terça-feira, 15 de abril de 2008

Acordo Ortográfico II


Há vozes que dizem ser indefensável o Acordo Ortográfico, e levantam como o exemplo os ingleses, e outros povos que adotaram esta língua como sendo a sua, que vêm deixando evoluir a adaptação do “seu inglês” cada um à sua maneira. Até nisto há quem queira sempre colocar o santo do vizinho mais milagreiro do que o nosso!
Pontos de vista são pontos de vista, é claro, mas sem querer radicalizar, mas até talvez o fazendo, mas começando por respeitar a visão dos outros, o que não consigo é entender e visualizar é a divisão da Pátria tão bem retratada pela frase de Fernando Pessoa.
Não estou aqui defendendo padronizações de culturas, de importações ou proibições de importações de expressões regionais ou de se forçar sotaques de minhotos para os lisboetas, ou dos baianos para os gaúchos, ou entre angolanos e moçambicanos, ou cabo-verdeanos e portugueses. O que não consigo ver é toda esta gente a escrever este mesmo texto com códigos diferentes. Em formatos diferentes, tudo bem que cada um tem o seu estilo, mas em códigos diferentes só pelo respeito aos meus erros de português.
Se todos concordam que a língua tem vida e por isso evolui, o que é que, além de peneiras pontuais, sejam elas vindas de Portugal, do Brasil ou de outros países lusófonos, pode se sobrepor a se buscar uma padronização no código de comunicação, pelo meio da escrita, entre povos lusófonos? Raízes? Questões regionais? Questões culturais? E a língua portuguesa teve quantas origens? A base cultural que gerou esta língua passou a ser diferente ou vamos mesmo assumir a partir de agora um divisor de águas e acabar com a Pátria tão bem retratada por Fernando Pessoa e resumir o português à Península Ibérica, e fundarmos definitivamente o brasileiro, o moçambicano, o angolano e por ai afora?
Passaremos agora a dizer então que das "antigas línguas" lusófonas a que se menos fala é o português, para ser o brasileiro a ser a mais falada e talvez a de maior importância para integração entre alguns povos e algumas economias mundiais?
Acordo ortográfico envolve mesmo questões econômicas se os países envolvidos forem realmente sérios e estiverem a ver mais longe, em especial na parceria entre os países envolvidos no dito acordo, principalmente no campo de educação em todos os níveis, e não só.
A língua portuguesa é maningue nice, é mesmo massa, é do caraças, para não se aperceberem que o que se está a discutir é a ortografia e não questões culturais, a níveis regionais ou nacionais.
O resto é conversa, ou combersa, ou conversha ou shei lá!!!

5 comentários:

de.puta.madre disse...

NÃO! NÃO É!

E
Se a questão é política para quê falar do "c" e "p" e etc??
Não percebo!
A questão é mesmo o que ganha PORTUGAL em CEDER ao Brasil que, por sua vez, IMPÔS estas mudanças? Qual a LEGITIMIDADE POLÍTICA do Brasil (em termos da sua HEGEMONIA Internacional) para Exigir ACATO de PORTUGAL ao que lhe parece conveniente convencionar? Pelo representante do SIM ao Acordo ( Carlos Reis) verificamos que não existia SERIEDADE Linguística ( exemplificado em directo na RTP! P.Ex.: Como é que um Açoriano tem a desfaçatez de dizer que é para aproximar a grafia da fala! Para nos facilitar a vida!! Ele está redondamente a brincar. Porque como Açoriano sabe perfeitamente que isso é uma Bizarria!!). Nós estamos somente e repito somente a aproximar a grafia PORTUGUESA da do Brasil! É só isso! Os “c” e “p” é mesmo só para nos distrair, fazer de conta que o assunto é sério! Foi Seriamente tratado! Quando pelo que assistimos na praça pública(!) país que se preze fá-lo (!) Não consultamos NENHUM FILÓSOFO! … Pois! É uma comunidade Invisível! mas não perguntem ao Barata Moura ( P.F.V). O que esta questão nos demonstrou também é que temos mais uma série de medíocres que se fazem passar por escritores e poetas … e n escrevo mais … vale

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Xiça! O azedume está mesmo alto.
É o que dá juntar uma avaliação da ortografia com sentimentos xenófobos, me parece!
De qualquer forma, obrigado pela visita.

Anônimo disse...

Já fazem algumas semanas que a prática de aqui vir ao teu blogger passou a fazer parte da minha rotina diária. Confesso que, quase sempre, gosto do que aqui se lê e se aprende.Parabéns meu primo!! Temos nos falado muito pouco eu reconheço ...e, agora, que não se pode mais culpar a distância quando isso ocorre, resta-me atribuir o mau costume,talvez à reduzida convivência que essa mesma distância impõe. Porque, o Amor por todos vocês contiunua o mesmo!!

A respeito da matéria a baixo Saramago escreveu: Em relação ao acordo ortográfico, Saramago disse que já foi contra e a favor, mas que, fundamentalmente, esta nova reforma "é uma operação estética à língua" e que ele continuará a escrever da mesma forma - "os revisores que tratem disso". "Haverá facções contra e favor, mas não é tanto importante como a língua se apresenta, mas o que ela diz, o que propõe", disse.

Então que seja "MAninga Zacanaka" para honrar nossas origens!!

Anônimo disse...

Oi Zé Paulo,

Sabes que sei muito pouco a respeito de bloggers, por isso não consegui me fazer identificar ..logo me dei como um anónimo sem intenção.

Beijos

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Zé,

Não podes imaginar a felicidade de te ter também aqui, já que nos nossos corações tens lugar cativo.
Sobre o posicionamento do Saramago em relação ao tema, não concordo com o mesmo. Não me parece que está-se falando em perfumarias da língua. Vejo algo bem mais amplo que uma questão estética. Vejo muito mais por uma unidade da lusofonia por questões técnicas ortográficas e técnicas operacionais no que tange aos países envolvidos.
Se eu aceitar, ou qualquer um que aceite, que devemos assumir que cada um dos países da CPLP devem assumir a sua própria lingua e cada um evoluir ortográficamente como cada achar que deva, não há mais o que discutir.
Não concordando com isso e aceitando a evolução de algo vivo, como a língua, como é o meu caso, não há como fugir dos acordos ortográficos, atuais e futuros.
Mas tirando isto, bom mesmo foi receber a tua visita.
Um beijo para todos voces, em Natal.
Zé Paulo