domingo, 28 de setembro de 2008

O Trem das sete

Fonte da foto: QUEM ME DERA SER BRUXA DE HOGWARTS
Composição: Raul Seixas


Ói, ói o trem, vem surgindo de trás das montanhas azuis, olha o trem

Ói, ói o trem, vem trazendo de longe as cinzas do velho éon

Ói, já é vem, fumegando, apitando, chamando os que sabem do trem

Ói, é o trem, não precisa passagem nem mesmo bagagem no trem

Quem vai chorar, quem vai sorrir ?

Quem vai ficar, quem vai partir ?

Pois o trem está chegando, tá chegando na estação

É o trem das sete horas, é o último do sertão, do sertão

Ói, olhe o céu, já não é o mesmo céu que você conheceu, não é mais

Vê, ói que céu, é um céu carregado e rajado, suspenso no ar

Vê, é o sinal, é o sinal das trombetas, dos anjos e dos guardiões

Ói, lá vem Deus, deslizando no céu entre brumas de mil megatons

Ói, olhe o mal, vem de braços e abraços com o bem num romance astral

Amém.

Paul Newman - As atitudes ficam

Newman's Own Foundation

Paul Newman - As imagens ficam

sábado, 27 de setembro de 2008

"O delírio e o supositório"

Imagem : Montagem
Por António Maria G. Lemos, em 25/09/08



Dizem que os povos de origem latina gostam de um drama. E quanto maior ele for, mais audiência e regozijo ele dará. Tudo bem, confesso essa nossa particularidade do gostar de chorar em massa. Parece que sózinhos não conseguimos ser tão tristes. (Como se no sangue de todos nós navegasse um gene de uma carpideira)

No entanto ao ver e ouvir ontem "Nephew Sam Jr.", vulgo Bush, falando para os americanos, tive a sensação de estar vendo a repetição de um filme barato já visto.

A última vez que ele apareceu na TV com aquela carinha de "mamãe, juro que não fui eu", o mundo inteiro viu uma nova guerra começar que até hoje não trouxe paz para o Iraque, nem para o mundo anti-terrorista. No entanto elevou o preço do petróleo e gás, lotou Guantanamo de presos ilegais, espalhou o ninho de extremistas pelo mundo a fora, e continua consumindo bilhões de dólares anuais. (Parece que as ações das empresas de armas e reservas naturais não caiem nunca!)

No entanto a carinha e a conversa dele parece ter surtido efeito. Para muitos é uma carinha tão convincente, que ajuda o paciente a relaxar, despir o seu traseiro e aceitar o remédio sem gemer.

Bush ao usar argumentos "explicativos" para a intervenção do Estado no mercado privado como; "se o Estado não interferir agora, vocês deixarão de ter uma agência bancária no seu bairro, não haverá bancos para darem o seu crédito agrícola, nem para comprarem a casa própria(?!)... a empresa onde trabalha pedirá concurso público por falta de reservas e você perderá o emprego....etc,etc,etc...por isso espero que a câmara de deputados e senadores aprove o nosso pacote econômico de salvação nacional..." Fez com que o cidadão normal, que trabalha 10 horas por dia, passa horas nos transportes públicos e que nunca pediu empréstimo a banco, (ou lhe foi rejeitado uma renegociação já antes do "crash" financeiro), mas jamais deixou de pagar o imposto de renda pontualmente, para não ter o mesmo fim de Al Capone. Ao ouvir os "argumentos" entrou em catarse nacional e numa amnésia solidarizada, esqueceu todas as origens da crise atual.

Mesmo sem entender nada de bolsa de valores e do mundo financeiro em geral, exigem que o senado aprove o cheque em branco, do qual eles muito provavelmente só o zero receberão.

Ou seja, sem entendermos ou pensarmos muito sobre os argumentos do Bush Jr., - em muitos casos tão „verdadeiros e reais“ como foram os argumentos usados por ele para unir e convencer o senado e povo americano para invadirem o Iraque de Sadam - concordamos que agora há mesmo que se fazer algo que evite o colapso e recessão econômica „mundial“. Na histeria atual, queremos pressionar o(s) governo(s) a dar um cheque em branco para a mão de empresários e banqueiros que não souberam cumprir as suas funções profissionais, e isso penso ser um absurdo. Primeiro durante anos ganharam trilhões vendendo gato por lebre - papeis de alto risco como se fossem papeis de baixo risco - o que na lei se prevê como sendo um acto ilegal e digno de prisão. E agora que afundaram o barco, os mesmos de sempre, ainda recebem um bônus!?

Ajudar sim, mas com condições e controles sobre os culpados da crise. Assinar cheque em branco não!

Quando vejo a câmara e o senado americano querendo ajudar, mas não a qualquer preço e não a qualquer um, penso que além das querelas políticas internas e não mundias, estão desta vez tentando não repetir o mesmo erro que fizeram ao terem aceite os argumentos de Bush para a invasão do Iraque. Pois se tal cheque for assinado novamente em branco, tal como no passado alguns países o assinaram, esta será a próxima guerra assinada em branco que não trará certeza nenhuma de calmaria ao mercado financeiro e consumirá muitos mais outros bilhões de dólares, nos próximos anos. E se os ganhadores de ontem foram os grandes consórcios de armas, a eles agora só se juntarão os especuladores da bolsa de valores e os banqueiros „indemnizados“.

