sábado, 17 de novembro de 2007

Ainda o plágio dentro da editora da UEM

Fonte da imagem: Blog ForEver Pemba

Não é um simples caso de "se auto plagiar". Plagiaram uma capa de um livro criado por um artista e autor de algo que a própria UEM parece que valorizou ao ponto de se ter interessado em editar. Pior ainda que foi isto feito dentro da mesma editora. Pior ainda que foi feito isto dentro de uma editora ligada a uma universidade, neste caso à UEM.
Não meu prezado JPT, não creio que seja uma questão de acidez do ForEver Pemba e outros blogs. É que se não morreu ninguém, no verdadeiro sentido da palavra, mata-se com estas atitudes os valores essenciais da ética de quem mais devia preservá-la, que são os que trabalham com matéria prima intelectual e/ou artística como uma editora, ainda mais ligada a uma instituição que deve formar cidadãos rectos, que levarão uma nação com menos "mortes", sejam no campo ético ou em vias de facto, mortes estas que acabam por andar quase sempre de mãos dadas.
A editora que tem a informação onde estará(ão) o(s) maior(es) responsável(eis) pelo plágio da capa do livro "Lied para Yonnis-Fred e Maelle ", autoria de Rafael da Conceição, vista no livro "Docência e Investigação: a dor e a delícia de ser o que é" de autoria de Marilda da Silva e Luis Cezerilo, têm a responsabilidade de virem a público, e rápido, para explicarem e até se desculparem pelo o que aconteceu. De outra forma acabam por estes últimos, Marilda e Luis Cezerilo, correrem o risco de serem apontados como culpados sem o serem. Se estes não são culpados a editora está sendo irresponsável duas vezes. Primeiro por estar protegendo o verdadeiro responsável pelo acto pouco recomendado, segundo por estar deixando estes dois em situação nada confortável.
E não adianta jogar a culpa na acidez de terceiros ou fazer acreditar que o plágio é coisa de crianças mal educadas mas que quando crescerem acabarão virando homens.
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Este comentário ao post, do Tó Maria, tinha que vir para a frente:
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Anônimo disse...
Realmente há quem goste de tapar o sol com a peneira. Os fatos é que realmente são claros e amargos, e não a crítica responsável que tem sido feita. Se esta editora realmente respeita os direitos de autor, o que deveria fazer sem "mas" nem "vamos lá ver", era pura e simplesmente admitir o seu próprio erro, reabilitando assim todas as verdadeiras vítimas. (Sejam elas diretas ou indiretas.)
Depois de ter tomado e fumado algo (!?) - analisado mais uma vez esta questão grave - deixo aqui devidamente relaxado os meus sinceros cumprimentos e o meu protesto contra o desrespeito ao direito do autor.
Antonio Maria G.Lemos
17 de Novembro de 2007 05:41

12 comentários:

Anônimo disse...

Realmente há quem goste de tapar o sol com a peneira. Os fatos é que realmente são claros e amargos, e não a crítica responsável que tem sido feita.
Se esta editora realmente respeita os direitos de autor, o que deveria fazer sem "mas" nem "vamos lá ver", era pura e simplesmente admitir o seu próprio erro, reabilitando assim todas as verdadeiras vítimas. (Sejam elas diretas ou indiretas.)

Depois de ter tomado e fumado algo (!?) - analisado mais uma vez esta questão grave - deixo aqui devidamente relaxado os meus sinceros cumprimentos e o meu protesto contra o desrespeito ao direito do autor.


Antonio Maria G.Lemos

jpt disse...

1. Eu trabalho na Universidade Eduardo Mondlane. Sou estrangeiro, contratado a prazo, cooperante (literalmente cooperante, não como símbolo). Tenho mais limites na extroversão de opiniões críticas sobre o que se passa na minha instituição laboral do que outras pessoas - não mos fazem sentir, julgo ter bom ambiente com colegas e hierarquias, mas tenho um peculiar contrato. Ou seja por trabalhar na UEM tenho particular atenção, particular responsabilidades mas também também particular constrangimentos em críticas públicas. Quem não quer perceber isso não queira. Quem não consegue perceber isso já é diferente, é deficit próprio.
2. Para além de (muito) amigo do autor do livro e da capa e seu colega (até físico, os nossos gabinetes são frente a frente) sou seu devedor (as minhas crises pessoais têm coito garantido em sua casa, passe a inconfidência). E admirador.
3. Tenho um blog, lido mais ou menos, em particular aqui, no meio universitário. É a minha expressão pública, para as minhas maluquices (os meus "fumos" - pesem as auto-ofensas dos que não fumam - as minhas "bebidas" - idem dos que não bebem - e as minhas outras melhores e piores coisas - auto-censuradas pelo "bom gosto" burguesote que me habita) e para as minhas irritações.
Nesse tal blog espetei sobre este assunto a crítica sobre que considero viável: à instituição e ao departamento institucional directamente envolvido. (ver meu ponto 1. aqui, sff). Explicitei que não é apenas uma copiazita é algo que tem leituras mais amplas, lesivas da comunidade académica, "facilitando" um ambiente junto dos alunos (e até dos professores, infelizmente há casos, aqui e noutros lados do mundo) que encolhe os ombros à apropriação plagiadora dos trabalhos.

