terça-feira, 31 de julho de 2007

O uso da tragédia...

Fonte da Imagem: Jetsite

O uso das tragédias para alimentar o espírito trágico das pessoas arrepia-me. Todos nós temos as nossas histórias tristes na vida, mas ter a necessidade de nos alimentar de tragédias é algo que arrepia.
Com o acidente da TAM o exercício de trazer a tragédia de terceiros para si, é mais uma vez visto, e da forma de maior falta de respeito com as vítimas e as suas famílias. Cheguei mesmo a ler afirmações, como: “Durante anos viajei diáriamente deste aeroporto. Várias vezes tive que tirar óculos, canetas, sapatos e me colocar de bruços para uma aterrizagem de emergência... Porque? Porque "nao há espaço para aumentar a pista....". Aí fico pensando se o autor desta afirmação tem muita falta de sorte ou se eu tenho muita sorte. Por quase uma década usei em média este mesmo Aeroporto de Congonhas duas vezes por semana. E depois desta fase continuei usando, embora com bem menos freqüência, nunca tive que tirar uma caneta BIC do bolso e muito menos me colocar de bruços para uma aterrissagem de emergência devido à pista ser curta. Das centenas de vezes que usei este aeroporto, uma única vez tive que pousar a testa nos joelhos, e isso ainda no velho e barulhento, mas charmoso Electra que fazia a Ponte Aérea Rio – São Paulo – Rio, que foi atendida por esta aeronave até 1992. Foi em uma noite onde foi-nos avisado que um dos motores tinha pifado. Nem mesmo deu para sentir a adrenalina pois quem viajava constantemente nesta aeronave estava convencido que este grande pássaro pousava até com dois dos seus quatro turbo-hélices.
Mas há pessoas que gostam de viver de emoções, mesmo que debaixo de emoções fortes e reais de familiares de vitimas reais. O que já se viu, ouviu e se leu de possibilidades de tantos “especialistas” sobre as prováveis causas dos acidentes e os seus culpados!... Começando pela pista que não está preparada para a chuva, pelo maior culpado, o Lula, o erro do co-piloto e depois afinal o erro do comandante, o defeito da aeronave e ninguém dando ouvidos aos verdadeiros especialistas pedindo 10 meses para chegarem a uma conclusão técnica razoável, imparcial. Existem os que alimentam as hipóteses para ganhar dinheiro, como algum tipo de imprensa marron,- ainda bem que também existe a séria, que sériamente está tentando investigar paralelamente - mas existem os velhos amigos de esquina que realmente se alimentam somente das trágicas possibilidades das reais tragédias.
E agora a angústia política da nossa Câmara, uma célula da nossa sociedade, e a sua CPI sobre o “Apagão Aéreo” já conseguiu obrigar Aeronáutica e órgãos competentes a liberar informações retiradas das caixas pretas da aeronave. Se inicialmente os quarenta e poucos deputados envolvidos na tal CPI teriam a obrigação de segurarem a língua e manterem em segredo as informações que serão (foram) passadas à CPI do Apagão Aéreo, agora ao perceberm que manter quarenta e tal políticos de bico calado não seria tarefa fácil, decidiram formalizar a impossibilidade de se acreditar nesta possibilidade e ficou decidido que amanhã serão publicadas e noticiadas informações que a Câmara recebeu hoje da Aeronáutica. Assim não haverá caça às bruxas quando as informações vazassem. O que haverá é uma nova onda de conclusões dos “especialistas” de plantão, a falta de respeito pelos verdadeiros conhecedores da matéria e principalmente a falta de respeito pelas vitimas e os seus famliares.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Ricardo Rangel, Oficial das Artes e Letras


Clique em uma das imagens para ler a notícia completa sobre a condecoração do grande ser humano, o fotógrafo moçambicano Ricardo Rangel, como Oficial das Artes e Letras pelo governo francês através da sua Embaixada em Moçambique.
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25/07 - Hoje estou especialmente feliz porque soube que o casal de Leopardos, Ricardo e Beatriz, andaram aqui a espreitar. Como acho que os Tios irão gostar de ler, coloco abaixo uns links de uns post´s mais antigos:
Sexta-feira, 4 de Maio de 2007 - Liberdade de Imprensa
Terça-feira, 3 de Julho de 2007 - Saudades do Pai que era jornalista

segunda-feira, 23 de julho de 2007

A hospitalidade carioca continua no Rio!