Há verdadeiros especialistas da matéria que também dizem;

"Dinheiro que sai da bolsa e entra no mercado como forma de investimento directo na economia, também gera novos empregos e aquece a economia...

As exportações mundiais não dependem mais do mercado consumidor americano...

As reservas do nosso banco central aguentam mais dois crash desses...

Ainda tem muita gente ganhando na bolsa e muito mais vai ganhar agorar...

Esta crise vai amadurecer e acordar o mundo financeiro, transportando-o novamente para a realidade, o que é extremamente saudável...

O banco central alemão não salvará nenhum banco particular, só garantirá os fundos de aposentadoria que estejam investidos em ações desses bancos...

...etc,etc,etc..."

Hoje não importa e nem vale pena querermos ver ou analisarmos outras formas de pensar, que sejam isentas dessa histeria. Perceber que a forma de argumentação histérica usada hoje, muitas vezes nada mais é do que uma manipulação muito bem instrumentalizada por interesses financeiros e políticos, e que pretende na verdade atravessar o pânico além fronteiras americanas. Fazendo outros bancos centrais embarcarem nessa canoa e nos fazer esquecer que é exatamente por culpa da péssima gerência político e econômica da Era Bush, que esse poderio mundial e o neo-liberalismo nunca esteve tão perto do fim.

O verdadeiro negócio agora, à beira de novas eleições, é não se falar mais do dinheiro ou das vidas que estão sendo gastas no Iraque. Nem das hipotecas não renegociadas há um ano atrás, ou da punição dos responsáveis por este colapso da economia.

Para estar dentro da linha atual o melhor é mais uma vez não penar e simplesmente decidir dizendo; „welcome innocently boy"... já baixamos as calças para a cura milagrosa.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Moçambique - 25 de Setembro


Não festejo o início de tiros, por mais nobres que sejam os conceitos que estejam atrás da culatra. Festejo sim o fim deles, ainda mais quando representam a autonomia de uma nação.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Lula na ONU

Fonte da Imagem: O Globo
O Lula está com a sua popularidade, no Brasil, em alta, chegando aos 77%! Com esta auto-confiança, e consciente que para o mundo a sua imagem fica entre a eufórica esquerda “chavista” e os cegamente apoiantes do neo-liberalismo liderado pelos Estados Unidos, o Lula fez um discurso contundente na Assembléia Geral da ONU, que marcou inclusive uma despedida apagada do Bush, com a sempre paranóia do terrorismo, deixando de lado a grave crise financeira porque passa o seu país, jogando inclusive os seus graves reflexos para o resto do mundo envolvido pelo manto do neo-liberalismo.

Além do seu discurso, em entrevistas, Lula alertou que órgãos como o FMI e o Banco Mundial deveriam se manifestar, pois quando economias menores passam por crises estes se colocam logo a dar palpites, e agora quando a maior economia do mundo estremece ficam calados (casualmente ou não, em seguida o FMI já fez um comentário de leve, como se fosse esta a maior crise financeira dos últimos 80 anos – (sic)). Disse o Lula ainda que esta crise financeira americana mostra o fim do neo-liberalismo e que o mundo precisa criar mecanismos para se defender. Ironicamente criticou o discurso do Bush por este ter preferido falar mais sobre terrorismo e muito pouco sobre a crise econômica financeira pelo o que o seu país atravessa, alfinetando: “Mas ele fez a opção por voltar a falar do terrorismo, e eu obviamente, como sou defensor da autodeterminação dos povos e da soberania dos discursos dos presidentes, fui obrigado então a ficar quieto”.

Por mim, neste momento, os índices de satisfação com o Lula iam ali para pertinho dos 100% .


quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Honestidade

Fonte da imagem de Rui Barbosa: Estações Ferroviárias


Hoje um grande chamuar, mais irmão do que chamuar, João Roldão, relembrou-me uma velha frase de um antigo político brasileiro, o Senador Rui Barbosa, quando em 1914 desistiu de candidatar-se a Presidente da República, dita durante um discurso da tribuna do Senado:







"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto"

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Egos X Democracia


A luta de egos, entre Mbeki e Zuma, deixou a nú uma democracia que se já havia demonstrado fragilidades, agora ainda mais claro fica que também na África do Sul um partido político se confunde com o Estado.
O CNA de Mandela é mais forte do que 70% dos eleitores que colocaram Mbeki na presidência e forçaram este a renunciar um ano antes de terminar o seu mandato, porque o Zuma, seu ex vice-presidente, foi considerado inocente em um processo de corrupção, que dizem ter havido apoio de Mbeki no levantamento das suspeitas.
Alguém andará puxando o tapete do Mbeki pela sua passividade, quase que apoio, ao seu correlegionário Mugabe? Mas do CNA, teria sido ele o único a ter esta atitude? Talvez não seja isso...talvez...

domingo, 21 de setembro de 2008

Dia do...