4. Que mais quer V. (e os susceptíveis comentadores). Uma caça às bruxas? Um aqui d'el rei que rebentou outra vez o paiol de Malhazine?

Digo e repito, isto é muito desagradável. É feio - porque conheço e bem os lesados e feridos. Porque me parece ser "má onda" e com efeitos nocivos sobre quem conosco trabalha (e aprende). Mas não é dramático, portanto poderá permitir alguma parcimónia na crítica que se realiza.

Parcimónia? Sim, acho absolutamente descabido que se ataque um homem como o Carlos Serra porque divulgou a capa, em absoluta boa-fé, aquando recebeu o convite para a situação - o Serra (que evidentemente não me passou procuração) é um entusiasta das ciências sociais, do rafael, do bloguismo, apenas procurou divulgar as recentes edições (daquela que é também a sua editora). Imputar-lhe ainda que indirectamente alguma responsabilidade é um exagero - e que atendendo a que, repito, "não morreu ninguém", é um exagero descabido.

Mais parcimónia, a colega brasileira (que não conheço) chega a Moçambique decerto com boa-fé, editando uma obra sua (que também não conheço) e vê o seu nome na internet acusada de participar numa acção destas - é óbvio que ela não tem responsabilidade. E é óbvio - e será preciso "fumar" muito para não perceber isso - que todas as tralhas que sobre ela são escritas ou comentadas ficam marcadas no google ou outros motores de busca [e, inclusivamente, ela poderá nem sequer saber do que aqui se passa - lamento, os blogs não são a CNN ou a Globo - pode nao ser avisada, etc]. Ou seja, parcimónia nas críticas pessoais diante deste caso, imputando responsabilidades a quem realmente as tem (ou parece ter) - os elementos da instituição

Agora, esperando que o escrito seja o suficientemente claro para ser compreendido, mesmo que não aceite na enorme indignação que os ilustres comentadores e bloguistas parecem acarinhar (ou necessitar) deixo o verdadeiro comentário ao seu post que me é dirigido - V. não percebeu rigorosamente nada do que eu escrevi. Posso-me por a dizer que "lamento" e etc. Mas ja não lamento, não lamento a vontade de não querer perceber, não querer entender, para usar as palavras dos outros como húmus do post próximo, do arrebitamento, da postura moral.

Entendo, entenda, entendo este seu post absolutamente ofensivo, a dar-me lições de moral absolutamente descabidas. E não lhe reconheço direito, autoridade para isso. Nem tampouco, ou ainda muito menos, oportunidade para isso - sobre este caso, após o que escrevi. Não concorda? Azar. Agora liçãozinha de moral explicando-me o que se passa?

Francamente, que enorme desfaçatez.

(já agora, só um iletrado pode dizer que eu alguma vez afirmei que o Forever Pemba foi ácido - ali ´comentei sobre comentários. É tão explícito que não o considerando a si um iletrado só lhe posso imputar má-vontade. A propósito de quê? A propósito de quÊ, raios?)

E sobre este assunto de merda não escrevo mais, que entre caganças bloguísticas e tralhas da Imp. Universitária venha o diabo e escolha. Que escreva o Rafael se tiver paciência para isso - eu passo.

