões políticas com questões jurídicas de cada país. No máximo que se pode questionar é a legislação, e a possibilidade de se fazer rever a mesma. Mas lembrar que, neste caso, isso é papel dos legisladores brasileiros, não querendo dizer que não se possa, ou se deva, ouvir o que os outros têm a dizer.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

“Deixem Deus e as Crianças em Paz!“

Por António Maria Gouveia Lemos


Depois das árduas negociações dos últimos anos, onde o pragmatismo, mais do que a vontade política de ambos os lados, Israel retirou-se da Faixa de Gaza. A colónia Netzarim (3 Km ao sul de Gaza) foi devolvida simbolicamente em Agosto de 2005 pelo governo israelense ao governo da Autoridade Palestina, ligada ao movimento Fatah. Desde então o Presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas tem continuado essa linha do pragmatismo para ir demovendo as pedras colocadas pelos radicais e ortodoxos israelenses, que teimam em sonhar com a Grande Israel.

Passo a passo, com muitas dificuldades foram se trocando terras e prisioneiros, e se notando alguns avanços em direcção à Paz.

Infelizmente, interferências religiosas do movimento armado do Hamas resolveram seguir outro caminho, e distanciaram-se desta linha pragmática, adotando o radicalismo religioso nos moldes do Hisbollah e governo iraniano. (Tal como no Iraque os Xiitas e Sunitas se combatem pelo poder e influência religiosa.) De um dia para o outro o mundo viu as imagens do Hamas e Fatah em guerra interna, num país que ainda não saiu do papel, (por muita culpa também de Israel), e já têm na sua História um golpe de estado e uma mini guerra civil entre Hamas e Fatah. A partir desse dia, a Palestina passou a estar de facto dividida em duas partes físicas e político-sociais. De um lado o pragmatismo e do outro, o mais do que conhecido naquela região, o extremismo religioso.

Na semana que Israel devolveu mais dois ônibus com prisioneiros ligados à Fatah, o Hamas sentiu a pressão da critica da “boca das ruas”, que percebiam que ao contrário do outro lado da Palestina, os seus filhos não estavam sendo soltos. O Hamas ao se sentir aos olhos da população como sendo o culpado do isolamento do povo que naquela faixa de 362Km2, tem 47% da população sobrevivendo com menos de 2 USD por dia, resolveu nos moldes típicos das ditaduras que se prezem, reavivar o inimigo comum, neste caso Israel, para unir o povo descontente e desviar as atenções deles (Hamas), um dos maiores culpados da situação em que o seu povo se encontra nos dois últimos anos.

Dentro dessa táctica maquiavélica, cancelou unilateralmente, contra os desejos do Governo da Autoridade Palestina, com o acordo de cessar fogo. Pondo fim ao dialogo, dando voz às armas e populismo político-religioso.

O Hamas na verdade nunca respeitou 100% este acordo de cessar fogo, porque a Faixa de Gaza é um amontoado de Clans, grupos religiosos e políticos com os seus braços armados, interessados na guerra e não na paz. O controle do mercado negro e os seus túneis de abastecimento, usados não só para contrabando de produtos de alimentação, energia e saúde básicos, como principalmente para o tráfico de armas. Não é só uma ótima fonte de renda, como também a forma de acumular poder e influência política e religiosa dentro da Faixa de Gaza. Ou seja, o Hamas é um polvo com vários braços que se movem independentes da cabeça, que já por si só, prega a altos berros que jamais reconhecerá o direito de sobrevivência do Estado de Israel.

Enquanto fanáticos como Mahmud al-Zahar do Hamas, Hassan Nasrallah, líder do também radical Hezbollah no Líbano - auto-denominado Partido de Deus (?!) - e o governo Iraniano sempre activo nos bastidores políticos da região, continuarem minando o pragmatismo e política de concordância, necessária para negociações minimamente prósperas, a Paz não chegará tão cedo ao Médio Oriente.

Nisar Rajan (um dos líderes militares do Hamas, morto na actual invasão israelense junto com as suas 4 mulheres e três dos seus filhos), já havia perdido antes um outro filho. Nota: ele enviou o seu filho, (ao invés de ir ele mesmo), com explosivos para o “paraíso dos mártires” numa missão contra Israel.

(Não sou e jamais serei santo, mas quando a minha hora chegar, prefiro ir para outro paraíso que não esse dos “mártires”. Onde o sangue de inocentes civis parece ser o pagamento da passagem para se chegar a ele.)

Desde que Israel abandonou a Faixa de Gaza em 2005, o Hamas e seus incontroláveis subgrupos, inclusive durante a dita “pausa” agora quebrada, lançaram cobardemente de escolas, mesquitas, e edifícios não militares, ao invés de escolherem os campos baldios, mais de 50 000 raquetes Kassam para as cidades vizinhas israelenses. Enviando de lugares civis esses foguetes, esperavam poder provocar ataques israelenses e criar assim novos mártires a serem usados na manipulação político-religiosa interna. Ao dispararem a esmo nem direcção de alvo controlada, como o Hamas e Hezbollah o fazem, a intenção de aniquilar seja quem for do outro lado da fronteira, (inclusive árabes-israelenses), está mais do que clara.