Dia da Pomba da Paz


sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O João Perguntou (1)

Fonte da Imagem: Biblioteca Virtual
Me metralharam com algumas perguntas, onde o conceito central é o que seria para mim o significado de Independência. Da mesma forma que me perguntaram o significado desta, me perguntaram o que era Colonialismo. Quem foram, quem são e quem serão os grandes poderes coloniais. E relacionou, aos seus olhos, algumas possibilidades, sendo colônias dos EUA o Iraque, o Afeganistão, o Paquistão; do EU seriam Portugal, Grécia, Polônia, Estónia, Alemanha Oriental (!), Lituania, outros do Leste Europeu; do Brasil, a Argentina, o Paraguai, a Colômbia e o Uruguai foram as possibilidade que o questionador me colocou como sendo os colonizados. Ainda outros exemplos me colocou para depois ainda me perguntar quem serão os colonizados do Séc. XXI.
Esta rajada de perguntas e insinuações de possibilidades veio motivado de uma conversa, entre mim e uma outra pessoa, onde superficialmente se falou do passado de Moçambique nos seus tempos de colônia portuguesa.
Tenho que admitir que fiquei um tanto confuso com o barulho da rajada, pois não fiz uma relação clara entre aparentes sinônimos e situações similares, mas que questões temporais e estruturais denunciam as diferenças.
Estaria o meu questionador querendo saber de mim o que penso de um colonialismo estruturado a partir dos descobrimentos, que podemos também avaliar um tempo não de descobertas, mas sim de invasões, onde as motivações da busca de novos produtos mercantis e expansões religiosas acabaram por induzir com que povos, por meio da força e estratégias de corrupção se apoderassem da terra e da riqueza natural de outros povos, e ao retornarem à sua terra natal diziam ter descoberto novas terras, tal e qual como a população que lá estivesse também estivesse sendo descoberta como se fosse, em um primeiro momento uma espécie rara, e em um segundo momento, até como produtos?
Neste caso, haveremos depois que entender os processos de independência de forma diferente. No último dia 7 de Setembro, escrevi algo sobre a Independência do Brasil e fiz um rápido paralelo com o processo de Independência de Moçambique. Estou agora a falar de independências políticas, onde um povo, através dos seus líderes políticos e por movimentos populares, por vezes mais elitelistas, concluem que esta colonização deixou de fazer sentido, e isto por vários motivos.
Para alguns casos, até acreditam que nunca fez sentido, muito menos acreditar-se que se possa levar uma estrutura de colonização até meados do Séc. XX, onde a grande, mas muito grande mesmo, maioria de descendentes de nativos das colônias inglesas e portuguesas em África, as últimas a conseguirem as suas “alforrias”, eram claramente colocados pelos “moldes operantes” como inferiores em tudo. Como acesso à educação, como acesso à saúde, como acesso a empregos, especialmente em condições de igualdade, mesmo para aqueles que com grande esforço e através de pequenas brechas conseguiam atingir um bom nível de escolaridade.
Nestas colônias a luta e a conquista pela Independência foi muito em cima dos valores que se perderam e das humilhações que os colonizados passaram desde os tempos das “descobertas”. Só que uma parte de moçambicanos, já com outras descendências, mas também moçambicanos, acabaram por ficar em uma minoria e ainda empurrados por interesses menores por um processo estrutural extremamente complexo, que valeria um lençol talvez maior do que já vai aqui. Mas talvez tenha valor a leitura, com algum valor agregado para esta matéria, da Série "Moçambique – O meu Setembro de 1974".
Já nas Américas, os processos de Independências, nas sua grande maioria, como comentei no tal post sobre a Independência do Brasil, os movimentos vieram das elites. Os descendentes dos nativos quando participaram foram mais como fundo de pano. No Brasil, claramente os portugueses da colônia, para manterem os seus privilégios, decidiram-se tornar-se brasileiros e dar o Grito do Ipiranga usando a garganta de D. Pedro. Hoje, com pouquíssimo acesso a educação, os índios brasileiros são tratados como espécie em extinção, e alguns lugares, como peça de museu para serem visitados pelos turistas, e que para morarem nas terras que não podem ser invadidas por brancos (outras raças), se define os seus espaços por “reservas indígenas”. Afinal, quantos países temos no Brasil? Assuntos mal tratados na sua Independência que temos ainda reflexos nos dias de hoje. Na vizinha Bolívia, Evo Morales vem tentando recuperar as perdas que os povos indígenas sempre tiveram naquele país, e vem enfrentando grandes resistências das elites locais.
O Brasil tornou-se politicamente independente de Portugal, economicamente bem menos dependente deste, e em compensação automaticamente engravidou-se ainda mais economicamente à Inglaterra.
No Séc. XX, os tempos eram outros, tempos de Guerra Fria, tempos de Americanos e Soviéticos e mais um ou dois aliados de um lado ou do outro, e o resto bucha de canhão para estes brincarem de como evoluírem tecnologicamente. Tempos onde séries de TV como Guerra nas Estrelas eram o máximo. Brincadeiras, que embora com mudanças geopolíticas importantes nas últimas décadas, estão longe de acabar.
As lutas pelas independências no continente africano foram apoiadas pelo Bloco Vermelho, e o pós- independência ficou vinculado a estes países, política e economicamente.
O mundo viu a União Soviética ruir, a força dos conceitos capitalistas vingarem cada vez mais, a globalização dos tempos dos descobrimentos ficarem muito mais fortes no neo-colonialismo.
Por outro lado, o lado vil da globalização tem maltratado os países do terceiro mundo, e ajudado por estruturas corruptas, estruturas estas alimentadas pelo primeiro mundo, alimenta a lógica de muito colonialista convicto que o antigamente é que estava bom, sem mesmo se aperceberem que se há ainda hoje reflexos da sociedade de quinhentos anos atrás na sociedade atual, há situações geopolíticas e “geoeconomicas” não mais comparáveis.

