quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Não voto nos Estados Unidos...

Fonte da imagem: Estadão


Não voto nos Estados Unidos, mas se votasse provavelmente votaria em Barack Obama. Porque não gosto dos republicanos, porque os últimos democratas que passaram pela Casa Branca me foram mais simpáticos.
Obama ganhou e de facto mostra que passamos, junto aos americanos, por uma data histórica.
Obama, sem dizer exatamente qual o programa de governo que pretende adotar, conseguiu convencer uma maioria americana, e do mundo, de que...”yes, we can”..., mas só o futuro poderá nos dizer para onde ele levará o seu país, além de redirecionar as suas tropas do Iraque para o Afeganistão. Se deixará de ser um pop star e se transformará em um bom gestor, inclusive de conflitos mundiais.
A eleição de Obama mostra como estamos passando, de forma um tanto atrasada, tristemente atrasada, por um momento histórico quando o que mais se houve hoje é que se elegeu o primeiro presidente negro americano.
Concordo que estamos falando em um país que há um pouco mais de 40 anos a segregação racial era problema grave. Que estamos falando de um país onde os negros representam pouco mais de 12% dos eleitores, e que nem todos devem ter votado nele, e que ainda assim elegeu-se um negro com votos de maioria de não negros.
Mas dever-se-ia dar tanta ênfase a se eleger um não branco? Não deveria ser algo natural? Sim, talvez sim, deva-se dar a tal ênfase. O mundo, como os Estados Unidos, está mesmo em marcha lenta, mas parece que vem mudando. Mas não consigo, neste tema, ficar eufórico. Fico mesmo preocupado. Por mim, pela sociedade, e pelo Obama.

5 comentários:

Anônimo disse...

Estou feliz por vários motivos.

Primeiro porque a deplorável e arrogante Era Bush, que ameaçava continuar com o Mcain, chegou ao fim.

Segundo, porque finalmente os afro-americanos estão vivendo parte do sonho de Martin L. King. Um Afro-Americano como presidente do país da desigualdade social, onde a grande maioria dos desfavorecidos da sociedade, são os cidadões não brancos.Espero que isso seja um grande passo contra o racismo não só lá,como mundo afora.

Terceiro, porque finalmente o Grande Circo, como sempre formado pela mídia em volta de todas as eleições americanas, chegou ao fim!
Até os nossos verdadeiros presidentes,(eleitos nos nossos países),contagiados pela histeria geral, esqueceram dos problemas que têm no país a resolver, e como meninos de calções e meias até os joelhos, estão cantando como se estivessem num jogo desportivo; " Se a canoa não virar, olê,olê,olá, nós chegamos lá".

Apesar de amar a utopia, pois sem ela, sonhos como Obama Presidente, jamais seriam realidade. Tenho o meu lado de gato escaldado fugindo de alagados que possam ter areias movediças.
Assim sendo, confesso que continuo crítico por vários motivos.

A campanha eleitoral de Obama bateu todos os recordes existentes em termos de arrecadação financeira.(Se gastou somas muito maiores que certos governos, como Moçambique, têm para governar os seus países e combater as doenças e fome de milhões de pessoas no Planeta.) E quem doou quer algo em troca, pois nesse nível, não se dá esmolas a fundo perdido, como nós damos aos "flanelinhas".

Tal como quando vibrei com Mandela como Presidente da A. do Sul, sei que Obama não é um Messias que fará milagres, principalmente quando se herda 8 anos de governo Bush Jr.

Tamb¢m não esqueço que desde a segunda Grande Guerra, sendo Democrata ou Republicano o governo dos EUA, novas guerras além fronteiras,arrogâncias e proteccionismos econômicos, interferência em governos do mundo em desenvolvimento,etc, ditaram sempre a política imperialista desse país. Porque deveremos acreditar que agora será diferente?

No entanto,al¢m de preferir os democratas do que os republicanos, é também a esperança a ultima que morre dentro de mim.Por isso continuo acreditando nas palavras ; " I have a dream..." para um Mundo mais justo, tolerante, respeitador das diferenças e da Natureza Mãe.

E como Obama Barack já conseguiu transformar uma das utopias em realidade, até que me tenha motivos contrário, acredito nas palavras; "Sim, nós podemos mudar!"

António Maria

Anônimo disse...

Exactamente ... Tó Maria, exactamente isso...
bj grande
Puci

septuagenário disse...

Para Obama, mais dificil que os republicanos foi a Hilary; e mais dificil que esta foi vencer o complexo da(s) cor(es) e os diversos matizes.

Indiferentemente de ser um bom ou mau governante, norteamericanos fizeram mais uma vez a diferença.

Para o bem ou para o mal, é uma enorme diferença.

Cumprimentos

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Tó Maria,

Pelo fim da era Bush, também estou, aí sim, eufórico.
Sobre as tuas dúvidas do que vem pela frente, também estou eu na expectativa, pois além dos discursos mais "evasivos" e que transformaram o Obama em um grande pop star, que conceitualmente não me desagradam as suas palavras, mas quando foi mais objetivo - muito poucas vezes - me parece que não mostrou ter uma visão estratégica para o mundo muito diferente do últimos governantes daquela super-potência.
Já quando se envolve a questão "negritude" do Obama, e a euforia de se ter um negro na Casa Branca, já fico um tanto deprê. Porque a própria euforia que o mundo está mostrando, demonstra um racismo intrínseco, onde se percebe claramente que as mudanças em relação aos preconceitos vêm sendo tão lentas que é este feito talvez o mais festejado na eleição do Obama. Ouvir o McCain , no discurso da derrota, dizer que deve ser motivo de orgulho para os afro-mericanos ver Obama eleito é para mim o cúmulo da estupidez, classificando para todos uma inferioridade estabelecida e reconhecida por uma sociedade hipócrita. Tão hipócrita que para ficar uma questão tão definida entre negros e brancos nessa história, que realçar que o mesmo é mestiço (mulato) soe a palavrão.
Nisso Obama mostrou ser o menos racista nesta confusão nos valores de uma eleição para presidente de um país, pois sempre mostrou ser descendente de negros e brancos, mas a mídia, os eleitores ávidos pela diferença, pela “data histórica”, sempre preferiram demarcar, mais fortemente, o momento com a eleição de um negro.
O mundo está lerdo na forma de pensar e por conseqüência nas mudanças efetivas. Continua hipócrita, e gostando de um estilo hollywoodiano de se vender o que se passa à nossa volta.

Um abração para ti, um beijo grande para a Puci e os cumprimentos para o Septuagenário.

Micheliny Verunschk disse...

oi, Zé Paulo. Finalmente peguei meu Prêmio Dardos. Obrigada!

bjs!