sexta-feira, 2 de maio de 2008

Liberdade de Imprensa - II


Série - Quando foi fundada a Frelimo?
Blog “Sem Técnica”, em 22/03/2005

O jornalista Gouvêa Lemos era cobrado pelos amigos, principalmente pelo José Craveirinha e o Eugénio Lisboa, que escrevesse a sério a sua poesia. Ele dizia que não tinha competência para tal, mas em um "tropeço" se contradiz no poema abaixo. Será que GL já percebia o colonialismo? Claro que sim, ele e muito mais gente. Outros nem tanto e outros tantos até viam e achavam que estava tudo muito certo.


Canção de Angónia

Visto a camisa lavada
e vou para
o contrato.
Quem de nós,
quem de nós irá voltar?
Vinte e quatro
luas,
sem ver as mulheres,
sem ver a minha terra,
sem ver o meu boi.
Quem de nós,
Quem de nós irá morrer?
Visto a camisa lavada
e vou
para o contrato,
trabalhar lá longe.
Vou para além da montanha,
para
lá do mato,
onde some o rio.
Quem de nós,
Quem de nós irá voltar?
Quem de nós,
Quem de nós irá morrer?
Veste a camisa lavada,
é
hora de ir ao contrato.
Entra, irmão, no vagão,
vamos andar noite e dia.
Quem de nós.
Quem de nós irá voltar?
Quem de nós,
quem de nós
irá morrer?
Quem de nós,
Quem de nós irá voltar
e ver as mulheres,
e ver nossas terras
e ver nossos bois?
Quem de nós irá morrer?
Quem de nós?
Quem de nós?

Gouvêa Lemos

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