domingo, 14 de setembro de 2008

Deu Vettel...e Massa !

Fonte da foto do Vettel: Site da Uol

Entre a briguinha do Hamilton e Kimi, deu Vettel, mas para os que disputam o título, deu Massa.
O alemão Vettel carimbou o que já vinha mostrando desde o ano passado, que é um potencial campeão.
O Hamilton, idem. Embora com uma grande diferença do Vettel, afinal tinha um extraordinário carro na mão, não se pode tirar-lhe a grande competência ao fazer uma grande corrida de recuperação, pois ao largar em décimo quinto lugar, só não conseguiu ultrapassar quem mais precisaria, o Massa, que ficou em um bom sexto lugar para este disputado campeonato, considerando queestava montado em uma Ferrari claramente menos equilibrada do que a McLaren.
Esta corrida chamou atenção em alguns outros aspetos. O Hamilton, que mostra cada vez mais competência ao volante, começa a mostrar uma outra característica que vi em um outro grande piloto, o alemão Schumacher. Quando ele entrava na pista se achava dono do espaço e que os outros se afastassem. Hoje o Hamilton, já em plena reta, jogou o Glock para fora da pista, tendo este sorte por não ter acontecido nada de mais grave, e mais tarde, de novo Hamilton, ao ultrapassar Alonso no meio da reta dos boxes, dá uma fechada no espanhol chegando a tocar na Renault. Sou torcedor do Hamilton, pela sua habilidade e por ter dado uma nova dinâmica à F1 que andava um tanto morna, mas a sua nova precipitação em Spa e o seu "choro" que veio a seguir e estas atitudes “shumacherianas” começam a me deixar com a pulga atrás da orelha.
Também vimos, por duas vezes, o Massa fazendo duas ultrapassagens que poderiam vir a ser questionadas, e por isso o mesmo deixou os adversários voltarem à sua frente. E o importante; mesmo que as regras, quando do "corta mato", agora tenham ficado mais claras no sentido que tenham que devolver a posição e só possam ultrapassar depois da curva seguinte, o Massa deixou os adversários voltarem à sua frente de forma clara, sem se manter em uma posição confortável para tentar uma ultrapassagem com vantagens após um “corta mato”, diferente do que aconteceu entre o Hamilton e o Raikkonen em Spa.
Pela forma madura que o Massa vem dirigindo, sendo ousado quando deve, e segurando quando deve, pois parece que sabe fazer contas sem ter que usar máquina de calcular, e sabedor quando a sua Ferrari está em desvantagem em certos circuitos em relação à adversária McLaren, vejo hoje o brasileiro como o maior candidato ao título de 2008. Mas há que ter que acreditar na equipe para fazer com que a baratinha vermelha volte a ser confiável, tanto no seu propulsor, tanto na sua capacidade de acertar o equilíbrio da mesma.

sábado, 13 de setembro de 2008

Hamilton X Raikkonen


Disse o Hamilton, nesta sexta-feira, 12/09/08:


“Bom, a única coisa que tenho a dizer é que o lance mostrou o estilo de direção do Raikkonen. Acontece que, se você não for homem o suficiente para fazer a freada mais forte, é problema seu. É em situações como essa que se vê qual piloto é mais confiante e tem mais coragem de colocar o carro na beira da pista. Eu sei que sou um ótimo piloto nessas condições. Sou mais confiante do que ele (Raikkonen) e sei onde devo posicionar meu carro em diferentes posições na pista. De fato, foi isso que eu fiz”.


Responde o Kimi ao saber da declaração do inglês:



“Não, não me importo. Ele tem a opinião dele, mas é simples analisar o que aconteceu: coloque um muro de concreto naquela chicane... ele nunca teria conseguido chegar ao primeiro lugar com essa barreira.”

Monza, promete! Daqui a umas horinhas começam os treinos oficiais.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Morales

Embaixador Philip Goldberg
Fonte da imagem: Portal Vermelho


Morales tem as suas razões para ter declarado o embaixador americano no seu país como "persona non grata" e expulsar este do território da Bolívia.
Afinal Philip Goldberg já tem um histórico de ter estado em lugares onde convulsões sociais que interessam aos USA aconteçam, e não deve ter sido casual que antes das manifestações violentas lideradas pelos governadores opocisionistas a Morales, Goldberg tenha se encontrado com o governador Costas do departamento (estado) de Santa Cruz, um dos opositores e lideres das violentas manifestações contra o governo Morales.
Não deixa de ser legítimo que os USA, em retaliação, tenham também mandado para casa o embaixador boliviano em terras do Tio Sam.

