sábado, 4 de outubro de 2008

Regulamentação dos blogues

Fonte da Imagem: Frenesi
Faz algum tempo que apareceu um debate sobre a necessidade de se regulamentar os blogues. Manias que me parece que começaram ali pelos Estados Unidos, mas que ultimamente em Portugal aumentou-se o tom e ganhou por lá alguns defensores, que parecem mesmo quererem pousar de “vanguarda”.
Justificam a necessidade desta regulamentação por serem os blogues um meio de comunicação social, e como tal, normas, regulamentos no pessoal.
Há quem não concorde, pois vê nos blogues um lazer, uma forma de estar nas horas vagas, algo similar aos velhos diários de adolescentes mais românticos.
Na verdade quando um e outro se colocam nestes dois extremos já estão ambos errados, porque há de fato os blogues para as horas vagas, como é o caso do meu, o caso de crianças que desenvolvem a sua criatividade com as suas interessantes estórias e interpretações infantis – imaginem só regulamentar estes blogues! – e existem também os blogues de gente profissional, ligada a instituições jornalísticas que estão hoje vinculadas a grandes empresas “web”.
Quererem regulamentar blogues da criançada e /ou adolescentes, é querer ser mais infantis do que eles próprios. Quererem regulamentar blogues com o perfil do Lanterna Acesa, que não tem nada de profissional, que por mais que esteja através desta fenomenal rede mundial deixando as minhas visões de vários temas,... - podem mesmo chamar a isto de comunicação social, pois a rede deve mesmo ser o mais socializada possível, como o telefone o é, e deveria ser mais, e teve um impacto tão grande quanto a internet em questão de facilitar a comunicação entre as pessoas quando a descoberta do Graham Bell foi colocada em prática – ...vão regulamentar o quê? Tentarem substituir os meus pais naquilo que não me conseguiram fazer ser um bom menino? Se eu falhar com as leis vigentes no país onde pago os impostos, que a polícia caia em cima de mim.
Já para os jornalistas e/ou cronistas ligados a instituições empresariais, já têm eles os seus sindicatos para os regulamentar, além dos seus patrões para os chatear, pressionados pelos seus clientes.
Como diria um velho tio: “Meus queridos, vão dar uma volta!
05/09/08 - Deixei um comentário no
on the road again do chamuar Carlos Gil, no post chamem a polícia... que eu não pago! , que achei aqui reproduzir. Interessante é que quando dei o "enter" no meu comentário, lá estava, ainda quentinho, um comentário de um dos defensores lusos da tal regulamentação. O gajo estava chateado com o posicionamento do Carlos Gil. Defende ele o direito à diferença, mas parece que fica chateado quando os outros pensam diferente dele. Mas o comentário que lá deixei, trancrevo então, abaixo:
Eu ainda ando atrás do que este pessoal anda mesmo querendo. Se será autopromoção, censura regulamentada, ou são aqueles que não sendo jornalistas profissionais, ou pseudo jornalistas/ cronistas frustrados, atingiram nos contadores de visitas dos seus blogues um número que para eles é razoável para regulamentar uma nova profissão, remunerada ou com potencial de remuneração, e que para isso haja um orgão que defina o que é ser um bloguista (blogger!) e as suas obrigaçoes morais perante a sociedade...

9 comentários:

JAIME disse...

Caro Zé Paulo,

Essa "mania" de tentar regulamentar a palavra ou o direito de expressão (escrito ou não) sob pretexto de evitar abusos, ofensas, etç., não é novidade, nem só em Portugal vem acontecendo. Tivemos algo semelhante tempos atrás em terras de Vera Cruz e em outros recantos da lusofonia e do mundo globalizado vêm acontecendo esboços de projetos semelhantes.
O instinto ditatorial nato em certas personalidades, algumas até de destaque e que se passam por democratas é matreiro, ardiloso, sútil. É necessário estar de "olho bem aberto"...
Abraço.

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Jaime,

Sim, essa "mania" nem mesmo é só lusófona. E por sorte, aqui em terras de Vera Cruz, pelo menos por já, morreu na praia.
Abraço.

Anônimo disse...

É um tema difícil, mas penso que pode ser simplesmente controlado com as LEIS VIGENTES em países democráticos,onde não o direito á liberdade de expressão não deve se sobrepor aos direitos Humanos e constitucionais. Evitando assim os exageros que possa haver por parte de certos grupos das nossas sociedades, que aproveitam a liberdade para propagar as suas doutrinas ou ganhar dinheiro de forma ilegal. Como por exemplo, a pedofilia, extremismo religioso e político e os vários grupos racistas mundo afora.


António Maria

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Tó Maria,
Também me parece que a legislação de cada localidade, desde que estejamos falando de países democráticos, seja o suficiente.
O resto parece ser mesmo conversa para boi dormir.
Abraço.