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

1- O déficit fica por conta sua de não perceber que não cabe na lógica do tema, principalmente da minha colocação, esta necessidade de explicar os termos do seu contrato e a suas relações com colegas e hierarquias.
2- Imagino que fale do Rafael, a quem pessoalmente não conheço. Na verdade não conheço nenhum dos envolvidos. Só chego a esta conclusão porque fala em autor do livro e da capa, e como ainda só se sabe o autor da capa do livro deste...Ah! Sim, é verdade, é este o centro da questão, o plágio da capa de um livro! Mas vamos aos outros tópicos aqui colocados por si.
3- Sim, conheço o seu competente espaço e como sabe sou leitor freqüente do mesmo e lá li o seu post sobre esta questão, e juntando o mesmo e os seus comentários no ForEver Pemba é que me deram o tom, como deverá ter percebido, para aqui colocar a minha “crítica” ao seu posicionamento perante os factos. Inclusive posição que mantenho, mas que espero que fique mais claro, para pessoa tão letrada, que não se trata de nada pessoal. O ponto, afinal, no seu post, nos seus comentários, e até pelo o que em parte você aqui reforçou, é o ter percebido a sua preocupação em “desqualificar” a gravidade do problema que se deu dentro da editoria da UEM. Além do termo “acidez”, que entendo que você possa ter direcionado mais para os comentaristas do que para o blog ForEver, não muda em nada o que questiono na sua pose pacifista. Vindo de bloguistas ou de visitantes, a acidez acontece devido à demora do esclarecimento dos factos.
4- Não sei se a identificação dos responsáveis por um caso de plágio poder-se-ia denominar uma caça às bruxas. Eu definiria como uma postura responsável por parte da Editora e da UEM. Até porque nem mesmo precisaríamos ser muito “letrados” para nos apercebermos que essa resposta já está na mão da direção destes órgãos desde o momento que estourou o assunto na mesa dos mesmos. Por isso, JPT, a má onda, a parcimônia ou a falta dela, está toda com a Editora UEM e não com quem é crítico com a “arte” de plagiar. Sim, a nossa brasileira pode mesmo nem estar sintonizada com o que fizeram com a sua obra, pois realmente nada passou na CNN e na Globo, e possivelmente a Editora UEM também não teve a iniciativa de a informar, e vá que no fim acabará ela por ser informada, no susto, por terceiros, talvez por qualquer iletrado, o que ficaria ainda mais triste.
E pode ter a certeza que entendi sim o seu post, o que eu não concordei foi com o seu todo. Nem com ele nem com os seus comentários colocados no ForEver Pemba. E não procure raios, e nem fitas métricas com unidades bloguistas para que me tenham incentivado a escrever este post. Simplesmente não concordei com a postura “conformista”, mesmo considerando a sua situação de além de um contratado da UEM, um cooperante.
Não imaginava era que você reagisse dessa forma tão arrogante e sempre levantando as tais unidades de medida bloguistas sempre tão intrínsecas em você.
E é de facto uma pena você desvalorizar um problema como o plágio, reforçado pelo seu fechar de cortina: “ “E sobre este assunto de merda não escrevo mais,...”

jpt disse...

Retiro o que disse, sobre este assunto de merda (porque é uma merda o que se passou e o que se está a passar) volto a falar. Da sua arrogância surge-me isto: sou da casa, em regime especial, e critiquei a casa e seus funcinários sobre este acto, explicitando a minha opinião sobre o significado que a acção tem numa instituição de docência. V. pode arrogar-se à ironia de que não entende a importãncia do contexto da formulação da opinião - brinque, mas isso só o menoriza.

Dedica-me um post, ensinando-me da gravidade do assunto. REgisto a sua superioridade ética - não é nada pessoal, diz, mas num assunto que tem repercussões deontólógicas, acaba por me fazer associar a quem faz palhaçadas destas. Se leu o meu "competente espaço" (e comentou) percebeu decerto o que lá está - em suma, pode parecer um pequena coisa, um mero descuido ... mas não o é, é uma coisa grave, pelas implicações que tem no ambiente moral de uma universidade. Juntei, já repeti, repito de novo, que o caso não é um drama, algo tão grave que justifique que nos blogs se perca(m) a(s) cabeça(s) e se comecem a invectivar, indirecta, fluida ou explicitamente, pessoas que nada têm a ver com isto - na prática fez-se isso com o Serra, com a colega brasileira e, agora, surpreendentemente (ou não, porque isto nas teclas já vale tudo), até V. o fez comigo como se eu limpasse, desvalorizasse, menorizasse um acto destes. Nada justifica que se brinque com a dignidade pessoal e profissional das pessoas, mas em alguns momentos de extrema confusão isso pode surgir e ainda que sendo necessaário ressarcir os visados poderemos compreender que o dramático do contexto tenha prejudicado o discernimento geral. Este não é um caso destes, o que torna essas alfinetadas não só absolutamente injustificadas como mesmo totalmente injustificáveis.