Ridículo ficou o discurso do Hugo Chávez, da Venezuela, quando para demonstrar apoio a Morales também mandou para casa o embaixador americano em terras venezuelanas. O apoio é legítimo, embora o mesmo também alegue, além do apoio a Morales, um suposto plano de assassinato à sua pessoa apoiado pelos USA. Se por solidariedade, mandar também para casa o embaixador, já acho um exagero, o discurso com o palavreado que usou para informar a expulsão, é mesmo de um insano que quer à força aparecer mais do que o próprio facto. Parecia uma criança cheia de ciúmes do amigo Morales por este, de forma serena, ter dado um estalo de luva de pelica a quem não está gostando de uma democracia que vem se instalando na Bolívia, mesmo que com alguns erros estratégicos e de execução.
Chávez é daquelas pessoas que calado já está errado e cria problemas até para os amigos. Quando abre a boca...



quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Steve McQueen, vrum, vrum...

Ontem, em visita habitual ao on the road again do Carlos Gil, curti bem as viagens musicais que ele tem feito à decada de 70. E veio-me à memória um dos filmes que mais me marcaram naqueles tempos, pois sempre fui apaixonado por automobilisimo, que foi o 24 horas de Le Mans, com Steve McQueen, que não só por esse filme é um dos meus preferidos das telas, sejam elas grandes ou pequenas.
E aí fechou. Como sei que o Carlos Gil também gosta de um "vrum, vrum", e está numa de nostalgia, aqui lhe ofereço uma preciosidade. O trailer do "Le Mans".

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Chuing@ original

Fonte da Imagem: UOL


A IO andava a guardar a sua chuinga debaixo da carteira. Até aí tudo bem, mas andava a esquecer de tirá-la de lá e voltar a mascá-la.
Mas parece que arranjou uma quinhenta e comprou uma novinha e vem por aí a fazer bolas enormes.
Assim não há como não me sentir refortalecido, afinal foi ela a maior (ir)responsável por eu passar a ser mais assíduo na leitura disto de blogues, e ainda por cima tirar uma de esperto e um dia abrir o meu próprio espaço.
Minha bloguista, é mesmo bom te ter por aqui!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Brilhante Madalena


A Madalena do Chora que logo bebes, carimbou a Lanterna Acesa com um título de Brilhante Weblog, e deixou no seu espaço, para justificar tal "carimbo", palavras que me deixaram todo pomposo.
Pomposo mais fiquei ao ver quais as companhias que a mesma colocou à Lanterna quando vejo a lista completa que a mesma premiou com as suas carimbadas!
Madalena, hoje eu não daria este prémio a nenhum blog, mas daria sim a uma bloguista, a uma grande mulher, que dá uma lição de vida a muitos de nós, que dá pelo nome de Madalena.
Um beijo, S'tora !

domingo, 7 de setembro de 2008

7 de Setembro -Independência do Brasil

Bandeira do Império, 1822
Fonte da Imagem: História da Bandeira Nacional
Hoje, Dia 7 de Setembro, festeja-se a Independência do Brasil. Neste dia acabo sempre por fazer algumas comparações com o processo que por aqui houve e pela a que eu acompanhei ao vivo, pelo menos parte dela, em uma outra colônia portuguesa, até meados do Séc. XX, que foi a de Moçambique.
No Brasil, o processo de emancipação começou, mais efetivamente, 14 anos antes do famoso grito de Independência ou Morte de D. Pedro, às margens do riacho Ipiranga.
Até ali movimentos populares e republicanos, normalmente com maiores preocupações regionais, foram dominados pelo governo monarquista onde os aristocratas e intelectuais envolvidos eram sempre penalizados de forma mais leves do que os qualificados em classes menos favorecidas na sociedade de então.
No Brasil, em uma análise fria, a Independência de 7 de Setembro foi estruturada por uma maioria de descendentes de portugueses, porque não dizer de portugueses, da aristocracia rural cá da terra de uma forma que se garantisse as regalias dos mesmos, onde o escravismo e o latifúndio eram a grande fortuna, e para isso o melhor caminho era deixarem de serem portugueses para passarem a serem brasileiros, onde além da população menos favorecida ter ficado de fora do movimento, a não ser para o de sempre nestas ocasiões, que é o de ser pano de fundo, os nativos cá do sítio ainda hoje lutam para poderem definir qual são as suas áreas para sobreviverem, chamadas de “ reservas indígenas”.
Ainda assim, havia um povo por trás, que queria, e quer sim, fazer deste um grande país, e vem de degrau em degrau construindo-o, quebrando os velhos costumes, os sistemas dos velhos coronéis, e colocando este País no lugar que merece.
Já Moçambique, uma Independência que acompanhei parcialmente, foi sem dúvida alguma muito mais estruturada por gente descendente de nativos daquele continente, mesmo que também apoiados por gente que por muitos poderiam ser vistos como colonizadores.
A dificuldade de se ver tanto num como em outro, uma Independência para todos, é difícil nos seus primeiros anos.
Mas há, sem dúvidas, como se tirar lições nos dois distintos processos de autonomia destes dois países, e creio que Moçambique, e não só, poderá tirar vantagens da História do Mundo.
Contudo, hoje os parabéns são para Brasil, embora utopicamente sonhe sempre com um mundo sem fronteiras e que as lutas se restrinjam e tenham ainda maior foco nas questões sociais.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Angola

