terça-feira, 4 de setembro de 2007

Não ao fundamentalismo islâmico, sim à verdadeira espiritualidade de Maomé.




Crónica de António M. G. Lemos


2ª. Parte



O bom senso não é só a base do islamismo como também, do convívio e tolerância entre pessoas, culturas e crenças diferentes, em que a Fé representa mais do que crer em algo ou alguém, e sim uma forma pura e superior de Amar. Tal como em todas formas de Amor, baseia-se no dar sem pensar em receber em troco. Mesmo que contenham os seus rituais e regras, jamais devem ser impostas e sim, vividas espiritualmente, de dentro para fora, como uma manifestação de crença e Amor pessoal .
Amar e crer não se obriga, é um sentimento, é uma certeza que dispensa explicações e imposições exteriores ao seu EU, criação de Deus. Na verdade, a obrigatoriedade do exercício de rituais e regras de acordo com os Dogmas fundamentalistas de várias religiões, vai despoticamente contra o respeito mútuo, liberdade de decisão e tolerância, pregados por vários Profetas, inclusive Maomé

A verdade é que as horrendas práticas efetuadas contra o direito da Mulher acima mencionadas, tem origem centenas de anos antes do Profeta nascer e mais tarde as criticar. Eram leis dos poderes patriarcais reinantes na época antecedente ao islamismo, que sempre temeram as conseqüências que poderiam advir do prazer sexual feminino ou do poder que a Mulher pudesse vir a ganhar na sociedade.
O patriarcalismo ao contrário da interpretação manipulada dos fundamentalistas, não é parte da religião islâmica, e sim uma forma político-social que sempre existiu e existe até hoje em várias sociedades retrógradas, independentemente das religiões que as controlem.

O nascimento do Islamismo não representou o fim do patriarcalismo, as sociedades posteriores simplesmente passaram a usar o Islã como instrumento de crédito e respaldo para as suas atitudes e julgamentos, que não tinham nenhum fundo espiritual e sim, puramente pessoal, político e ...patriarcal.
Infelizmente o que é mais triste para História do Islão e da Humanidade como um todo, é que 1385 anos depois do Profeta ter lutado pela igualdade e direitos da mulher, tolerância e respeito para com todas as criaturas de Deus, não se tenha conseguido acabar com estas práticas medievais até hoje.

Os Hadith, no seu conjunto chamados de Suna, são os ditados que os seguidores mais próximos de Maomé - dos quais a esposa mais nova do Profeta, Aisha, também fazia parte - escreveram depois da sua morte. Os Hadith originais estão baseados na conduta e ação do Profeta e passaram a ser os parâmetros para a vida diária de todos os convertidos da então jovem religião. (622 AC)
Infelizmente, de acordo com alguns historiadores islâmicos do passado e atuais, os verdadeiros Hadith do Profeta não passariam dos 7300, sendo os restantes todos forjados por gerações posteriores, e atualmente manipulados (do Oriente a África) de acordo com a corrente e interesses do poder político local.
Por isso se faz urgente, mesmo contra o desejo do fundamentalismo ortodoxo,entre outras medidas, se traduzir de forma séria e neutra o Alcorão do árabe para o maior numero de idiomas possíveis, tal como foi feito com outros livros sagrados, e fazer a espiritualidade e luta do Profeta ser acessível e interpretada por um maior número de pessoas possíveis. Crentes ou não. Afinal não só no mundo árabe se encontrará essas "minas" de extremismo religioso prontas a serem manipuladas e a explodir. Mesmo na Europa e outros continentes, onde nos bairros periféricos o Sistema Estatal fracassou há anos atrás com os programas social ou de integração para estrangeiros, criaram-se novas sociedades paralelas, que se sentem excluídas do restante da sociedade, e sem chances de futuro. Vivem sob outras leis e valores impostas por "Imanes" locais, ou políticos interessados no caos e poder feudal.

Um comentário:

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Como já conheço o texto na integra, é até covardia dizer o que acho da crónica do António Maria...mas eu gostava de ter escrito isto!