segunda-feira, 23 de julho de 2007

Pan 2007 - Onde ficou a nossa famosa Hospitalidade ?

Briga entre cubanos e brasileiros
após desclassificação da brasileira
Erika Miranda no judô.


Crónica de Antonio Maria G.Lemos

É pena que muitos dos esportistas e membros do comitê esportivo brasileiro incentivem o seu público a passar dos limites que eu considero como civilizados e dignos de verdadeiros anfitriões. Se levassem essa sua nobre responsabilidade a sério, o Brasil em termos futuros seria mesmo o verdadeiro Campeão na arte de receber.

Os bons resultados alcançados pelo Brasil até agora para mim, perdem bastante do seu colorido e grandeza, devido às péssimas ações e imagens não só do público, e o que é pior, como também de esportistas e membros da delegação brasileira. (Imagens que infelizmente já rodaram as TV's do mundo e se mostram pouco candidatáveis a um evento de nível Mundial.)

Na verdade ao ter visto no discurso de abertura do Pan, feito pela discutível pessoa do Sr. Nuzman, em que o próprio sem consciência do ato em que estava envolvido - onde o espírito olímpico em todos os sentidos deve reinar - ser encerrado com um "Boa sorte BrasiL", ou algo do gênero, agourava o futuro dos jogos, em termos de "bem receber".Se pode tentar desculpá-lo dizendo que ele entrou de gaiato no navio, substituindo o Presidente da República . Mesmo assim sendo ele adulto suficiente, e um "profissional" de esportes, não foi capaz de incorporar o espírito do evento que estava abrindo para o Mundo.

Nesse momento ficou claro para mim que a onda nacionalista manipulada nos anos 70 através do esporte não morreu no Brasil. A IMPARCIALIDADE e HOSPITALIDADE que se espera de certos cargos - já que se não fosse por pura educação de berço, pelo menos fosse "protocolarmente" efetuada - haviam em nome do nacionalismo manipulado, mais uma vez sido relegada de forma mal educada. Pena, foi uma ação Indigna para com até então mundialmente conhecida hospitalidade brasileira.

Ver o público no meio de vários "confrontos" esportistas de repente começar a cantar o Hino Naional, é para mim a maior das breguices esportistas, que nós "canarinhos" tínhamos para cantar dentro do espírito Olímpico e como anfitriões. Não saberemos nós incentivar sem sermos estupidamente nacionalistas? Deixemos as demonstrações do nosso conceito infantil e pouco consequente de se ser patriota, para quando as visitas partirem! Aí sim, é hora de se mostrar de verdade o nosso pariotismo e vontade de levar o Brasil sem cambalachos p´ra frente!

Isso me faz lembrar a diferença - será mesmo só de temperamento, ou é só a velha desculpa mal disfarçada que arranjamos para o nosso lado cego acreditar? - do que eu vivi na Copa do Mundo passada. Eu estava na Alemanha quando eles perderam e vi os torcedores vitoriosos cantando nas ruas sem ser molestados. Mais ainda, vi que os derrotados alemães ainda pagavam a cerveja "de parabéns" para os que lhes haviam tirado a chance de chegarem á final no seu próprio país!!No jogo pelo terceiro lugar entre os anfitriões germânicos e a seleção portuguesa, guiada pelo "nosso" Scolari, como não havíamos conseguido entradas para ver o jogo, resolvemos nos mandar por uns dias para Hamburgo onde tínhamos hospedagem gratuita de amigos alemães, e assim nos manteriamos envolvidos no espírito da Copa. Andamos os dias inteiros pelas ruas, visitando vários centros abertos ao público com enormes telões e muita (boa e forte) cerveja rolando. (Se o alcool fosse mesmo desculpa, então não sei como é que na Alemanha não se confirmou tal teoria.) Lado a lado vivi e compartilhei emoções entre várias nações do mundo. Ombro a ombro vi brasileiros e portugueses torcendo por Portugal ao lado dos anfitriões alemães. Já horas antes, a torcida da casa cantava seus hinos, muitas vezes de clubes alemães, dos quais alguns dos seus jogadores da seleção faziam parte. Alguns desses hinos foram adaptados de clube em favor da seleção. Em nenhum lugar vi o público cantar o Hino Nacional no meio do jogo (!?) Infelizmente nessa tarde a Turma Lusitana do "nosso" Scolari perdeu e os alemães ficaram em terceiro. Tal lá como cá, para os fanáticos do futebol, terceiro é mesmo que último. Por isso a nós derrotados daquela tarde, nada nos sobrou do que convidar os anfitriões e vencedores a virem comer uma pizza num restaurante italiano, no bairro St.Pauli, onde reservamos logo uma longa mesa, para um dia depois assistirmos á final entre França e Itália. Sendo a Alemanha um país em que no futebol entre clubes nacionais, a violência entre as torcidas também reina, como anfitriões internacionais para mim serão sempre os maiores Ganhadores da Ultima Copa... em que o Brasil perdeu ajeitando meias na defesa e nem a chance de aprender como se recebe visitas, aprendeu. (Imaginem os argentinos, ou de qualquer outro país, saírem para o calçadão de Copacabana festejando uma vitória em cima do Brasil? Isso seria, devido ao espírito incentivado pelos (ir)responsáveis nacionais, uma morte certa por cadeirada e bofetão.)

Danke viel Mal Deutschland, für deine Beispiellose und herzige Gastfreundschaft !

Um comentário:

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Querido Mano,
Embora entenda e concorde com os conceitos que te preocupas aqui alertar, não pude deixar de "postar" o texto acima, "A hospitalidade carioca continua no Rio!" onde questiono alguma das tuas colocações.
Um beijo.