Fonte da Imagem: FESA
Hoje se faz em Angola um exercício ou uma simulação de democracia? Ou nem uma nem outra coisa, e sim muito pelo contrário?

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

"A imprensa e a nossa dependência de baboseira"



Por António Maria G. Lemos
É claro que saber quem será o próximo presidente dos EUA é de interesse mundial. No entanto, apesar de que só nos deveria interessar saber dos factos da plataforma política dos candidatos, somos obrigados a ler a estupidez gerada para o mercado americano, em todos os cantos do mundo. Como se o Pato Donald fosse também o nosso herói!
A quem deverá interessar saber, da Patagônia à Sibéria, se fulana está grávida ou não, se o furacão Gustav é "a mãe das tempestades" (?!) e por isso os Republicanos adiam o seu congresso... etc, etc?
Apesar do tal Gustav ser "a mãe" da política republicana e por sorte „dos bons ventos" não ter causado os estragos muito especulados e usados na política americana, o que mais vimos na TV e nos jornais em todos os países, foi a tempestade de Nova Orleans, quando na verdade o Gustav foi mesmo pesado em outros países da região caribenha.
No espaço das mídias locais, quantos segundos na TV ou linhas escritas nos jornais foram dedicados a esses países? Onde além de lá terem falecido muitas pessoas, nem os sobreviventes nem os governos locais têm dinheiro ou seguros para reconstruir a perda material pessoal e das frágeis e pobres infra estructuras básicas desses países. Será isso menos importante que o "Show" to tio Sam?
O que mais me irrita é que a mídia do mundo ocidental, de uma forma geral dá sempre um destaque exagerado a tudo que vem da terra do "Tio Sam".
Neste colonialismo de mídia assumido por própria vontade, o mundo noticioso virou um imenso bordel de revistas de cabeleireiro; onde o que interessa é saber quem não está mais com quem, em qual ilha está na moda se transar ou fazer operações plásticas, e saber que „queridinhas" são as filhas do Obama, ou quantos meses de gravidez tem a filha da Vice Republicana.
Me pergunto, já faz tempo, do porquê da importação de fofocas feitas para eleitor americano, onde sabemos que tudo não passa de mais uma série de TV de baixíssima qualidade, quando há notícias mundiais e locais, de maior realismo, sensibilidade humana e politicamente mais factuais e importantes para se repassar?
O pior de tudo é que quanto mais penso nisso, chego á conclusão que nós leitores somos os verdadeiros culpados. Afinal, infelizmente, os meios de comunicação, hoje em dia estão nas mãos de "managers" pagos por empresários e banqueiros, e não mais na mão de jornalistas com compromisso pelos factos e a verdade. A imprensa só divulga - quando não inventam - as notícias que melhor se consomem.
Dizem sempre que estão em crise, mas pagam milhões para terem os direitos de divulgar as fotos dos gêmos de não sei quem, ou ao invés de pagarem um décimo desse preço a jornalistas, "câmera-mans" e fotógrafos para irem investigar Darfour, Geórgia, China, desbravamento ilegal de florestas, sistema de saúde, educação, a corrupção nas nossas sociedades, e outros temas muito mais relevantes das nossas vidas e sociedades.
E nós. os pseudo-espertos, pagamos e gastamos tempo falando (ou escrevendo) sobre tanta infantilidade made in USA ou proeminentes da estupidez.
É a isso que chamo de analfabetismo letrado.
Mea culpa, mea culpa, mea culpa
António Maria

Série "Moçambique – O meu Setembro de 1974"


Última Parte



Ao acordarmos, já no dia 11 de Setembro, o Dr. Arouca já conversava com o grupo, e parecia que todos estavam mais calmos. Ele veio ao nosso encontro e disse para a Mãe que podíamos ir ter com o motorista a Maxixe e partirmos para Lourenço Marques.


A esposa, antes de nos deixar nas barcas, foi nos mostrar algumas das próximas e belas praias da região.


Fizemos um lanche reforçado já em Maxixe, e partimos logo em seguida para a estrada. Trocamos informações com o nosso já mais amigo do que motorista. Lembro-me que a Mãe ficou um tanto admirada pelo mesmo conhecer, por nome, dizia ele, o advogado Dr. Arouca.