Zé Paulo

Anônimo disse...

opps...na pressa saiu errado. Quando escrevi "...onde não o direito á liberdade de expressão", quis dizer "onde o direito à liberdade". (sem o tal não antes do direito :-)



A.M.

Carlos Gil disse...

Jaime, Zé Paulo e Antº Maria: o 'tubarão' que me rondou a porta para filar não é passarão qualquer. arroga-se ser o reizinho da net, por ter uma plataforma de alojamento, mais uma página onde perora a sua visão elitista e preconceituosa da blogosfera no semanário de maior circulação nacional, o "Expresso". felizmente nunca antes tal bicheza me tinha conspurcado a porta mas já fora avisado por quem o conhece de ginjeira. e aos seus sonhos mescla de web-napoleónicos e cash-winner. quer reinar para decidir e dividir, ato-elege-se regeor duma freguesia que se quer Livre e sem censores. as desregulações individuais, leia-se abusos, têm local próprio para serem litigados: os da sociedade civil, nós bloggers não-excluídos dela. por causa do acinte do bicho e do pontpé que tive de lhe dar no olho do cu esta trade dediquei-a a ler mais sobre o tema, o que se tem dito por aqui e ali, e pasmei pois andava a leste do burburinho e seu eco. mas na garimpagem encontrei opiniões maturas, até vi a questão mais além de como a olhava. foi profícua. aí dei com questões que achei pertinentes e, em princípio (entre aspas) passíveis de uma hipotética regulação, mínima, embora saiba bem que é pelo mínimo que num instante de descuido se cai nos máximos. com isto quero dizer que num à priori cauteloso aceito parte das teses do Carlos José Teixeira, aqui http://fractura.net/opiniao/blogosfera-o-estatuto-blogger/
essencialmente por causa do copyright, do abuso na utilização do trabalho alheio, seja o de googlar à procura duma imagem ou em pesquisa mais apla, seja até pelo "gamanço" a que sou mais sensível. muitas vezes, nos 'nossos' Grupos MSN dou com discursos inesperadamente densos e sensos de participantes/personagens a quem nunca tal lhe vira. algo como nesse dia terem acordados iluminados por uma luz divina, ou ao pequeno-almoço terem tomado uma droga milagrosa que os transmutou dum dia para o outro de normais comentadores em poços de sapiência e bem-dizer.
como de deuses só acredito no ramo femenino da espécie e quanto a drogas terei experimentado todas as do meu tempo e não saiba de notícias assim tão relevantes de novidaddes nessa matéria, faço um simples copy a, digamos, meia frase e meto-a no Google. Santo Google! em milagre está a careca descoberta, e a origem da Luz lá vem chapada se não tal & qual apenas com um pequenino abatjour para o foco da luz não ser directa, e lá vem uma ou outra palavra mudada, um tempo verbal, uns parágrafos alternados em relação ao original. façam a experiência e vão fazer-me coro neste riso silencioso que periodicamente aqui me atinge. riso amargo.
por isso, por aí, as reflexões do CJTx puseram-me a pensar, a reanalizar as minhas (até agora) irredutíveis convições sobre o futuro próximo da blogofera. e ainda estou a matutar: não é matéria fácil pelas inmplicações que tem, as janelas que abre...
o problem é que ela, blogosfera, passou de ignorada a citada, hoje é um importante veículo transmissor de opinião - daí a 'chuva' de profissionais da imprensa clássica, mais os politiqueiros habituais destacados para 'marcar o ponto' ideológico da sua matriz, que a invadiram e, sendo satélites do Poder, querem espartilhá-la a seu gosto via tretas por nós já conhecidas doutras web-áreas ;) issso dá-me um coceira danada. daí que, reconhecendo validade a alguns argumentos tema os agentes. e depois há os 'comerciantes', aqueles para quem a blogosfera é um "nicho de mercado" onde acham poder cravar o arado e fazerem seus campos que são comunitários. tubarões. tubarões mesmo que associados a esquilos, embora este seja um animalzinho muito simpático é um colector. asociado a um predador. exemplo? o tal Rei-Sol frustrado, o Paulo Querido, esse a quem dei um pontapé bem no meio do cu para não me voltar a infestar a casa pois lá não abanca e governa o tasco quem ele gosta, que são os que o veneram. por interesses iguais. e que, se ele se descuida, o comerão vivo, guardando os restantes esqulos os despojos. mas ele é cego, só vê o seu umbigo. e é um tipo destes que se faz - nem de mansinho:descaradamente! a ser entronado provedor-mor da blogosfera...
livrem-nos de gentinha desta...

