segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Os 100 Anos da Beira não são um hotel...


A Beira vai fazer 100 Anos, a Beira fez 100 Anos, e parece que o Grande Hotel da Beira passou a ser mais importante que a própria data secular da cidade. Parece que o Grande Hotel marca a diferença entre a prosperidade do passado (sic!) e a Beira atual em ruínas devido ser esta um centro anti-frelimo. O Grande Hotel em uma versão da Cidade da Lata vertical de Maputo pelas divergências da Renamo da Beira e a Frelimo de Maputo. Nisto tudo há uma certa lógica. O Grande Hotel do passado colonial é o mau exemplo de algumas das coisas que o colonialismo, levado até à segunda metade do Séc. XX debaixo do chicote da ditadura fascista, fez em terras moçambicanas, e o atual, ou o que sobra do mesmo, sendo o resultado do que há de mau de uma administração que não consegue resolver os problemas da miséria e das grandes diferenças sociais em pleno Séc. XXI.
Querer ver o Grande Hotel pelo ângulo saudosista é no mínimo um exercício masoquista ou não querer entender que ele nunca existiu a não ser na cabeça de alguns sonhadores, tenham sido eles arquitectos, engenheiros, usuários da sua bela piscina ou noivos.

Antes daqui escrever estas linhas, já me havia encontrado a escrever alguma coisa em um Grupo do MSN onde se comentava um documentário que havia passado na RTPI, que não tive a possibilidade de o ver. Fiz o seguinte comentário (com algumas correcções):

O Grande Hotel da Beira não foi problema de saloios (no máximo, tanto quanto foram os do Hotel da Polana, da então LM) e nem por lá terem colocado um transmontano com experiência em administrar pensões. O problema, sabido desde o tempo do “tio” Oiliveirinha da nossa Bloguista (IO) e do pirata desta Nau, foi sim uma grande falta de estratégia e de planejamento.
A Beira serviu sempre muito bem para ter um belo porto e uma ferroviária para atender os países vizinhos, em especial a Rodésia. Já para o turismo, os bifes que lá chegavam eram mesmo para ficarem pelo camping do Macúti, e já vinham com os seus carros, e às vezes arrelotes, abarrotados de mantimentos, pois nem para isso gastavam lá umas moedinhas para comprar nada nas mercearias locais, a não ser umas boas cervejinhas geladas nos bares. Alguns ainda ficavam no Motel Estoril e mais tarde no vizinho São Jorge.
O Turismo em Moçambique colônia ficava pela Gorongosa e por umas coutadas de caças, já que nestas últimas ainda não era politicamente errado matar a bicharada. Ou alguém ouvia falar muito mais do que isso no que se refere ao turismo de "importação"? O resto ficava pelo turismo interno e em cima de dicas de amigos, da propaganda de boca a boca, sem investimentos ou grandes incentivos do estado.
O Grande Hotel foi sim uma megomania "colonialista", sem avaliação da própria incompetência, - incompetência ou falta de interesse planejada -, no ramo turístico (não hoteleiro em si) onde o Hotel Polana de LM escapou por estar na capital da província onde tudo acontecia...o pouco que acontecia, convenhamos.


* Não posso deixar de fazer aqui um referência a um post do João Tunes (Água Lisa 6) onde aborda o tal documentário e onde mostra um pouco dos aproximadamente 70 anos da Beira colonial verbalizados, mesmo que de forma ingênua, pela Patucha Jardim.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu cá vou levar este construtivo 'post' para o 'chuinga', onde já te mandei mais uma 'boca', ZP, lol - beijo, uma da ex-Polana.