Isto não tem nada a ver com algo que v. chama(e que não percebo) de "unidades bloguísticas", é pura e simplesmente um caso de imputação e de associação absolutamente inadmissível, sob o ponto de vista pessoal e profissional (até por isso lhe dei os contextos pessoais e profissionais da situação, que V. arrogantemente afirma secundários e despiciendos).

Quer usar este seu espaço público para dar lições de moral e de deontologia? Dê-as à vontade mas acho inadmissível que venha conspurcar, via retórica linkistica, o meu nome - sim, assim torna-se uma coisa pessoal.
Entenda, o que eu escrevi no meu blog, nos comentários do Forever Pemba e aqui, no comentário acima, é claro. Usá-lo de modo retorcido para fazer este seu post é inaceitável, é ofensivo. Já este seu comentário, uma resposta ao meu anterior comentário é, pura e simplesmente repugnante, uma retórica polemista em registo de desonestidade intelectual. Dou-lhe até munições para o seu ponto de vista: face a isto que aqui encontro antes um graficozito preguiçoso a copiar a capa do livro do mês passado para despachar o trabalho e seguir para a sua vidinha.

Nem cumprimentos ficam.

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

JPT,

Sinto que este tema, que acabou por se tornar um debate, que até podia ter ficado em palavras menos ásperas, está o deixando mais chateado do que eu poderia imaginar. O se sentir questionado parece que não é o papel que lhe cai melhor. Não brinquei com a sua situação de contratado e suas relações internas, e por conseqüência as suas limitações de críticas ou solicitações de atitudes mais claras sobre a instituição UEM. Desqualifiquei foi essa situação em relação ao seu posicionamento de desqualificar a gravidade do assunto. Uma coisa é não poder dizer tudo o que se gostaria, outra é colocar panos quentes.
Não lhe dediquei um post ensinando nada. Questionei uma postura sua em relação a um assunto específico, e por isso o link, artifício comum entre nós que nos armamos em bloguistas. Inclusive muito usado no Ma-Schamba.
Sobre estarem a invectivar pessoas que nada terão a haver com o problema, falo por mim; o meu primeiro comentário sobre o assunto já alertava sobre a possibilidade de não serem os autores do livro em questão os responsáveis pelo plágio, já que nem sempre são os mesmo os responsáveis pela capa (ver no post do ForEver Pemba), mas com toda a certeza, como agora, não deixei de deixar o meu lamento sobre o grande prejuízo moral e ético que este tipo de atitude traz. E aqui está a nossa diferença, JPT. Você até acha que sim, que é um problema, e eu acho que sim, que é um problema que devem sim vir a público os responsáveis por ele, já que só dessa forma não haverá possibilidades de vitimas inocentes e de não se alimentar o tal do se “deixa andar”. E veja bem, não estou aqui a desfilar uma lição de moral. Estou aqui a reforçar a minha opinião sobre o tema.
Sobre esta sua colocação: “Isto não tem nada a ver com algo que v. chama(e que não percebo) de "unidades bloguísticas",...” Me parece que voce se confundiu. Não fui eu que falei sobre tal "conceito".
Sobre cumprimentos, parece que já não tinham ficado antes, o que é uma pena. E digo-lhe isso de coração.

Anônimo disse...

Já no ForEverPemba tive o ensejo de manifestar a minha solidariedade ao Prof. Rafael da Conceição.
Fi-lo porque não me reconhecendo qualquer estatuto de douto em arte, não ficam dúvidas de que a capa do segundo livro tem motivos gráficos copiados da daquele autor.
E este plágio, cuja autoria ainda não conheço, não pode ser banalizado.
Não é a vulgarizada cópia dum boneco virtual, tão do agrado de muitos internautas. É algo sério, doloroso para quem cria, ao sentir-se espoliado do fruto da sua inspiração, logo condenável.
No mínimo, urge um público pedido de desculpas, que não resolve em absoluto, mas recupera alguma honra.

F. J. Branquinho de Almeida

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Preciso aqui fazer uma correção quando aqui disse, por falta de atenção minha, que não fora eu que havia dito ao JPT algo:

Disse o JPT - Sobre esta sua colocação: “Isto não tem nada a ver com algo que v. chama(e que não percebo) de "unidades bloguísticas",...”
Respondi eu: Me parece que voce se confundiu. Não fui eu que falei sobre tal "conceito".

É claro que falei. Fiz um comentário sobre a sua viagem em relação às possibilidades que me poderiam ter feito escrever algo questionando a sua posição - para o JPT tentando dar uma lição de moral - sobre o tema, como se o post navegasse apenas pela má-vontade, por ser ofensivo, por não o ter entendido, qualquer unidade de medida pré-estabelecida por um organizador de concursos (leve a a alfinetada no bom humor)sem simplesmente olhar pelo lado de alguém que não concordou com o seu posicionamento.
Foi mesmo só uma correção identificada após a sesta.
Sem mais.