A viagem prosseguiu sem mais sobressaltos, até que ao entrarmos em LM, já ao Pôr do Sol, nos defrontamos com uma barreira do Exército português. Pediram-nos para sair, e em quanto um nos fazia perguntas, outros revistavam o VW... quando menos esperava, uma rajada de tiros vindo de uma metralhadora G3! Quando me vi, já estava dentro do carro, abaixado entre o encosto do motorista e do banco de trás. Ao espreitar entre os dois bancos para o vidro da frente do carro, percebi algumas penas voando, e ouvi a voz da minha Mãe a chamar a atenção do responsável por aquele grupo de militares, pela atitude irresponsável daquele soldado!

Em uma revoada de um grupo de pombos, um alferes, que devia estar a festejar alguma frustração, lembrou-se, como se tivesse aos “tiros aos pombos”, de matar o que são o símbolo da Paz!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Campanha dos sobrinhos do Tio Sam


O que teve mais efeito negativo na campanha do McCain? O Bush na convenção republicana com o seu discurso bélico ou a notícia da filha da candidata a vice Sarah Palin, de 17 anos e solteira, com a sua gravidez?
Em um país cheio de falsos moralismos, os democratas já devem ter enviado para o futuro bebe a carteirinha do partido.


Mas o namordo da garota já apareceu na convenção repúblicana sendo recebido pelo McCain... é, talvez as mudanças também cheguem aos Estados Unidos...pelo menos em tempos de campanha!

Série "Moçambique – O meu Setembro de 1974"


Parte IV


Quando o dia começava a clarear, já no dia 10 de Setembro, como se o Sol nos protegesse, fomos até Maxixe, onde a minha Mãe pediu um quarto para ela e para mim e um outro para o motorista. De novo, o motorista preferiu ficar acomodado no carro. Queria de alguma forma qualificar um distanciamento, talvez para se proteger e para nos proteger.

Dormimos umas horitas, antes do almoço. Quando acordei, a Mãe já havia definido a nossa travessia nas barcas para Inhambane, para irmos ao encontro do Dr. Domingos Arouca, advogado, antigo companheiro do Pai. Ali ela sabia que teria informações mais reais do que se passava, e tentaria contactar os nossos em Lourenço Marques.

Chegamos a Inhambane logo depois do almoço, e fomos diretos ao escritório do “Correspondente do Notícias da Beira”, em Inhambane, que lá estava alguém que nos levaria até à residência do Dr. Arouca.

Ao chegarmos à casa do casal Arouca, uma imagem impressionante que me marcou para o todo sempre. Uma imensidão de gente, sentada ao redor da casa, ouvia o Dr. Domingos Arouca a falar, não em português, provavelmente em alguma língua bantu. Foi impressionante, pois se a reunião de tanta gente já é marcante para uma situação que atravessávamos, a postura de liderança que ali presenciei foi extraordinária.

Explicava-nos a esposa do Dr. Arouca que aquele grupo de pessoas se preparava para se juntar a um outro grupo para rumarem, a pé, até Lourenço Marques para defenderem o Acordo de Lusaka e acabarem com o que definiam como um movimento reacionário que tinha tomado a Rádio Clube de Moçambique. O Dr. Arouca buscava ali manter a razão acima das emoções, e dizia-lhes que as lideranças revolucionárias moçambicanas e portuguesas estavam juntas para resolver o problema sem derramar ainda mais sangue inocente.

Na casa havia um adolescente, que distribuía água entre as pessoas. Não me lembro se era filho ou sobrinho do casal Arouca. Logo eu estava ajudando-o nesta tarefa.

Essa noite, depois de avisarmos o motorista que ficara em Maxixe, dormimos em casa dos Aroucas, debaixo dessa adrenalina do controle da multidão por parte da liderança do Dr. Arouca.
Eu ficava imaginando o que não iria acontecer se aquela gente partisse de facto para Lourenço Marques! Me preocupava com o que se passava com os meus irmãos, tios, primos, amigos.


(Continua...)

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Marrabenta

Série "Moçambique – O meu Setembro de 1974"