Além do gesto antipático, mas democrático, das vaias ao Presidente da República do Brasil, o Lula, na abertura do Pan 2007, viu-se a torcida envolvida em confusão uma única vez , quando da desclassificação da judoca brasileira Erica Miranda que disputava com uma atleta cubana, e que pelo o que os entendidos dizem parece que foi mesmo injusto o juíz. De qualquer forma não se pode concordar com a reação do público quando começou a atirar objetos para a área de luta e muito menos ao virar as costas quando o Hino Nacional de Cuba foi tocado na entrega das medalhas.

O contacto saudável entre torcedores que o António diz ter vivido na Alemanha, também percebe-se nestes jogos que se realizam no Rio de Janeiro. Além deles, recentemente vivemos no futebol, a grande paixão dos brasileiros, a Final da Copa América entre Brasil e Argentina, rivais de sempre, onde históricamente houveram grandes batalhas campais entre jogadores e torcidas. Mas felizmente isso não é como antes, principalmente depois que jogadores sul-americanos passaram a conviver em campeonatos europeus, jogando nos mesmos clubes ou indo às mesmas festas. E isso passou para a torcida. Nesta final de campeonato de que falo, eu e a minha mulher assistimos em casa de um casal amigo onde a esposa é argentina e fomos para lá convencidos que seríamos derrotados. Nesse mesmo horário a minha filha e o namorado, com os seus amigos, foram para um barzinho onde se juntam grupos enormes para verem jogos de futebol em telões. Nesse jogo havia presente também representantes da torcida argentina, inclusive empunhando a bonita bandeira argentina. Se a maioria era de torcida brasileira, a maioria acreditava na derrota da Canarinha, mas na vitória brasileira houve sim a festa, com as gozações naturais mas sem os conflitos que em décadas passadas com toda a certeza apareceriam. É claro que pontualmente ainda existem conflitos entre torcedores brasileiros e países vizinhos, talvez não tão fortes como os que vimos acontecer entre os hooligans europeus, que ainda na Copa da Alemanha vimos o mau exemplo de uma minoria deles de nacionalidades alemã e inglesa a criar grande confusão em um grande conflito entre os dois grupos.

Já sobre o envolvimento de pessoas diretamente ligadas ao esporte, neste caso ao judô brasileiro e cubano, se envolverem ao tapa e murros, não há o que dizer. Não interessa aqui levantar se foram os cubanos que começaram primeiro a falar o que não deviam ao reagir à atitude da torcida, ou se foi um de uma das federações estaduais brasileira que jogou um caderno para a tribuna dos cubanos primeiro.

Bom mesmo foi depois ver as atletas brasileiras e cubanas, junto com os seus treinadores e outros componentes das equipes, entrarem de mãos dadas no ginásio e levantarem as mesmas, sem as largar um dos outros, para o público, e este público agora sim, reagir efusivamente e positivamente com aplausos e assobios de arrepiar qualquer cidadão do mundo. Outra coisa muito boa de ver, foi a reação rápida da Confederação Brasileira de Judô de afastar os quatro dirigentes identificados no tumulto. Para ficar melhor só sabendo que a Confederação de Cuba tomasse a mesma decisão com os seus.

Sobre a “breguice” e um possivel nacionalismo de se cantar o Hino Nacional durante o decorrer uma disputa, isto não vem acontecendo só no judô mas também em outras disputas. Breguice? Talvez, mas um conceito subjetivo. Nacionalismo mal colocado? Discordo! O hino neste caso surgiu como mais uma canção de uma torcida, esportivamente falando, apaixonada, e que canta o Hino não muito mais emocionada do que quando canta: “Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor!” Quando ela canta esta última ou o Hino (parcial) durante um jogo, não tem nada de xenofobia ou nacionalismo. Tem sim uma torcida, torcendo muito por uma das suas seleções ou pelos seus atletas.

Sobre um Nuzman que eu já admirei mais e a sua colocação, “Boa sorte Brasil”, ele ainda teve tempo de consertar e completar com o “Boa sorte Américas”, embora não tivesse saído com a mesma naturalidade, é certo. Mas sem defender a figura, me parece que a "boa sorte" estava mais direcionada para a organização do evento e a imagem que o mesmo poderá dar ao país do que o desejo de vitória nos jogos em si. Até porque o mesmo tem o rabo preso nesta organização e na campanha para organizar-se aqui uma Olimpíada.
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Às 22:30hs de 24/7, lendo uma notícia que em parte acaba dando razão ao que o António Maria questiona, não pude deixar de aqui deixar o link: Com vergonha da torcida, brasileiro culpa vaias por mau resultado. Ainda assim,sem querer ser o teimoso da história, e talvez já sendo, não mudo a essencia do que escrevi neste post, até em parte respaldado pela própria notícia.

