segunda-feira, 21 de maio de 2007

Qual é a minha nacionalidade?


Nunca havia participado, nem mesmo acompanhado, de um grupo denominado Moçambiqueonline, mas recentemente um amigo me havia indicado devido a alguns temas interessantes que por lá apareciam. Nas últimas semanas, por questões até mais pessoais, decidi ficar mais de leitor do que participante direto.
Ontem, acabei por escrever umas linhas para o site, que pelo o que percebi e infelizmente tenho que concordar, é aquele um espaço “moderado”, ou seja, existe ali um moderador que se reserva no direito de ali colocar o que acha interessante ou não, dentro dos seus critérios de avaliação. Pelo o que deu para perceber, não foi considerado o tema que coloquei como interessante para o debate, mas ainda assim não acho tão desprezivel e por isso aqui coloco.
Abordava a seguinte questão, não exactamente nas mesmas palavras pois não gravei o texto ao escrever diretamente naquela página, sem planejar e nem mesmo passar por uma correcção ortográfica :

Qual é a minha nacionalidade?

Nasci em 1960 na então Lourenço Marques, atual Maputo, vivi alguns anos na Beira e os dois últimos em Vila Pery (Chimoio). Os meus pais eram a favor da independência de Moçambique, mas quando do 7 de Setembro de 1974, não falo do Acordo de Lusaka e sim da tentativa de um grupo de “reacionários”, ao tomarem a Rádio Clube de LM, de desestruturar os objetivos do tal acordo, criaram uma convulsão social, com conseqüências ainda mais graves em Outubro daquele mesmo ano, que a minha Mãe (infelizmente o meu Pai já era falecido no 25 de Abril e no 25 de Junho) decidiu naquele momento que deveríamos sair de Moçambique e vir para o Brasil. Acreditava ela que agora, definitivamente, o Samora Machel e o seu “novo” partido político não fugiriam de uma instalação de uma nova e pesada ditadura, agora de esquerda, embora estivéssemos saindo ainda de uma ditadura, mesmo que de direita. Já ela previa (ou sabia?) que ditaduras são ditaduras, nem mais ou menos más, e eu, na cauda da sua decisão, nos meus 14 para 15 anos de idade, saí da terra que me viu nascer. Nunca fui a Portugal, nem mesmo como turista a vida ainda me deu essa oportunidade. Pergunto então, ou deixo para “debate” ou se debaterem, a seguinte questão, sem levar em consideração bilhetes de identidade ou legalidades subjetivas; Era eu um colonialista? Que nacionalidade devo eu ser ou acreditar ser, ou mesmo deixar o coração achar que sou? Simplesmente nasci na hora errada no lugar certo? E agora? Terráqueo fico, aos olhos dos moçambicanos devidamente identificados por um bilhete de identidade?!

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