domingo, 6 de julho de 2008

Memórias sem cronologia (I)

A década de 70 me foi dividida entre a Beira (Moçambique), alguns meses no Rio de Janeiro (Brasil), Zónuè e Vila Pery (Moçambique), Itapetinga na Bahia, Rio de Janeiro no Rio de Janeiro, Campina Grande e João Pessoa na Paraíba e Recife em Pernambuco, estas no Brasil.
Já na Beira, nos meus 11 para 12 anos, comecei a ouvir o Cat Stevens, o agora Yusuf Islam. Dou mais enfase à década de 70 porque foi uma música que me marcou esta fase, mas o ouço ainda hoje, nos meus quase 48 anos de idade.
Muitas vezes foi música de fundo dos meus sonhos de adolescente, outras vezes foi enredo de sonhos vividos.
Sempre tive o ídolo Cat Stevens como exemplo de poeta mensageiro da paz, da interação entre os homens.
Quando estava no Rio de Janeiro, lá por 1976, conheci, do lado de fora, a casa que o mesmo tinha nas encostas do Recreio dos Bandeirantes, no início da praia / bairro da Barra da Tijuca. Uma bela casa, em belo lugar,com um belíssimo visual. Pensei: Um felizardo, pode pagar um dos metros quadrados mais caros do planeta!
Mais tarde, fiquei sabendo que além de ter vendido a tal casa, tinha deixado tudo para ir para o Tibete. Mais admiração passei a ter pela personalidade. Só depois fiquei sabendo que não tinha ido exactamente para o Tibete e nem para o lado do budismo, tão em voga na época, mas sim se convertido ao islamismo.
A admiração manteve-se até que surgiu o obstáculo quando chegou a notícia de que o agora Yusuf havia apoiado a pena capital contra autor dos Versos Satânicos, o poeta Salman Bushdie.
Confesso que fiquei na altura com uma certa dificuldade de ouvir o Cat Stevens / Yusuf.
Mas com o tempo voltei a relacionar música do mesmo, tocada nos tempos da minha adolescência e juventude, como mais tarde já como Yusuf, aos meus sonhos e até às minhas lembranças dos sonhos vividos em Moçambique e no Brasil.

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