Pan 2007 - Onde ficou a nossa famosa Hospitalidade ?

Briga entre cubanos e brasileiros
após desclassificação da brasileira
Erika Miranda no judô.


Crónica de Antonio Maria G.Lemos

É pena que muitos dos esportistas e membros do comitê esportivo brasileiro incentivem o seu público a passar dos limites que eu considero como civilizados e dignos de verdadeiros anfitriões. Se levassem essa sua nobre responsabilidade a sério, o Brasil em termos futuros seria mesmo o verdadeiro Campeão na arte de receber.

Os bons resultados alcançados pelo Brasil até agora para mim, perdem bastante do seu colorido e grandeza, devido às péssimas ações e imagens não só do público, e o que é pior, como também de esportistas e membros da delegação brasileira. (Imagens que infelizmente já rodaram as TV's do mundo e se mostram pouco candidatáveis a um evento de nível Mundial.)

Na verdade ao ter visto no discurso de abertura do Pan, feito pela discutível pessoa do Sr. Nuzman, em que o próprio sem consciência do ato em que estava envolvido - onde o espírito olímpico em todos os sentidos deve reinar - ser encerrado com um "Boa sorte BrasiL", ou algo do gênero, agourava o futuro dos jogos, em termos de "bem receber".Se pode tentar desculpá-lo dizendo que ele entrou de gaiato no navio, substituindo o Presidente da República . Mesmo assim sendo ele adulto suficiente, e um "profissional" de esportes, não foi capaz de incorporar o espírito do evento que estava abrindo para o Mundo.

Nesse momento ficou claro para mim que a onda nacionalista manipulada nos anos 70 através do esporte não morreu no Brasil. A IMPARCIALIDADE e HOSPITALIDADE que se espera de certos cargos - já que se não fosse por pura educação de berço, pelo menos fosse "protocolarmente" efetuada - haviam em nome do nacionalismo manipulado, mais uma vez sido relegada de forma mal educada. Pena, foi uma ação Indigna para com até então mundialmente conhecida hospitalidade brasileira.

Ver o público no meio de vários "confrontos" esportistas de repente começar a cantar o Hino Naional, é para mim a maior das breguices esportistas, que nós "canarinhos" tínhamos para cantar dentro do espírito Olímpico e como anfitriões. Não saberemos nós incentivar sem sermos estupidamente nacionalistas? Deixemos as demonstrações do nosso conceito infantil e pouco consequente de se ser patriota, para quando as visitas partirem! Aí sim, é hora de se mostrar de verdade o nosso pariotismo e vontade de levar o Brasil sem cambalachos p´ra frente!

Isso me faz lembrar a diferença - será mesmo só de temperamento, ou é só a velha desculpa mal disfarçada que arranjamos para o nosso lado cego acreditar? - do que eu vivi na Copa do Mundo passada. Eu estava na Alemanha quando eles perderam e vi os torcedores vitoriosos cantando nas ruas sem ser molestados. Mais ainda, vi que os derrotados alemães ainda pagavam a cerveja "de parabéns" para os que lhes haviam tirado a chance de chegarem á final no seu próprio país!!No jogo pelo terceiro lugar entre os anfitriões germânicos e a seleção portuguesa, guiada pelo "nosso" Scolari, como não havíamos conseguido entradas para ver o jogo, resolvemos nos mandar por uns dias para Hamburgo onde tínhamos hospedagem gratuita de amigos alemães, e assim nos manteriamos envolvidos no espírito da Copa. Andamos os dias inteiros pelas ruas, visitando vários centros abertos ao público com enormes telões e muita (boa e forte) cerveja rolando. (Se o alcool fosse mesmo desculpa, então não sei como é que na Alemanha não se confirmou tal teoria.) Lado a lado vivi e compartilhei emoções entre várias nações do mundo. Ombro a ombro vi brasileiros e portugueses torcendo por Portugal ao lado dos anfitriões alemães. Já horas antes, a torcida da casa cantava seus hinos, muitas vezes de clubes alemães, dos quais alguns dos seus jogadores da seleção faziam parte. Alguns desses hinos foram adaptados de clube em favor da seleção. Em nenhum lugar vi o público cantar o Hino Nacional no meio do jogo (!?) Infelizmente nessa tarde a Turma Lusitana do "nosso" Scolari perdeu e os alemães ficaram em terceiro. Tal lá como cá, para os fanáticos do futebol, terceiro é mesmo que último. Por isso a nós derrotados daquela tarde, nada nos sobrou do que convidar os anfitriões e vencedores a virem comer uma pizza num restaurante italiano, no bairro St.Pauli, onde reservamos logo uma longa mesa, para um dia depois assistirmos á final entre França e Itália. Sendo a Alemanha um país em que no futebol entre clubes nacionais, a violência entre as torcidas também reina, como anfitriões internacionais para mim serão sempre os maiores Ganhadores da Ultima Copa... em que o Brasil perdeu ajeitando meias na defesa e nem a chance de aprender como se recebe visitas, aprendeu. (Imaginem os argentinos, ou de qualquer outro país, saírem para o calçadão de Copacabana festejando uma vitória em cima do Brasil? Isso seria, devido ao espírito incentivado pelos (ir)responsáveis nacionais, uma morte certa por cadeirada e bofetão.)

