terça-feira, 31 de julho de 2007

O uso da tragédia...

Fonte da Imagem: Jetsite

O uso das tragédias para alimentar o espírito trágico das pessoas arrepia-me. Todos nós temos as nossas histórias tristes na vida, mas ter a necessidade de nos alimentar de tragédias é algo que arrepia.
Com o acidente da TAM o exercício de trazer a tragédia de terceiros para si, é mais uma vez visto, e da forma de maior falta de respeito com as vítimas e as suas famílias. Cheguei mesmo a ler afirmações, como: “Durante anos viajei diáriamente deste aeroporto. Várias vezes tive que tirar óculos, canetas, sapatos e me colocar de bruços para uma aterrizagem de emergência... Porque? Porque "nao há espaço para aumentar a pista....". Aí fico pensando se o autor desta afirmação tem muita falta de sorte ou se eu tenho muita sorte. Por quase uma década usei em média este mesmo Aeroporto de Congonhas duas vezes por semana. E depois desta fase continuei usando, embora com bem menos freqüência, nunca tive que tirar uma caneta BIC do bolso e muito menos me colocar de bruços para uma aterrissagem de emergência devido à pista ser curta. Das centenas de vezes que usei este aeroporto, uma única vez tive que pousar a testa nos joelhos, e isso ainda no velho e barulhento, mas charmoso Electra que fazia a Ponte Aérea Rio – São Paulo – Rio, que foi atendida por esta aeronave até 1992. Foi em uma noite onde foi-nos avisado que um dos motores tinha pifado. Nem mesmo deu para sentir a adrenalina pois quem viajava constantemente nesta aeronave estava convencido que este grande pássaro pousava até com dois dos seus quatro turbo-hélices.
Mas há pessoas que gostam de viver de emoções, mesmo que debaixo de emoções fortes e reais de familiares de vitimas reais. O que já se viu, ouviu e se leu de possibilidades de tantos “especialistas” sobre as prováveis causas dos acidentes e os seus culpados!... Começando pela pista que não está preparada para a chuva, pelo maior culpado, o Lula, o erro do co-piloto e depois afinal o erro do comandante, o defeito da aeronave e ninguém dando ouvidos aos verdadeiros especialistas pedindo 10 meses para chegarem a uma conclusão técnica razoável, imparcial. Existem os que alimentam as hipóteses para ganhar dinheiro, como algum tipo de imprensa marron,- ainda bem que também existe a séria, que sériamente está tentando investigar paralelamente - mas existem os velhos amigos de esquina que realmente se alimentam somente das trágicas possibilidades das reais tragédias.
E agora a angústia política da nossa Câmara, uma célula da nossa sociedade, e a sua CPI sobre o “Apagão Aéreo” já conseguiu obrigar Aeronáutica e órgãos competentes a liberar informações retiradas das caixas pretas da aeronave. Se inicialmente os quarenta e poucos deputados envolvidos na tal CPI teriam a obrigação de segurarem a língua e manterem em segredo as informações que serão (foram) passadas à CPI do Apagão Aéreo, agora ao perceberm que manter quarenta e tal políticos de bico calado não seria tarefa fácil, decidiram formalizar a impossibilidade de se acreditar nesta possibilidade e ficou decidido que amanhã serão publicadas e noticiadas informações que a Câmara recebeu hoje da Aeronáutica. Assim não haverá caça às bruxas quando as informações vazassem. O que haverá é uma nova onda de conclusões dos “especialistas” de plantão, a falta de respeito pelos verdadeiros conhecedores da matéria e principalmente a falta de respeito pelas vitimas e os seus famliares.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei, è isso aí, os sanguessugas sempre à espreita de ganhar chupando o sangue dos outros. Os alarmistas interesseiros, caçadores de bruxas e os nascidos para serem carrascos, não levam em conta o male que fazem aos verdadeiros inocentes.

Antonio Maria

Carlos Gil disse...

apoiado totalmente, mesmo sem conhecer a realidade daí. porque a turba opinosa é igual, a verborreia política idem, e quanto à imprensa, bem... onde houver dois jornais um tentará sempre ter maior tiragem que o outro.
abraço aos dois, mais a quem por aqui andar