um abraço a todos e pedido de desculpas aos caseiros pelo abuso incontinente. mas vocês conhecem-me: é-me habitual :) umas vezes quando estou a contar 'anedotas' e lá vai disto que nunca mais me calo, outras como nesta porque estou f---do e, aí, calar-me também é uma gaita :(

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Carlos,
E eu sempre à espera que não te cales!
Estive lá a ler as "reflexões" do Carlos Teixeira e continuo a não ver por onde a regulamentação dos blogues - ou dos bloguistas? - haverão ajudar alguma coisa.
Ele dá prioridade, ao exemplificar entre tantos possiveis códicos, a quatro deles:
- Referência das fontes;
- Atribuição de créditos;
- Protecção das fontes;
- Explicação da política de comentários;
Muito bem. Quem já tiver na sua índole esta preocupação, que vantagem haverá de ter em se associando a uma instituição "reguladora", sindicato ou lá o que queiram denominar?
Por outro lado isto me faz lembrar um pouco um artífício de algumas indústrias de ramos específicos que criam associações para dizerem aos seus clientes que as suas empresas estão dentro de um grupo de empresas que só trabalham com matérias primas de primeira. "Veja se o seu produto tem o Selo X e garanta que está consumindo um produto com qualidade". Aí vem o concorrente que não pertence aquele cartel e cria um selo com um slogan parecido e o consumidor já não sabe quem é que está a dizer a verdade...ou se os dois estão a mentir...
Como cidadão, no Brasil, em Portugal, no Mundo, pretendo ser socialmente responsável, aqui no Lanterna, ou em qualquer lugar, mas não estou mesmo vendo uma criação de uma instituição que tem tudo para elitizar quem já gosta de ser elitizado, e tentar deixar ao lado quem não entrar no jogo. Uma estrutura que não ficará barata. Algo como as ONG's que só os voluntários trabalham pelo amor "à tarefa", mas os grandes executivos delas são movidos a grandes salários.
Podem mesmo haver bem intencionados, ou estruturados em conceitos bem intencionados, mas continuo convicto que estão dando um tiro n'água.
Há que cobrar responsabilidade de qualquer cidadão, mas deixemos de orgãos reguladores, de classismos. Usemos a legislação vigente nos nossos países, e se necessário procuremos melhorá-la, mas parem de fazer a máquina de calcular trabalhar mais, de se preocuparem em criar novas espécies humanóides. Afinal só temos na mão uma nova ferramenta de comunicação, que deve ser cada vez mais democrática, em todos os sentidos. E não tem nada disto a haver com a anarquia e sim com cidadania responsável.
Um abraço para ti,

Zé Paulo

cjt disse...

Zé Paulo:

as prioridades estão mal interpretadas, lamento não me ter feito entender.
Na realidade, as minhas prioridades - conforme poderás constatar lendo o artigo até ao fim, relacionam-se muito mais com a manutenção da liberdade da blogosfera por via da LIVRE e VOLUNTÁRIA associação dos bloggers em torno de um compromisso em tudo semelhante ao que apregoas como sendo da responsabilidade individual.

Mas o facto é que essa responsabilidade individual é escassa e falha, para além de não contribuir em nada para a credibilidade da blogosfera enquanto motor de opinião.

O contexto em que cada um dos blogues opera, se existe, deverá ser a razão para o blogger aderir ou não a uma SUPOSTA regulamentação.
Na realidade, não estou a ver blogues racistas, xenófobos, pornográficos, pedófilos e quejandos a querem aderir a algo do género. Mas, também aí, a discussão pode ser acesa.
Afinal, são blogues.

Serve este exemplo forçado para forçar também a analogia por oposição aos blogues de crianças, mãezinhas e paizinhos, solitários e pos aí fora. Não serão estes a quererem também aderir a uma coisa destas. Mas, enfim, se o quisessem, poderiam fazê-lo.

A questão está em saber se existe, de facto, algum tipo de união entre os bloggers que faça força contra as sucessivas tentativas de supressão de blogues. E a resposta é: EFF, Global Voices, entre outros, cujo trabalho e dedicação contrabalançam com a afirmação totalmente gratuita do carlos, na caixa de comentários do seu blogue, que afirma «mas, numa análise muito liminar pois de noções de web e de como ela funciona sou quase um ceguinho parece-me que "controlar a blogosfera" não será fácil... sendo um pouco como comparar a feira de Hell-meirim com a de Sevilha lembro-me logo que os Castro y sus muchachos ainda não conseguiram calar a blogger-colega Yoana Sanchez do "Generatión Y"... e nem no super-colosso-ogre chinês o conseguem... a 100% :( + :)»
Lamentavelmente, isto não corresponde à verdade, assim como se constitui um sofisma da realidade. Para mim, enquanto existir um blogger calado à força, isso é motivo de luta.