Danke viel Mal Deutschland, für deine Beispiellose und herzige Gastfreundschaft !

domingo, 22 de julho de 2007

Enquanto o ditador dormia...


Depois de ter sofrido na pele a desorganizção da aviação neste país, e assim ter ficado 3 horas de espera no aeroporto de Maringá, estou finalmente de volta ao ninho.
Sentadinho à espera de notícias do vôo, aproveitei para colocar uns relatórios em dia e ainda ler um pouco das estórias do "Jack Gil", do "Enquanto o ditador dormia...", de Domingos Amaral.
Comprei este livro na livraria do Aeroporto de Curitiba, no domingo passado quando seguia para Maringá. Li-o durante a viagem, por lá uma ou outra noite já que tarde e cansado chegava ao hotel na maiorIa dos dias. Comprei-o motivado pelo encarte que dizia já ter vendido 200.000 exemplares em apenas três meses em Portugal.
Uma estória à volta do personagem central "Jack Gil", um luso-britanico, como ele gosta de dizer; filho de mãe portuguesa. Os seus envolvimentos sentimentais, em pleno período da Segunda Guerra Mundial, onde alguns personagens são reais em aventuras fictícias em cima de temas reais de uma Lisboa / Portugal envolvida na estadia de espionagem, em especial de ingleses e nazistas.
Tenho me divertido a ler o mesmo e já tenho uma certa pena de ver que já estão no fim as 460 páginas. Se a parte que envolve a história de uma Guerra Mundial e um mundo de uma ditadura do então Salazar envolve a minha leitura, talvez um dos motivos que mais me tenha prendido no livro tenha sido um estilo de uma das "personalidades" da escrita do chamuar Carlos Gil e identificar em algumas personagens deste livro de Domingos Amaral com algumas do chamuar. E me tenho rido bastante cada vez que aparece o nome do personagem "Jack Gil" pois relaciono-o logo ao Gil, ou melhor, aos personagens mais pervertidos do Carlos Gil.
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Tirei os parágrafos acima de uma das mensagem que troquei com o próprio Carlos Gil e a minha irmã Tareca em um grupo do MSN, o MOH. Hoje acabei por terminar a leitura do livro e se o mesmo não está aí para fazer o seu autor concorrer a um Prémio Nobel de Literatura, classifico-o como sendo uma agradável leitura, que nos faz voltar, sem nunca lá ter estado, a uma Lisboa da década de quarenta e o seu recheio de refugiados de guerra, alguns deles espiões, onde o Jack Gil acaba prestando serviços para uma organização de espionagem britância, o M16, administrando este seu papel com os seus envolvimentos sentimentais. Um bom enredo, sem grandes efeitos de James Bond, e com um final bem armado.

domingo, 15 de julho de 2007

Os 50 do chamuar Fernando!


Esta noite tive o prazer de participar de uma festa que não teve direito a vaias. Só aplausos para a abertura de um novo meio século de um grande amigo que fiz em Curitiba. O Fernando, brasileiro nato, casado com uma queredíssima Mabel, a argentina da história. Que bom que a festa foi ontem e não hoje ou amanhã depois da grande final do Sul-Americano de futebol onde as duas nacionalidades deste casal estarão representadas.
Técnicamente a Mabel está em vantagem, mas o Fernando tem algo para o confortar. No clássico Brasil X Argentina nunca há favoritismo e no último *Sul-Americano enfrentámos os argentinos também com uma seleção desconfigurada enquanto os argentinos tinham a sua força máxima e a Canarinha acabou campeã nos penaltis.
Mas hoje, ainda na ressaca da alegria da festa de ontem, os parabéns estão para o chamuar Fernando e torcer para que os desejos que ele tenha sejam realizados.
O resultado do jogo, esse nem é tão importante quando temos um casal multi-latino, com tons de samba e tango.
*Sul-Americano, n~"ao. Desculpem o erro. Copa América é um torneio das seleções das Américas, onde a USA é participante.
** Já agora, após uma pequena correção, não custa registrar que o resultado foi de 3 X 0 para o Brasil. O favorito perdeu!