Os foguetes cobardes dos radicais, obrigaram os moderados israelenses a se calarem, e são a comprovação que os radicais israelitas necessitavam. Dando assim a justificação ao mundo que se depender da intenção desses grupos islâmicos radicais, e eles tivessem bombas ao invés de Kassam, Israel já não existiria há muito tempo. O que fica difícil para o resto do mundo negar. Afinal qualquer país do mundo não aceitaria calado, 50000 ataques de foguetes lançados sem eira nem beira, em plena fase de conversação e diálogo.

No futuro das crianças da Palestina e Israel, nenhum destes lideres radicais de ambos os lados, pensa na hora de negociar. Tudo que querem é instalar na Palestina mais uma País de Ditadura Islâmica, nos moldes do Irã e Afeganistão de há dez anos atrás, e em Israel outros defendem a Grande Israel, num sistema de “apartheid”, nos moldes da antiga África do Sul.

É uma vergonha para a Humanidade, saber que em algumas cidades e vilas de Israel, as crianças há mais de 8 anos aprendem, antes de aprenderem a ler, onde estão os “bunkers” de protecção anti-Kassam, que são quase tão numerosos como os pontos de ônibus espalhados nessas cidades fronteiriças. Crianças que tal como as da Palestina, não têm culpa da guerra nem dos preconceitos dos adultos, mas crescem com traumas, medos e são fruto de doutrinas de ódio. Onde se ser criado para a vida em paz, ainda não é um direito adquirido, e o ódio, um dever a ser exercido.

Não devemos esquecer que Israel perdeu muitos anos e possibilidades de ter negociado com a ex OLP , grupos e outras pessoas em várias mesas de negociações mundo afora. Tivesse Israel há anos realmente a vontade de aceitar o Mapa da Palestina reconhecido pela ONU, com uma supervisão de fronteiras por parte de tropas da ONU, muito provavelmente esta guerra já só seria parte do passado vergonhoso da História da Humanidade, que lembraríamos sem saudades.

Devido a essa má vontade, que mais do que nunca ficou provado ser um erro Histórico, deu força ao radicalismo religioso. Hoje, lamentavelmente, levando-se em conta que agora têm um vizinho como o Hamas, gritando a toda a hora em cima do muro que não vai parar enquanto não os aniquilar, fica difícil para qualquer grupo moderado de Israel, político ou religioso, de convencer os radicais religiosos e militares dentro das suas fronteiras, que se tem que conversar e negociar com a Autoridade Palestina de uma vez por todas, uma política de boa vizinhança que traga em futuro próximo a Paz duradoura.

O que é certo é que não há mais tempo para se falar dos culpados de ambos os lados. É chegado o tempo de se comemorarem novos líderes e de dois povos vizinhos, que saiam para rua cobrando das suas lideranças o não às armas, e o sim ao diálogo.

Nesta guerra onde os meios usados por ambas as partes, há muito que não justificam os fins. Pelo contrário, os meios vêm traindo os fins. Os pais dos dois Povos historicamente vizinhos e irmãos, cansados de serem manipulados por lideres ortodoxos e radicais, merecem como todos os pais do mundo, ver suas crianças crescendo num futuro sem ódios.

Plageando e adaptando as palavras do grande pacifista, M.Gandhi, eu diria; A Paz não é só o caminho, é a única solução e um direito dos povos Palestino e Israelense!

O jornalista e autor Akbar Ganji que participou activamente na revolução religiosa do Irão em 1979 e foi membro da temida Guarda da Revolução Islão, viveu bem os interiores da Hipocrisia da Máquina do Terror em nome de Deus. No acto de auto-critica e muita coragem publicou um livro que denunciou os horrores perpetrados por vários líderes religiosos, como Ali Akbar Hashemi Rafsanjani. Por esse acto de coragem, Akbar Ganji se transformou no dissidente e preso político mais conhecido da ditadura religiosa daquele país.

Com as palavras dele termino este artigo porque me mostram que o ser Humano pode aprender de erros passados se assim quiser. E acima de tudo, inclusive da própria Fé, com bom senso e tolerância, aprenderá a respeitar a Paz entre os Povos.

"A ideia de que alguma religião ou que alguma especificação cultural local, possam tornar obsoletos ou impraticáveis alguns direitos humanos, não deve ser aceite por ninguém. Pois ela apenas serve para os déspotas justificarem o seu despotismo. "


Foto 1 - Criança israelense colecionando restos de mais de 50 foguetes. Fonte, site Abril.com


Foto 2 - Uma das crianças palestinas vítimas da guerra entre o Hamas e o Estado de Israel. Fonte, AFP (Google).