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Branquinho,
Simples e direta a sua interpretação. E com toda a certeza a atitude minima que se pode esperar da administração da Editora é o que voce coloca.
È bom saber que por aqui passa.
Um abraço.

Anônimo disse...

Nos últimos dias tenho sido solicitado para intervir num debate em curso há cerca de duas semanas sobre capas de livros. Em matéria de factos: A Imprensa Universitária publicou em Setembro de 2007 um livro meu com o título “Lied para Yonnis-Fred e Maëlle (Paternidade, morte e quotidiano, construções no mar em terra e no ar...)”. Em Novembro deste mesmo ano foi publicado um livro da autoria da Professora Marilda da Silva com o título “Docência e Investigação. A dor e a delícia de ser o que é”. As capas dos dois livros são idênticas. Uns dizem que elas possuem alguns elementos comuns, outros que são similares, outros ainda que são iguais. Na verdade trata-se da mesma capa. O que é inabitual em termos de edição. Estamos por isso perante um caso de plágio. Não se trata de apenas uma “copiazita”, não se trata também de “caça às bruxas”. Na realidade estamos diante de um facto dramático, trágico, vergonhoso, triste, mesmo se há sempre dramas maiores do que outros. Neste caso ninguém matou ninguém. Mas matou-se a capa do meu livro. Trata-se de encontrar os verdadeiros culpados desta situação. Sinto-me realmente muito triste porque enquanto professor não gostaria que os meus estudantes fizessem plágio, até nem mesmo copiazitas. Este facto coloca-nos mais uma vez diante da questão ética da responsabilidade do intelectual. Eu disse que os factos são claros, por isso a minha editora, a Imprensa Universitária, deve vir a público explicar o que se passou e corrigir a situação, isto é, fazer o necessário para que a capa do segundo livro seja alterada. Porque de outra maneira, a ter que encontrar responsáveis acabaríamos por concluir que o responsável sou eu Rafael da Conceição, uma vez que não há outros. É uma questão de dignidade. Mesmo sabendo que definitivamente a Imprensa Universitária não foi a editora do segundo livro. Entre inatenções, esquecimentos, entre tentativas de banalizar, menorizar, desvalorizar, relativizar, minimizar e conformar-se com as “nossas insuficiências” e por outro lado pensar nas trágicas consequências deste plágio, naturalmente que eu me situo nesta última posição. Porque o livro é meu. Imaginemos então que o segundo livro tivesse sido o primeiro a ser lançado. O que seria de mim? E agora falemos sobre livros. Sim, há livros bons e livros maus, livros que têm por destino prateleiras e livros que vão para o caixote de lixo. Tive um velho professor já falecido na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais que me dizia que também se aprende com os maus livros. Nas minhas estantes tenho-os muitos. Agradeço a todos aqueles que nos chamaram a atenção para a gravidade deste plágio de capas e em especial à pessoa que descobriu em primeiro lugar o plágio em questão. Definitivamente e para terminar: Acho que só poderemos “fumar”, “beber”, comer, cantar, dançar, pular quando a capa do segundo livro for alterada. E eu espero por esse momento.

Rafael da Conceição

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Quando conseguir ter a confirmação, ou não, da autoria deste último comentário em nome de Rafael Conceição, tecerei então a minha visão sobre o mesmo.

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Prezado Rafael Conceição,

Não sei se dizer que fico contente é exactamente o sentimento correcto para o momento, mas quero desde já agradecer que tenha usado também o Lanterna Acesa para deixar clara a sua posição sobre o episódio.
Quero também deixar este cantinho disponível para que aqui seja levantado, questionado e cobrado um posicionamento dos responsáveis da editora, pela sua própria voz (letras) no momento que achar oportuno.
Ainda tenho que dizer, embora acredito que nem houvesse necessidade pelo o que disse até então, que concordo 101% com o que aqui colocou.
Os meus cordiais cumprimentos

Anônimo disse...

Faz tempo que devo as minhas desculpas e uma correção. A Andrea Paes não é a autora da capa do livro plagiado e sim o professor e autor do livro, Rafael da Conceição.

Aproveito também para acrescentar que gostei da forma, clara e contundente que ele deixou aqui e no ForEver o seu depoimento.

Antonio Maria G.Lemos