sábado, 14 de julho de 2007

No Pan, vaias ao Lula


A festa de abertura dos Jogos do Pan-Americano mostraram uma reação do público, a cada vez que o Presidente Lula era citado ou aparecia no telão no decorrer do evento, ao ponto de terem mudado de forma atrapalhada o protocolo desta já 15ª. festa do Pan- Americano e de outros eventos esportivos similares, como as Olimpíadas, que é o de ser o presidente da república, ou cargo similar, a declarar os jogos abertos.
Haviam no Maracanã aproximadamente 85 mil pessoas no público, onde uma grande parte participaram da vaia. Deste público, uma grande parcela, cariocas. Outra parcela de pessoas vindas de outros lugares do Brasil, além de uma parte de estrangeiros. Deixando os estrangeiros de fora, imagino que mais de 50% do público - para não errar por muito – vaiou o Lula. Há quem diga que não, que as vaias vinham de forma organizada, de lugar especifico das arquibancadas, não tenho a certeza, embora conhecendo o Maracanã saiba que um bom grupo de pessoas já se faz ouvir naquela imensidão de gente.
Mas comparando com os resultados da última avaliação feita pelo IBOPE, não faz sentido...ou talvez até faça. Vou só apresentar aqui duas das referências levantadas pelo IBOPE no início deste mês:

Como a população classifica o Governo Lula:

Ótimo - 50%
Regular - 32%
Ruim e péssimo - 18%

Desempenho individual do Lula

Aprova - Perto de 70%
Desaprova - Perto de 30%

Olhando estes dois indicadores recém avaliados e ouvindo as vaias, o que podemos entender? Era o espírito carioca brincalhão que ecoava nas vaias? A revolta dos cariocas com a alta violência na cidade transformou-se em vaias ao Presidente do país, em aplausos parciais ao governador do estado Sergio Cabral e aplausos efusivos ao prefeito do Rio, Cesar Maia, este anti-Lula até debaixo d'água? Estavam no Maracanã na sua maioria os representantes dos 18% do primeiro indicador e dos 30% do segundo indicador da avaliação feita pelo IBOPE no início deste mês?!
Cada um que tire as suas conclusões, mas pessoalmente continuo vibrando com a festa de abertura do Pan-Americano, com a democracia que parte do povo ali presente demonstrou e o próprio Lula comprovou, e pela continuação da até agora bela festa do esporte.

*Já dizia o velho e falecido Nelson Rodrigues: "no Maracanã vaia-se até minuto de silêncio"

Pan-Americanos



Os Jogos Pan Americanos, que este ano acontecem na Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro tiveram as suas festividades de abertura nesta sexta-feira, sendo encerrada com a música Aquarela do Brasil, cantada pela competente Daniela Mercury.
A abertura foi um show de primeiro mundo organizado em um país de terceiro mundo, onde até a democracia foi demonstrada a este mundo de contrastes sociais quando da vaia ao Lula.
O cantor Chico Cesar deu o seu show à parte com o seu som nordestino e acompanhado por um corpo bailarino de primeiríssima.
Acrobatas, bateria de samba recepcionando as delegações de todas as américas, uma pira olímpica das mais bonitas que vi até então, representando um Sol.
O Brasil mostrou competência na festa da abertura destes jogos. Torço para que continuem com o mesmo sucesso no decorrer do evento no que se refere à sua organização, e também nos resultados dos seus (nossos) atletas.
Por enquanto os parabéns devem ficar registrados.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Mundivagâncias

Foto de ZP (Uma estrada especial)

Ao receber uma visita de uma amiga, lembrei-me de espreitar o seu blogue que sabia há muito inativo. Feliz idéia tive pois percebi que afinal, embora como eu sem uma regularidade na escrita, volta-se a lá encontrar o que se ler. E é bom ver e ler o Mundivagâncias da CB. Já está aqui no lado esquerdo, na relação das minhas "Outras Estradas".

domingo, 8 de julho de 2007

Início das férias escolares do meio do ano lectivo...

