
É interessante, quase engraçado, como ainda se percebe um vinculo forte entre «ex-colonizadores» e «ex-colonizados», quando se fala de Portugal e Moçambique.
Antes de eu aqui continuar a dizer qualquer coisa mais, devo esclarecer que não tenciono dar o tom de generalizar as personagens nem os conceitos aqui colocados. Nem de um, nem do outro lado.
Mas voltando, queria eu dizer como alguns «ex-colonizadores portugueses», alguns deles até nem mesmo sabiam até ao dia 25 de Abril de 1974 que o eram, que veem os moçambicanos como uns pobres coitados orfãos.
Já alguns dos que um dia foram os «colonizados», acham que os portugueses têm a mania que ainda são o “gáz da coca-cola" em relação à ex-ultramarina Moçambique. Que não dão o mesmo tratamento a moçambicanos em Portugal como os portugueses recebem em Moçambique.
E o interessante é que ainda conseguem vir hoje tentar convencerem-me que antigamente vivia-se tudo nos “conformes”. E quem mais me tenta convencer é exactamente o lado dos “ex-colonizadores” que ainda hoje acham os moçambicanos órfãos, e que generalizam atitudes menos inteligentes, como de um tal sr. Langa que escreveu uma crónica sobre “O problema das cartas de condução”, que tive a oportunidade de ler no blogue
Ma-Schamba. E por causa deste post do
JPT, tive mais uma vez a oportunidade de perceber o que aqui descrevo ao ler os comentários que lá foram colocados.
A falta de maturidade que a ditadura, que gosto de chamá-la de ditadura do Salazar, que entre outras coisas levou muitos portugueses irem até quase ao fim do Séc. XX acreditando que “Angola é nossa” e todas as outras ultramarinas também, continua ainda muito forte em gente que já vive em uma democracia há 32 anos, mas que às vezes parece que tem verdadeiramente saudades do velho Salazar e de quem deu continuidade ao seu sistema, mesmo que inconsciente ou mesmo disfarçada. (Esta minha conclusão não é em cima de todos os comentários do tal post e nem só destes mesmos comentários, evidentemente).
Já para manter a balança no prumo, temos em Moçambique uma parte do pessoal, que se bem que tenha saído de uma ditadura do Salazar acabou por apanhar uma outra ditadura que não podemos bem definir nomes, porque o grande líder que pelo menos acompanhou a Independência daquele país acabou por morrer, não se sabe se de “morte matada ou morte morrida”, que foi o Samora Machel, mas felizmente também já faz um pouco mais de 10 anos que por lá se vive uma certa democracia; mesmo que todos nós saibamos que muita coisa que Moçambique padece ainda tem sim a haver com a forma com que Portugal colonizou por quase 500 anos Moçambique, não venham ainda assim com mesquinhices, tipo cartas de condução do sr. Langa, porque acabam dando lenha é ao fogo de um grupo de saudosistas que adoram andar contra-a-mão, seja em Portugal ou em Moçambique, e às vezes até fora desses dois países.