quarta-feira, 30 de maio de 2007

Hugo Chavez, o novo caudilho... com uma velha receita na mão .


Um dos meus irmãos mora em Zurique, ou seja, a alguns milhares de quilómetros de mim físicamente, distância física esta dificil de ser administrada. É que tenho uma grande admiração por ele e o texto que aqui abaixo reproduzo, escrito por ele, é uma pequena demonstração do que me faz ter a tal admiração. Mas olhem que é mesmo uma pequena amostra. Ele é muito mais do que isso.

Obrigado por autorizares aqui deixar colocar a tua "crónica" dando um pouco mais de luz à Lanterna.

Zé Paulo


"Hugo Chavez, o novo caudilho... com uma velha receita na mão ."


Pena, porque acreditei que ele iria fazer uma verdadeira reforma sócio-política, baseado numa terceira via, mas acabou desapontando ao se deixar contagiar pela sede do poder e arrogância política.
A turma do clube dos inocentes e incautos sempre dirá que as revoluções tem que ser radicais, como se a História não comprovasse o contrário. Estatizar algumas empresas vitais para a Nação sim, um país inteiro não! Combater os excessos de violência e radicalismo sim, oprimir e negar a voz à oposição não!
Sem dúvida que o governo dele também está fazendo projetos voltados para a grande camada socialmente desfavorecida do país e há décadas esperando por melhor e justo tempo. Claro que isso também é muito menos divulgado pela média internacional do que os chutes e pontapés na democracia que ele tem dado. (Alfabetização, melhorando o serviço de saúde básico, bolsa de alimentação nas escolas...) E não só, ele até ofereceu gaz muito mais barato para o aquecimento da população pobre do Brooklin nos USA, assim como ofereceu mais dinheiro que uma empresa estrangeira havia oferecido para a compra de uma cooperativa na Argentina. ( Em troca a cooperativa continua cumprindo o seu estatuto de cooperativismo, negando a venda para privados e toda a sua produção anual será enviada para "el pueblo de Venezuela".) No entanto o que a minha amiga venezuelana, Angela, que regressou agora de uma temporada na Venezuela me contou me cheira a queijo que passou da validade. Algumas chefias das novas empresas, células de apoio nos bairros, líderes de projeto, etc, são dadas não de acordo com a capacidade profissional e instrução e sim pelo grau de fidelidade partidária. Os projetos culturais só recebem apoio do estado se forem dentro da linha governamental, e o que não for, é estampado ou denunciado de "reacionário". Os órgãos de segurança do estado assumem cada vez mais poder, e com eles uma brutalidade legal que impede o cidadão de reclamar em qualquer lugar. Quase todos os dias existe alguma "manifestação" de apoio ao governo sem polícia dando cacetada, mas se a manifestação for de alguma forma crítica, aparece logo o exército para reprimir e encarcerar.Quando uma amiga venezuelana me contou agora o que viu por lá nos três meses que lá passou - sendo ela quem é, uma agente social por profissão, engajada até na Suíça - percebi que já havia visto isso em outros cantos e tempos da nossa História.
Confesso que não gostei, e decepcionados começamos a nos perguntar porque será que a América do Sul, entra década, sai década, não se liberta do velho "vira o disco e toca o mesmo"? E uma elite política, seja qual for a sua tendência política tenta comprovar de forma ilegal que os sul americanos "só aprendem e vão em frente" se estiverem sob o jugo de uma mão de ferro. ("O Chile economicamente deu um pulo com Pinochet...", "A Educação em Cuba...." ) Enquanto que todos sabem que o problema maior a se combater na América do Sul, e em outros continentes em desenvolvimento, é a corrupção e a impunidade geral, que não vão terminar com a criação de um estado autoritário.
Hugo Chávez hoje é só mais um caudilho disfarçado de "socialista" e " pai dos pobres". Infelizmente essa laia de políticos populistas - que também poderíamos chamar de toupeiras, por levarem "en nombre del pueblo", "Deus" e outros pseudo princípios as instituições democráticas para o buraco - tem tido a tendência em aumentar no mundo político atual. Na América do Sul disfarçam-se sob o manto de um pseudo-esquerdismo, e na Europa pela direita pseudo-social, no médio Oriente como portadores da voz Divina. No entanto, quem não é inocente e já viveu as injustiças e corrupções que surgem com as ditaduras, onde a Liberdade para denunciar os abusos se enterra na masmorras. Sabe que no fundo a diferença entre esses ditadores e outros famosos e assumidos como Fidel e Pinochet, é a mesma diferença que existe entre um PC e um Mac. (*) Dois sistemas de processamento diferentes e em estágios de evolução destintos mas que alcançam o mesmo objetivo. Neste caso... a ditadura populista e o poder eterno, cujo o preço será dizimar a Liberdade de pensamento e expressão para reinar. "Afaste de mim esse cálice..." , prefiro a sede com liberdade, do que empanturrado e amordaçado, tangido nos mais elementares dos nossos direitos humanos.

Antonio Maria G.Lemos

(*) "...é a mesma diferença que existe entre um PC e um Mac." É uma expressão que li uma vez num artigo e tomei a liberdade de usar, em que o seu autor, (que infelizmente não sei mais o nome), fez um paralelo idêntico entre os radicais muçulmanos e judeus, que bloqueiam um caminho baseado em compromisso mútuo, por não lhes interessar a paz no médio oriente.

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