Ratatouille marcou o início das férias do Filipe e de certa forma o meu retorno (mais um) ao mundo do Walt Disney. Só neste mundo de fantasia é que se pode fazer conviver o ambiente da alta cozinha de humanos com um rato. O rato Remy "com coragem de cozinhar" transforma-se em um chef de cozinha atingindo o seu sonho através de um desajeitado herdeiro de um falecido grande chef francês, onde certas cenas chegaram-me a fazer com que me preocupasse em afinar a máquina do olfato e do paladar.
Se há momentos bons da vida é ouvir crianças rirem com inteligência, ainda mais quando entre elas, as risadas, estão as do meu filho Filipe.


O Sentido das Coisas divulgou o resultado do evento que organizou. E ficou assim:

1 - O Alquimista (20 Votos)
2 - We Have Kaos In The Garden (19 Votos)
3 - Luz de Luma, yes party! (13 Votos)
4 - As Palavras Que Nunca Te Direi (11 Votos)
5 - O Jumento (11 Votos)
6 - O ContraBlog (11 Votos)
7 - A Papoila (10 Votos)

terça-feira, 3 de julho de 2007

Saudades do Pai que era jornalista

Gouvêa Lemos e Ricardo Rangel em jantar de despedida
do primeiro quando seguia para o Brasil, em 1972.


Estes dias, por questões pessoais, tenho me lembrado muito do meu velho Pai. Na verdade, um Pai que nunca foi velho porque morreu ainda muito novo, aos 47 anos de idade. Ele escrevia umas coisas que parece que nos queria deixar, aos filhos, como herança para que pudéssemos ler, aprender e até deixar como recado para terceiros já que não temos a mesma habilidade e competência que ele demonstrou enquanto viveu. A percepção e a assimilação desta grande herança vai sendo aproveitada dentro do "cada um, cada qual...".
Abaixo transcrevo duas crónicas, uma que serve de recado para qualquer anônimo, e outra que trocando nomes e situações até serve para editar em situações bem atuais.
No entanto se não servir para nem uma nem outra coisa, servirá como história do jornalismo luso-moçambicano e matar um pouco as minhas saudades.
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TIROS PARA O AR
Por Gouvêa Lemos -A TRIBUNA (Moçambique - Década de 60)

Tenho uma idéia vaga de, em tempos da minha meninice, ter um vizinho de quinta amedrontado e maníaco, que se assustava muito com muito luar. Por isso, em noites claras de Janeiro ou de Agosto e até de outros meses, o senhor ia ao muro do fundo que dava para a estrada e de lá punha-se aos tiros para o ar com uma caçadeira que ele tinha. Quando o interrogavam sobre aquelas batalhas a solo, o sr. José - chamemos-lhe Sr. José - explicava que era contra os inimigos que disparava, em noites de lua cheia, ou luva nova ou mesmo com um quartozinho crescente. Quer dizer, muita lua e o Sr. José, pum, pum, pum, desatava aos tiros para o ar - contra os inimigos. O que tinha graça nisso era que ninguém conhecia inimigos do Sr. José que nem era mau homem, era só maníaco e amedrontado, assim um pouco palerma; não se sabia portantode quem eram inimigos os inimigos que o afligiam, coitado do Sr. José. Ora eu tenho reparado que ultimamente aparecem muitos artigos em alguns jornais, escritos por uns senhores que me lembram o Sr. José, lá nos tempos da minha meninice, por acaso na Beira Alta. Não sei se é de haver lua - há lua? - ou lá porque é, sei só que nesses artigos muito vagos, nada objectivos embora conceituosissimos, se fazem acusações graves de grandes e pavorosos pecados (que devem ser mas não se sabe quais) contra pessoas muito incógnitas, muito anônimas, se calhar nem existentes. Mas a xingação é brava e contundente. Fala-se de traidores, tipos que são contra, vendidods, perigosos inimigos como o Sr. José dizia), mas ninguém sabe nem percebe a quem é que os tais traíram ou vão ou estão a trair, quem foi que os comprou ou vai ou está a comprar e, finalmente, de quem ou de quê eles são inimigos, a quem ou a quê eles oferecem perigos. É um raio duma confusão!... Se isto me aflige um pouco não é por mim, que passo adiante e leio tantas outras coisas que devo ler e não me importo: mas, como sou dos jornais e me preocupo com estes negócios de Imprensa, acho que o tal fenômeno começa a tomar forma de hábito com tendência endêmica, o que produzirá certamente larga desorganização na opinião pública, gerando-se um clima de desassossego altamente nocivo ao menos para quem precisa de dormir: qualquer dia desata tudo a comprar caçadeiras e a dar tiros de noite, "contra os inimigos". Não está certo. Por isso eu peço aos camaradas mais useiros nesses sustos de noites de luar, que deixem disso, não tenham medo e falem claro. Ó senhores, devemos falar claro, pôr os pontinhos nos ii, as carapuças nas cabeças, apontar cada um a sua caçadeira para cada rés, desde que seja caso de tiroteio. Mas não assustem ninguém, pelo menos as crianças que, ao fim e ao cabo, ainda são as que têm mais receio dessas coisas... Há tempos até li um artigo enorme, bem destacado, com um grande título, muito bem composto, sem gralhas nem nada e não consegui perceber nicles. Reli, ainda, quase até meio; e nada. Mas como era colérico! Como estava ofensivo! Severo e iracundo, prevenia-nos contra temerosos males e denunciava autênticas feras humanas, postas de tocaia contra nós todos, os homens bons (eu, também, não me considero mau homem). Mas afinal, o pobre do artiguinho resultava inútil, porque ninguém nos dizia contra quem era aquela cólera, quem seriam os ofendidos, que males nos ameaçavam e onde estavam as feras. Nem sequer explicava se estas eram mamíferos ou aves ou qualquer desses bichos que há na zoologia. Apre! Isso não deve ser jornalismo. Aliás, eu tenho para mim, que até do ponto de vista lá das manias deles, isso não deve resultar. Quer dizer, nem mesmo para efeitos de denúncia à Policia ou assim, não é? A não ser que haja qualquer código que a gente não sabe. Um código só para os homens bons... Mas então eu quero saber! Não, não deve ser isso. São mas é como o Sr. José, que era palerma e em noites de luar, lá na quinta, punha-se a dar tiros com uma caçadeira. Para o ar. Contra os inimigos.
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DIAS ELEITORAIS
Gouvêa Lemos – Notícias da Beira – Moçambique, 15/06/1969

