O poema
que não me habita
salta arisco
sobre o abismo
do meu nome
e mora
exato
no livro ao lado
(aquele, que não escrevi).
Foge de mim
como o diabo
da cruz.
Ri da minha insônia.
O poema
que não me habita
me alimenta
da sua ausência.
É o pão que deus amassou.
Bate na minha porta
e foge
inominável.
Não trepa.
Não goza comigo.
Não é meu amigo.
O poema
que não me habita
não deixa que um anjo
o anuncie
mas freqüenta
o espelho do banheiro.
É belo
e puro
e inacessível
como uma coluna grega
mas me tenta
há quarenta dias
nesse deserto.
E chega tão perto
que posso ouvir
sua respiração.
Chega tão perto
que quase o pego
roubo
digo que é meu.
Chega
tão perto
que quase finjo
que mora comigo.
O poema que não me habita
é o diabo
no corpo
de outro
que não sou eu.
Micheliny Verunschk
3 comentários:
ôpa, Zé Paulo! Fiquei honrada!
Obrigada!
Abs!!!
Michelny,
A honra é minha de receber a sua visita.
Hoje deixo-lhe beijinhos, em lugar dos abraços.
ZP
Amei conhecer vc ontem no programa Entre Linhas da TV Cultura , santa ignorância a minha , em que planeta eu habitava ? Parabéns pela sua maravilhosa obra. Abraços Poéticos.
André Bianc
PS: Se vc tiver estômago e "saco" , entre no meu blog de poesias de minha autoria. Pode jogar pedra , afinal eu tb sou o filho da Geni.
www.andrebiancpoeta.blogspot.com
Postar um comentário