Por outro lado, acho a tua comparação com o os obscuros poderes corporativos algo alimentada pelo desconhecimento de como as coisas operam. Desculpa que te diga isto, mas é o que penso.

Os bloggers profissionais existem há muito e não estou certo de serem esses os mais interessados num código deontológico, por motivos que considero óbvios.
Mas, existindo estes - e em cada vez maior número - e sabendo que esses tais "interesses obscuros das corporações" podem, de alguma forma "infectar" a blogosfera, não será então este mais um argumento em favor de tal código, algo que auxilie os leitores a distinguir um blogger que cumpre um determinado conjunto de normas que garantem isenção? Por exemplo, a obrigatoriedade de iniciar um título com a palavra "PUBLICIDADE"?

Essa é uma falsa questão.

A questão centra-se em duas vertentes: a liberdade e a credibilidade.

O problema da blogosfera é o de olhar demais para o seu umbigo e esquecer o que lhe dá razão de ser: OS LEITORES.

Um abraço,
CJT

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

CJT,

Antes de tudo, gostaria de lhe agradecer a iniciativa de aqui vir procurar esclarecer alguns dos seus pontos de vista.
Também vejo a necessidade, para melhor direcionar o que aqui vou comentar, esclarecer de partida algo que aqui afirmou. Disse você: “Por outro lado, acho a tua comparação com o os obscuros poderes corporativos algo alimentada pelo desconhecimento de como as coisas operam. Desculpa que te diga isto, mas é o que penso.”
Não sei se você aponta aqui o meu desconhecimento em relação a estruturas corporativas da mídia, ou se estruturas corporativas empresariais como indústrias, sejam elas de tecnologia, têxteis, ou mesmo de alimentação. É que neste segundo grupo, posso lhe afirmar, com certo receio de lhe passar uma certa prepotência, tenho algum conhecimento de como funciona, tanto em grandes empresas brasileiras, como em multinacionais. É que necessito de um certo conhecimento nessa área para o meu mínimo sucesso profissional. E, claro, que acaba, mesmo que indiretamente, envolvendo estruturas da mídia.
Mas voltando aos bloguistas, quando interpretei como sendo as tuas prioridades as “referências das fontes, atribuição de créditos, protecção das fontes, explicação da política de comentários”, foi no sentido dos teus códigos prioritários, já que foram estes que lhe vieram de imediato à mente.
Entendo que tu estejas deixando para esta “associação” o espírito da LIVRE iniciativa de vinculação dos bloguistas, o que aqui não se trata de um código, e sim de um pré-requesito, que se por um lado parece ser bastante democrático, por outro lado me parece que vai mesmo induzir a “chamada” dos classistas de plantão. E daí para vermos o que já se está vendo, que é uma tentativa de regulamentação formal, via o Parlamento Europeu, é um pulo. Daí para se ver uma obrigatoriedade em cima de critérios criados por estes “classistas”, vai ser uma brincadeira extremamente séria. Daí para ver essas estruturas querendo ditar, além de regras morais (o que é moral para mim, o que é moral para ti?), ditarem regras por interesses de mercado e/ou políticos, é um pulo. E isto tudo, depois, dentro da lei!
Em uma coisa concordamos. Por motivos óbvios, os profissionais do jornalismo que se usam de blogues para também exercerem da sua profissão, não haverão de precisar deste tipo de associação e/ou regulamentação, pois já têm os seus sindicatos e/ou similares.
Já por outro lado, os blogues especialistas, como por exemplo os que tratam de tecnologia, e que muitas vezes não se sabe se estão ali a dar uma opinião ou se estão ali a ser pagos por alguém para fazerem propaganda para um produto, só se vão beneficiar se criarem este tipo de associação, pois se o bloguista for um Socialmente Irresponsável, vai ganhar o Selo de Garantia e vai continuar fazendo o que a sua índole lhe manda fazer, e ninguém vai conseguir controlar. Isso já acontece hoje na imprensa gráfica e nunca se conseguiu controlar. Os mais sérios informam que é matéria paga, aos que não lhes interessa informar, simplesmente passa como se fosse uma reportagem e acabou, e não há quem vá dizer o contrário.
A liberdade, por mais que possa ver em ti boas intenções, não se vai conseguir regulamentando por um catálogo de boas maneiras da blogosfera, e muito menos com propostas de criação de “diretórios” específicos para abancarem os blogues da malta.
O leitor é muito mais inteligente do que se possa imaginar, e ele mesmo acaba por filtrar o que é bom para ele o que não lhe serve.
CJT, escrevi isto a roubar aqui um tempinho do meu trabalho. Depois, se me der jeito e não me achar um chato em demasiado, detalharei algo mais.
Receba também o meu abraço.

Zé Paulo