Vivemos dias intensamente eleitorais. Sentimos isso – nós, os jornalistas profissionais de Moçambique – no noticiário internacional que publicamos, nas conversas de café (o café é a nossa horta) e no pequeno mundo da classe profissional.
Estamos hoje chegados ao termo da eleição presidencial imposta à França, no referendo de Maio, pela derrota do general De Gaulle. A vitória do general De Gaulle está à vista, como se sabe, garantindo-se a continuidade do regime no nariz gaulista de Pompidou e no resto.
Aqui ao lado, faltam poucos dias para outro referendo, em que Ian Smith resolveu fazer um jogo perigoso. Quantos dirão sim e quem dirá não às bases sem realismo duma constituição racista e sem futuro? Falta a Smith a altura do grande Charles. Falta aos farmers da Frente Rodesiana, que empurram Smith para esta aventura, saberem política. E falta saber quem pagará a conta, já que nos últimos quatro anos não têm sido só os rodesianos a suportar os encargos da independência unilateral. Nós sabemos disso.
No âmbito interno, fala-se por aí de candidatosa deputados por Moçambique à Assembleia Nacional. Ainda não se sabe, ao certo, quem serão eles e, portanto, seria prematuro fazer quaisquer comentários a seu respeito. Referem-se, porém, alguns nomes de ex-futuros-candiidatos. Pessoas que estiveram indigitadas para figurar em listas de candidatura e que, depois, foram retiradas. Toda a gente que conheço concorda com a retirada. Os responsáveis devem considerar este facto um bom indício. Uma espécie de consulta pré-eleitoral com resultado positivo.
Também os redactores e repórteres da Imprensa diária andam em ânsias de voto para a eleição dos primeiros corpos gerentes da secção de Moçambique do Sindicato Nacional dos Jornalistas, a realizar esta manhã. Supreendentemente, na pântano fizeram-se ondas e, mais que a lista única, surgiram duas, apareceram três. A segunda anulou a primeira, é verdade, mas da simbíose resultante, apesar de eficientemente apoiada por astuta articulação e penetrante propaganda, parece que não vai nascer o triunfo, por uma dessas circunstâncias fortuitas, poderosas contingências de valor psicológico, tantas vezes decisivas das eleições, à margem e acima dos mais prestigiosos candidatos e promissores programas. O caso é que, havendo práticamente uma só lista, a certa altura reformulada, em que o lugar do presidente da Direcção apresentava como candidato Rui Cartaxana, chefe da Reportagem do «Notícias», de Lourenço Marques, parecia que este vencedor certo, com votos da capital, onde está, e da Beira, onde esteve durante anos e ganhou fama. Até certa data, os inquéritos a que ele próprio procedeu, com insistenteactualização, davam-lhe uma tranquila margem. É certo que também se falava um pouco do João Manuel Ferreira Simões, delegado do «Notícias da Beira» em Lourenço Marques, que tem sido o delegado do Sindicato em Moçambique e que nessa trabalhosa e humilde tarefa se tem portado com brio e dedicação. Mas ninguèm supunha que o Ferreira Simões, voluntáriamente afastado da campanha e, para mais, ao serviço dum jornal da Beira, detivesse a carreira disparada do Rui Cartaxana. Eis senão quando, uns colegas atentos, de espírito muito analítico e temperamento laboratorial, julgaram descobrir e fizeram constar que uma crónica bem escrita, de agradável humor e lúcida ironia, sobre a idade aparente das senhoras de aparente idade, que o Rui Cartaxana subscrevia no «Notícias» de 25 de Maio p.p, já tinha sido públicada no «Diário Popular» de 13 do mesmo mês, com assinatura de Luíza Manoelde Vilhena. Amigos da onça, estes sujeitos, portaram-se como cabos eleitorais do Ferreira Simões. Não contentes com a descoberta, prpalaram logo que o Cartaxana é useiro e vezeiro na prática de beber quase todo o conteúdo e comer a forma quase toda de artigos suculentos de bons especialistas, apresentando-se depois a opinar ex-cátedra sobre assuntos económicos e de outra natureza com admiráveis pontos de contacto entre o seu articulado e as teses de qualificados colaboradores da «Seara Nova», por exemplo.
Ora, se é por isto que ele perde a eleição, acho injusto. O jornalista é um agente de informação , um factor de cultura. E torna-se muito delicado e difícil distinguir entre o que ele transmite, por ter assimilado e o que reproduz, simplesmente, porque é um apóstolo da comunicação. O próprio Rui Cartaxana virá dar-nos uma explicação do fenômeno. A priori, devo dizer que não acredito em plágio. Nesta época de vida urgente em que a seleção e a condensação se apresentam como virtudes dos mass media, a compilação do que de mais importante se escreve na Imprensa não diária, benefiaciando os leitores dos grandes quotidianos, constitui trabalho não menor da atividade jornalística. Bem grande nesse labor o dr. Videira Pires, que Deus haja. Por que bater no Cartaxana? Se o meu camarada Ferreira Simões for eleito, hoje, em consequencia deste grave equívoco, não poderá orgulhar-se da vitória.

