No Espumadamente, um blog que gosto de visitar regularmente, também surgiu o tema do acordo ortográfico. Entre outros comentadores, deixei o meu ponto de vista, assim que com meias palavras. O "Espumadamente" acabou por me questionar parte do que disse, dizendo-me que talvez não me tivesse entendido. Acabei por lá colocar algo mais extenso na tentativa de ser mais claro, o que aproveito para reproduzir aqui.
Assim, também aqui no Lanterna deixo o meu ponto de vista sobre acordos linguísticos...claro que os que envolvem a nossoa língua pátria.
Abaixo, o comentário deixado no Espumadamente, agora com pequenas correções, mas sem alterar a mensagem.
Como introdução ao que vou tentar esclarecer ao “Espumadamente”, começo pelo o que dizem ser uma colocação de Fernando Pessoa: “A minha Pátria é a minha língua.”
Em vários lugares que se debate, ou se debatem algumas pessoas, sobre este tema, coloco sempre esta questão do se falar hoje mais o português além fronteiras portuguesas do que em próprio Portugal no foco da importância que a língua tem para o mundo. Não entro aqui na questão como ela foi difundida. A história nos conta. Neste tema o importante é que a mesma acabou por se sedimentar por várias regiões geográficas e não mais pertence só à ponta da Península Ibérica, mas haverá que haver orgulho por lá ter surgido, reconhecidamente pelos mais estudiosos, uma das línguas mais completas.
Sendo assim, a evolução da mesma, que historicamente não haverá como se fugir, não deverá afastar-se de acordos, acordos esses que não deverão só fazer parte Portugal e Brasil, e sim também todos os outros países onde a língua oficial seja a portuguesa.
Afinal, o acordo não trata de sotaques, de termos ou gírias locais, e sim de questões ortográficas que não vejo como não andarmos, países lusófonos de mãos e canetas juntas, ou melhor dizendo, de “cabeças” a trabalhar em conjunto.
Sinto, como português, nascido em Moçambique e residente no Brasil há 33 anos, que a grande maioria que está contra o acordo ortográfico (que acordo, qual deles?) nem mesmo conhece os detalhes do mesmo, e que antes de estar contra a evolução deveria estar mais preocupada, essa gente, em saber como estão tratando tal acordo, como está ele levando em conta as tais regras de exceção. Levanto um, como o”c” no “facto” em Portugal, que diferencia do “fato”, que no Brasil é “terno”. Vai-se deixar como outras línguas, e até já no português em alguns casos, na interpretação coloquial? (Como algo interessante, a palavra "factível", no Brasil como em Portugal, continua se escrevendo com o “c” antes do “t”, pois neste caso não está ali só ocupando espaço.)
Sobre o que alguém aqui já questionou se somos ou não somos democráticos, espero bem que sim, pois acredito na democracia como a busca do consenso sem necessariamente concordarmos com tudo e com todos, mas não acredito na democracia, muito menos em questões como este tema, como cada um faça como bem entender.
Sobre o exmplo dos ingleses e americanos, torço para que consigamos sermos melhores que eles. :)
Espumadamente, espero que tenha deixado a minha posição mais clara.
Abraço a si e a todos que aqui participaram até agora.
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4 comentários:
Sobre este assunto gostaria de ter uma visita sua à minha crónica no Portugal em Linha (http://www.portugal-linha.pt/index.php/20080313682/Fundo-Pripag/Lusofonia/menu-id-94.html) ou na minha página pessoal.
Cumprimentos
Eugénio Almeida
Prezado Eugénio,
Visito a sua página (Pululu)regularmente, e já havia lido a crónica em questão, através dela acabei indo e me registrando e até deixando comentário no seu fórum sobre Lusofonia do Site Portugal em Linha.
Fiquei honrado com a sua visita.
Os meus cumprimentos.
Zé Paulo
Zê Pê, nem que seja por respeito ao meu Professor Maior, Lindley Cintra, que, há dezoito anos, defendeu o acordo, não darei qualquer opinião "à pressão" e sob a pressão dos dias que correm. Quando leio documentos antigos rendo-me à evidência da dinâmica da língua, por muito que pense que vá ser difícl, para mim, escrever sem erros. Mas a questão do acordo, parece-me, é uma questão de futuro e não de passado. mil beijinhos
Madalena,
Que bom te ter neste tema.
Também creio que seja este um acordo de futuro, que por mais que este já comece amanhã, deva o acordo ser avaliado com critério e por todas as nações envolvidas.
O que me deixa preocupado é que a maioria mortal, que devia alimentar o debate sobre o mesmo, me parece estar envolvida por sentimentos que nada têm a haver com o tal acordo e estão agregando ao tal acordo ORTOGRÁFICO questões de expressões e gírias de cada país, esquecendo-se mesmo que dentro dos próprios países existem diferentes expressões e gírias regionais, e que assim deve continuar acontecendo, por questões culturais, e que até então não vi no acordo ORTOGRÁFICO tratar-se ou restringir-se tal questão.
Beijinhos retribuídos.
Zê Pê
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