Parte III

Um amigo da família, o arquitecto reconhecido em terras moçambicanas, Andrade Paes, arranjou um VW, clone do que o Duarte um dia havia lhe pedido “emprestado”, sem lhe ter falado, para ir buscar um amigo a Tete, e colocou-nos um motorista da seguradora que representava em Vila Pery para nos levar, a Mãe e a mim, a Lourenço Marques, ao encontro dos manos.
Fazendo um parêntesis, sobre o “empréstimo” que o Duarte fez ao VW da Seguradora Mundial: É que o Duarte trabalhava na época do acidente com o Andrade Paes na dita Seguradora e arrumou forma de ficar com o carro no fim de semana. Lembro-me também que no mesmo período o Duarte dava apoio em um programa na rádio de Vila Pery em que a grande poetisa e humanista Glória de Sant’Atana, esposa do Andrade Paes, pilotava. Inclusive, a certa altura, desafiou o Duarte a montar por uma semana, em um horário noturno, um programa de Jazz com os discos que havíamos “herdado” do Pai, já falecido na época. Teve boa audiência. Me lembro que no dia 8 de Setembro, onde além de algumas retransmissões da tribo que havia tomado a Rádio Clube de LM, a Rádio de Vila Pery pouca falava e em compensação punha bastante música para os ouvintes, e boa parte da coletânea de Jazz que o Duarte havia selecionado para os tais programas foram também ouvidos naquele dia.
Mas voltando ao dia nove de Setembro, o motorista (me falta o nome deste senhor, que tanto me deu segurança nestes dias) e o Volkswagen nos apanharam no apartamento, e fomos para a estrada.
Já de noite, alguns quilômetros depois de termos passado de Maxixe, somos parados por uma barreira militar. Por alguns segundos a tensão dentro do VW é grande. Não sabemos se trata-se de uma barreira do exército português ou da Frelimo, nem mesmo sabíamos aquela altura por quem melhor poderíamos ser recebidos. Paramos, e um alferes do exército português se apresenta, pergunta-nos qual o nosso destino e não vê com bons olhos a nossa viagem, ainda mais durante a noite. Não nos deixa seguir viagem, alerta-nos que podemos inclusive encontrar outras barreiras, mesmo agora no sentido inverso, inclusive do pessoal da Frelimo. Ainda assim indica-nos voltar até Maxixe e nos acomodar em um hotel até que tudo se normalize. Fazemos meia volta, e não mais do que 1.000 metros depois, o motorista e a Mãe decidem estacionar o carro para dormirmos por ali. Naquele momento surgiu por parte do motorista a insegurança de nos depararmos com uma barreira da Frelimo e encontrarem um negro tentando ajudar uma senhora e o seu filho brancos. Momento onde a insegurança estava instalada, alimentada por um movimento reacionário, liderada por gente reconhecidamente reacionária, tentando mudar o curso da história, que alimentava naquele momento reações de ódio irracionais, o que deixou seqüelas políticas e sociais por muito tempo.
Decidiram os dois mais velhos que ali passaríamos a noite, dormindo, ou tentando dormir, dentro do VW (carochinha / fusca), com o experiente homem acalmando um adolescente que estava mais assustado com os barulhos, que vinham de fora, de possíveis animais selvagens, do que com possíveis guerrilheiros da Frelimo, militares portugueses, ou até mesmo com os reaças da Rádio Clube!
(Continua...)

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Série "Moçambique – O meu Setembro de 1974"


Parte II


Sábado, dia 7 de Setembro, quando já havia uma grande expectativa sobre o Acordo de Lusaka, estávamos já no fim de tarde, início da noite, aguardando o Baile. Já tínhamos andado ali pelos lados do Centro Hípico a fumar um charrozinho, pois eram tempos que por onde andávamos uma nuvem nos acompanhava...uma nuvem do bem, de material de boa qualidade e sem estruturas mafiosas alimentando a malta.

De repente o som do Parque avisa, sem maiores detalhes, que em LM há confusão na cidade e que não vai haver mais baile e solicitam que todos se retirem, com calma (estes pedidos de calma deixam sempre todos nervosos), do recinto do Parque de Exposição.

A não existência deste baile deve ser um dos motivos de eu não engolir, nem com “catembe”, essa gente envolvida no 7 de Setembro... os do Rádio Clube, não os do Acordo de Lusaka, é claro!

Durante o Domingo, dia 08, acompanhamos as notícias e as informações através das retransmissões dos aventureiros que tomaram a Rádio Clube em Lourenço Marques, onde um dos líderes, se não o maior representante deste trágico movimento, era o Dr. Gonçalo Mesquitela, braço direito da ditadura colonial em Moçambique.

De tempo em tempo lá iam eles dizendo que tal cidade havia aderido ao movimento. Era a Beira, era Quelimane, era aquela, era a outra e quando chegou a vez de dizerem que Vila Pery tinha aderido percebemos o quanto virtual era o tal movimento.

Um grupo de amigos, onde eu era o mais novo, onde tínhamos ali alunos da Escola Agrícola e alguns militares que moravam no Lar que a Mãe tinha em Vila Pery, e outra malta amiga, fomos para a rua tentar nos certificar se havia alguma verdade na mentira que havíamos ouvido na rádio. Éramos um pouco mais de dez jovens, e logo alguém lembrou-se de levar junto a Bandeira da Frelimo. Passamos nos pontos de encontro mais costumeiros, como o Café Chimoio, na frente da Rádio, Café Concorde, Café Elo 4, não vimos movimento algum. Na verdade, se havia algum movimento, era o nosso, de um grupo de jovens andando pelas ruas da pacata Vila Pery com uma Bandeira da Frelimo e cantando algumas melodias do Zeca Afonso com a rebeldia de uma juventude a fim de atiçar o espírito provinciano da pequena Vila Pery.

A minha Mãe tentava contactar alguém em Lourenço Marques, para termos notícias dos meus irmãos. Não se conseguia! Telefonar para LM ficou inviável. A Mãe ficou extremamente tensa, ainda mais depois das notícias que teve quando conseguiu contactar os amigos, ex-colegas do Pai do jornal “Notícias da Beira”, na cidade da Beira, sobre a convulsão social que começava a surgir em LM. Informações sobre feridos e mortes chegavam.
(Continua...)

Dia do...


Data que marcou o início da II Guerra Mundial, em 1939.