domingo, 1 de julho de 2007

7 Maravilhas da Blogoesfera


Como uma grata supresa, muito mais por ter sido quem votou do que pelo concurso em si, recebi a informação que fui colocado na lista da Ana, do Digital no Indico, como sendo a Lanterna Acesa uma das suas 7 Maravilhas da Blogoesfera. Com toda a certeza é esta uma feliz notícia.
Como não se trata de uma corrente, e sim de uma votação, aberta que seja, vou aqui também participar dela. Farão parte da minha lista 7 blogues da lista de links que estão já identificados no Lanterna. O problema é que estão um pouquinho mais do que os tais sete.
Primeiro, transcrevo as regras que li no Digital no Índico:
Regulamento:
1. Podem participar na votação todos os bloggers que mantenham blogues activos há mais de um mês [os outros esperem por outra ideia brilhante que alguém irá ter].
2. Cada blogger deverá referenciar sete nomes de blogs. A cada menção corresponde um 1 voto.
3. Cada blogger só poderá votar uma vez, e deverá publicar as suas menções no seu blog [da forma que melhor lhe aprouver], enviando-as posteriormente para o seguinte e-mail: 7.maravilhas.blogoesfera@gmail.com. No e-mail, para além da escolha, deverão indicar o link para o post onde efectuaram as nomeações.
4.A data limite para a publicação e envio das votações é dia: 01/07/2007.
5. De forma a reduzir alguns constrangimentos [e desplantes], e evitar algumas cortesias desnecessárias, também são considerados votos nulos:- Os votos dos blogger(s) em si próprio(s) ou no(s) blogue(s) em que participa(m);
7. No dia 7.7.2007 serão anunciados os vencedores e disponibilizadas todas as votações.
Agora, vai a minha lista: